28.4.07

| chauí

| “Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes."

| filósofa e professora da Faculdade de Letras e Ciências Humanas da USP, FFLCH, Marilena Chauí é reconhecida, não só pela sua produção acadêmica, mas pela participação efetiva no contexto do pensamento e da política brasileira.

| + | perfil de Marilena Chauí no portal da FFLCH - USP
| + | seu verbete na wikipedia (em português)
| + | matéria publicada no sítio do Observatório da Imprensa à época do "mensalão", sobre o polemizado suposto silêncio adotado por Marilena Chauú, importante nome na construção do Partido dos Trabalhadores, publicando inclusive, integralmente o conteúdo da carta que destinou a seus alunos tratando das críticas que então recebia dos meios de comunicação

| fonte da citação| artigo publicado no sítio do CDCC - USP (Centro de Divulgação Científica e Cultural)

26.4.07

| o que é cultura???

| na disciplina de 'comunicação e cultura', especialmente através de Marilena Chauí, analisamos a origem da palavra cultura, refletimos sobre a visão de cultura e civilização em Rousseau e Voltaire, a contribuição de Gramsci em toda essa discussão...
| mas uma pergunta coube aos alunos responder: O que é cultura no senso comum?
| liçãozinha de casa: Buscar essa resposta.
| abaixo seguem algumas das respostas encontradas pelos alunos em entrevistas feitas em diferentes meios, e com pessoas de diferentes perfis sócio-econômicos e educacionais.

| estudante, 11 anos
| "Cultura é o cinema, as músicas, as novelas, o funk... É saber dançar, se divertir... Onde está a cultura? Está em todo lugar, até num carro de funk na rua."

| assistente social, 41 anos
| "Cultura é o conjunto de fatores sociais e históricos."

| técnica de instrumentação, 19 anos
| "Está na dança, na língua, nos costumes que um povo tem... Cultura todo mundo tem e é diferente de ser culto - pessoa que sabe de cada coisa."

| economista, 43 anos
| "Tradição, costimes e conhecimento."

| empregada doméstica, 48 anos
| "É inteligência, educação, honestidade... Acho que é tudo isso."

| historiadora, 21 anos
| "Todos valores e práticas desenvolvidas em cada sociedade ao longo do temo. A cultura é desenvolvida pelos seres humanos, por isso os animais não a tem. É a expressão dos sentimentos."

| estudante do ensino médio
| "Cultura é o preto."

| militar, 29 anos
| "Tudo que envolve hábitos, religião, costumes que passa de geração em geração. Depende da família, dos pais, da sociedade."

| estudante, 13 anos
| "É aquilo que eu conheço e me faz pensar."

| estudante de história
| "Manifestações comportamentais e ideológicas de um determinado grupo social."

| professor de inglês, 37 anos
| "Está em todo lugar, é manifestação popular e expressão da realidade. É experiência de vida. A cultura muda de acordo com a percepção de cada povo."

| estudante, 17 anos
| "Ter cultura é ter um conhecimento expandido."

| cobrador (trocador), 32 anos
| "Cultura é a música, tipos de comida, carnaval. São os costumes do povo."

| advogado, 49 anos
| "Cultura é um produto das relações humanas e esse produto se deve às diferenças entre as pessoas. Além da necessidade de interdependência porque o homem é um ser social por natureza."

| assistente de lar, 40 anos
| "A cultura de Cachoeiras de Macacu é a plantação de bananas."

| estudante de administração
| "Traços, tradições, mitos, artefatos de um povo."

| trabalhador rural, 52 anos
| "É a minha Folia de Reis se apresentando nas casas no período do Natal. Todo mundo arrumado, com seus instrumentos e muita devoção. Também é o palhaço com seus versos, com seu atiço."

| estudante de arquitetura
| "Identidade de um povo."

| dona de casa, 45 anos
| "Conhecimento, o que é muito importante para todos. Todos têm cultura mas poucos são cultos."

| zelador, 55 anos
"É tudo o que o homem cria para expressar o seu sentimento, a sua dor, a sua alegria..."

22.4.07

| hobbes, thomas

| em meio as apresentações e reflexões sobre o processo histórico das contruções dos conceitos de "cultura" e civilização" bem como de suas interelações e disputas (disciplina de 'comunicação e cultura'), teorias de Hobbes e Rousseau, dois velhos conhecidos, mostram-se fundamentais.

| abaixo trazemos um trecho inicial do artigo "O empirismo - Hobbes" publicado no sítio "O mundos dos Filósofos", orquestado por um grupo acadêmico de estudos filosóficos, para que possamos apreender ainda mais deste importantíssimo nome do pensamento ocidental.

| "Tomás Hobbes nasceu em Westport, em 1588. Filho de clérigo, Hobbes, em 1608, sai da Universidade de Oxford e se torna preceptor do filho de Lord Cavendish. Durante toda sua vida, ele será o amigo devotado dos Stuarts. Antes mesmo da revolução de 1648, que vai suprimir o poder real, ele foge da Inglaterra, onde se sente ameaçado por causa de suas convicções monarquistas. Viajará por diversos países da Europa, notadamente pela Itália (encontrará Galileu em Florença) e sobretudo pela França (encontrará o padre Mersenne em Paris). Retornará à Inglaterra por ocasião da restauração de Carlos II em 1660.

| Em 1642, ele publica em Paris o De Cive e, em 1651, faz publicar em Londres o Leviatã ou matéria, forma e autoridade de uma comunidade eclesiástica e civil. O Leviatã será traduzido para o latim em 1688, em Amsterdam, mas nunca foi integralmente traduzido para o francês.

| Hobbes é um empirista inglês e nele encontramos os temas fundamentais que serão sempre os da escola. A origem de todo conhecimento é a sensação, princípio original do conhecimento dos próprios princípios: a imaginação é um agrupamento inédito de fragmentos de sensação e a memória nada mais é do que o reflexo de antigas sensações.

| Todavia, Hobbes crê na possibilidade de uma lógica pura, de um raciocínio demonstrativo muito rigoroso. Ao lado de uma indução empírica aproximativa, que da experiência passada conclui, sem prova decisiva, o que se passará amanhã (e que não tem outro fundamento além da associação de idéias, the trayan of imagination), Hobbes admite a existência de uma lógica pura, perfeitamente racional. Mas a essa lógica só concernem símbolos, palavras (Hobbes é nominalista). Se definirmos rigorosamente as palavras e as regras do emprego dos signos, podemos chegar a conclusões rigorosas, isto é, idênticas aos princípios de que partimos. Mas trata-se de um jogo do pensamento, estranho às realidades concretas".

| (...) click e acesse esse artigo na íntegra (recomendado)


| + |verbete de hobbes na wikipedia (em potuguês)
| + |verbete de seu livro 'leviatã' na wikipedia (em português)

| rousseau, jean-jacques

| Na história das idéias, o nome do suíço Jean-Jacques Rousseau, 1712 - 1778, inevitavelmente se liga à Revolução Francesa. Dos três lemas dos revolucionários - liberdade, igualdade e fraternidade -, apenas o último não foi objeto de exame profundo na obra do filósofo, e os mais apaixonados líderes da revolta contra o regime monárquico francês, como Robespierre, o admiravam com devoção. O princípio fundamental de toda a obra de Rousseau, pelo qual ela é definida até os dias atuais, é que o homem é bom por natureza, mas está submetido à influência corruptora da sociedade. Um dos sintomas das falhas da civilização em atingir o bem comum, segundo o pensador, é a desigualdade, que pode ser de dois tipos: a que se deve às características individuais de cada ser humano e aquela causada por circunstâncias sociais. Entre essas causa, Rousseau inclui desde o surgimento do ciúme nas relações amorosas até a institucionalização da propriedade privada como pilar do funcionamento econômico."

| (...) click e acesse a versão integral deste artigo (recomendado)

| excerto de "Jean-Jacques Rousseau - O filósofo da liberdade como valor supremo", publicado pela 'Nova Escola On Line' - edição 174



20.4.07

| o país da não inscrição

| Fernanda Alves, aluna do curso de 'produção cultural' e nossa colega em 'estudos culturais', nos enviou uma ótima sugestão para nosso blog. Sua colaboração aponta para um artigo de Alexandre Barbalho, professor de História do Mestrado de Políticas Públicas e Sociedade da Universidade Estadual do Ceará, sobre novo ensaio do filósofo moçambicano José Gil, "Portugal, Hoje: o Medo de Existir", acerca da não-inscrição de Portugal, publicado na RBSE - Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 6, n. 16, de abril de 2007. Este artigo bem como o ensaio que lhe serve de base, fazem relações com as temáticas da 'identidade nacional como construção' e da 'construção de identidades' no geral, ambas pertinentes e presentes em nossas reflexões na disciplina de Estudos Culturais.

| click e tenha acesso ao artigo completo em formato pdf.

| abaixo, segue um trecho do artigo e ao lado, imagem da capa do ensaio de José Gil ao qual este artigo se refere.

| "Se inscrever é agir, afirmar, decidir; é correr perigo, conquistar autonomia e sentido das coisas; é produzir real e desejo. A inscrição é o Acontecimento que ganha o estatuto de experiência decisiva, formadora. Mas que implica, por isso, em confrontos, sofrimentos, divergências, perdas e danos – ou seja, em assumir a dimensão trágica da vida.
| Na avaliação de José Gil nada disso se passa entre os portugueses (salvas as exceções). E não é de agora, digo, dos tempos do salazarismo para cá. Vem de muito antes, de pequenos traumas não inscritos que se perderam no tempo e resultaram em um “trauma inicial” e no nevoeiro inconsciente que se instaura nas consciências – assim nenhum conflito rebenta, ninguém grita, tudo se torna impune com o tempo, mesmo o imediato, o presente. Se o Brasil é o país do futuro que nunca chega, Portugal vive do passado que jamais volta, mas que é a sua tentativa desesperada de se inscrever, de - dar consistência ao que tende incessantemente a desvanecer -".

| yes, nós temos palavras!

| Laís Neves, aluna de 'comunicação e cultura', enviou para nosso blog um texto bem interessante. Com enfoque na linguagem, aborda a questão das trocas, apropriações e adaptações culturais através das palavras.
| Infelizmente não possuímos as referências bibliográficas deste texto, mas por configurar tão interessante colaboração, resolvemos postá-lo. Desculpamo-nos a quem de direito e nos colocamos à disposição para receber essas informações e assim também postá-las.

17.4.07

| para ler raymond willians

| Marcelo Ridenti, professor de sociologia da UNICAMP, ao resenhar o livro "Para ler Raymond Williams", de Maria Elisa Cevasco, professora de Estudos Culturais e Literaturas em Língua Inglesa na USP, destaca alguns pontos fundamentais da visão de Williams sobre cultura. Aqui, segue um excerto selecionado por Marildo desta resenha.

| "Diante das mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais por que passa o mundo de hoje - e especialmente para enfrentar as dificuldades colocadas para aqueles que se propõem a compreender a realidade para transformá-la - é imperativo (re)visitar certos autores, como Raymond Williams. Por isso, é muito oportuno o livro de Maria Elisa Cevasco, que oferece ao leitor uma interpretação consistente do conjunto da obra do grande pensador britânico da cultura, tentando "resgatar a possibilidade de uma posição crítica efetivamente empenhada" (p.20).
| Como bem expõe a autora, Williams toma a cultura como "experiência ordinária" de todos, produto e produção de um modo de vida determinado, que envolve um "modo de luta". A cultura não se restringiria às obras de arte, ela também resultantes de uma cultura ordinária. Nessa medida, a crítica da cultura seria "um modo de compreender e aferir a organização da vida em um determinado momento histórico" (p.50).
| O artista compartilharia com todos "o que se chama de imaginação criativa: ou seja, a capacidade de encontrar e organizar novas descrições da experiência,
e transmiti-las". Tomar a criatividade como ordinária equivaleria "a ver a arte como uma especificação de um processo geral de descoberta, criação e comunicação,
redefinindo seu estatuto e encontrando a maneira de ligá-la à vida social" (p.53).
| Em síntese, "o materialismo cultural de Williams se abstém de reconhecer um estatuto especial para as obras literárias: a questão é examinar as relações entre as condições materiais de produção e de recepção das obras sem colocar nenhuma condição que as coloque à parte, em um domínio separado da vida social, mesmo que for para elevá-la como promessa de liberação humana" (p.179).
| No texto aparecem também as relações do pensamento de Williams com outros marxistas, como Gramsci, Lukács, Goldmann, Brecht, Althusser, os autores da Escola de Frankfurt e também do chamado marxismo britânico. Williams sempre pensando a cultura como indissociavelmente imbricada à política e à economia, numa totalidade contraditória, o que envolve questionar certas simplificações da metáfora da base e da superestrutura, e correspondente idéia simplificadora da cultura como reflexo de uma base socioeconômica. Assim, ele fala num materialismo cultural para pensar a
unidade qualitativa do político, do econômico e do cultural no mundo contemporâneo.
| A postura de Williams no debate no interior do marxismo - concorde-se ou não com suas idéias e conceitos específicos - parte de um pressuposto geral que deveria ser comum a todos os que se reivindicam herdeiros de Marx, ou seja, a recusa da velha querela "isto é marxismo, aquilo não é": nas palavras de Williams, "não sendo membros de uma igreja, não devemos nos preocupar com heresias" (p.136). De Gramsci, especialmente, Williams retoma e amplia o conceito de hegemonia, indissociável da idéia de determinação, retomada de Marx, que envolveria um "processo de exercer pressões e colocar limites" (p.148). Sua "ênfase no vivido, na experiência" (p.154) por certo não o torna palatável a muitos autores, como os marxistas da escola
althusseriana, com quem manteve um diálogo crítico, explícito ou não em suas obras.
| No capítulo final e mais longo do livro (p.181-277), a autora mostra como Williams trabalhou na prática com o materialismo cultural, ou seja, como ele interpretou a produção cultural, em que buscava a unidade qualitativa do processo social: 1. suas análises literárias de romances ingleses; 2. estudos sobre a televisão, de que é um pioneiro no âmbito do marxismo - a televisão abordada como "o dispositivo mais adequado ao modo específico de organização social sob o capitalismo tardio" (p.230), mas também promessa potencial de "prover acesso universal à comunicaçào e à cultura" (p.224); 3. pesquisas sociológicas sobre "formações" intelectuais específicas - o grupo de Bloomsbury, portador de uma "revolta juvenil e modernizante", fundamental
para o modernismo na Inglaterra, grupo visto por Williams como "uma mudança no
interior da classe dominante"(p.252); 4. os livros propositivos de Williams, "The long revolution" (1961) e "Towards 2000" (1983), nos quais o autor elabora uma forma de analisar que "contribua para uma mudança real" (p.258)."



| construção de um paradigma

| Ana Carolina Gram, aluna de 'comunicação e cultura', nos enviou um desses textos ficcionais de narração fabulosa que rolam pelos e-mails da vida, porém, um texto que, sendo bastante leve, suscita reflexões sobre construções de paradigmas culturais.


| Um grupo de cientistas colocou 5 macacos numa jaula, em cujo centro pôs uma escada e sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os centistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão.
| Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o enchiam de pancada. Passado mais algum tempo, mais nenhum macaco subia a escada, apesar da tentação das bananas.
| Então os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que lhe bateram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada.
| Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.
| Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam a bater naquele que tentasse chegar às bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles por que batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..."

11.4.07

| cronicamente inviável

| 'cronicamente inviável', filme de sérgio bianchi, será exibido amanhã na aula de 'estudos culturais'
| este filme de linguagem fortemente documental e de aguçada visão sobre a desigualdade social brasileira e, conseqüentemente crítico, fomentará reflexões e associações com nossos conteúdos
| alunos de 'comunicação e cultura' também estão convidados
| 18h, iacs, sala c 308



| trecho do filme disponibilizado no youtube


1.4.07

| um pouco de Lévi-Strauss

| Claude Lévi-Strauss nasceu em Bruxelas à 28 de novembro de 1908. Iniciou seus estudos em Direito e Filosofia na Sorbonne (Paris). Não completou os estudos em Direito, conseguindo a licenciatura em Filosofia no ano de 1931. Após alguns anos de professorado em escolas secundárias, aceitou o convite para integrar uma missão cultural ao Brasil.
| Lévi-Strauss integrou essa missão junto a outros professores, sobretudo franceses. A influência dessa comitiva, que chegou a pedido do governo Getúlio Vargas na década de 1930, é até hoje marcante na cultura intelectual da Universidade de São Paulo.
| No Brasil, lecionou de 1934 até 1938. Neste período, o então jovem professor convidado, realizou a primeira de suas poucas visitas a campo e a abordagem estruturalista que proporia alguns anos depois justificaria esse distanciamento do objeto pelo antropólogo.
| Durante este período Lévi-Strauss conduziu seu primeiro trabalho etnográfico[1] de campo, realizando pesquisas no Mato Grosso do Sul e na Floresta Amazônica. Esta experiência consolidou a identidade profissional de Lévi-Strauss como antropólogo. Sobre a forma como se decidiu pela vinda ao Brasil, conta que estava em seu apartamento em Paris, tendo terminado o mestrado, quando um amigo o contatou e disse da possibilidade de ir para São Paulo, onde estava sendo formada a Universidade de São Paulo. "Os arredores estão cheios de índios, e você vai poder continuar suas pesquisas", disse o amigo.
| Retornou à França em 1939 para tomar parte no esforço de guerra; após a capitulação francesa perante a Alemanha, Lévi-Strauss, judeu, viajou para Nova Iorque. Como muitos outros intelectuais emigrados, lecionou na New School for Social Research. Fundou, ao lado de Jacques Maritain, Henri Focillon e Roman Jakobson, a École Libre des Hautes Études, uma espécie de universidade-no-exílio de acadêmicos franceses.
Os anos da Guerra vividos em Nova Iorque influiram na formação de Lévi-Strauss em varíos sentidos. Suas relações com Jakobson ajudaram-no a formalizar sua perspectiva teórica (ambos são considerados pensadores centrais do estruturalismo). Além disso, Lévi-Strauss foi exposto à Antropologia estadunidense desenvolvida por Franz Boas, que ensinava na Universidade de Columbia. Após um período como adido cultural na embaixada francesa de Washington, Lévi-Strauss retornou a Paris em 1948. Foi então que recebeu seu grau de Doutor pela Sorbonne, ao apresentar(dentro da tradição francesa) duas teses, uma 'maior' e outra 'menor'. Elas foram Família e vida social entre os Nambikwara e As estruturas elementares do parentesco.
| As estruturas elementares do parentesco foi publicado no ano seguinte e, instantâneamente, consagrou-se como um dos mais importantes estudos de família já publicados. O título faz uma brincadeira com o título do livro de Émile Durkheim, As formas elementares de vida religiosa. Examina-se nesta obra a organização familial a partir da estrutura lógica das relações de parentesco, ao invés de seu conteúdo. Enquanto antropólogos ingleses como Alfred Reginald Radcliffe-Brown argumentavam que o parentesco era baseado em um ancestral comum, Lévi-Strauss argumentava que o parentesco era baseado na aliança entre duas famílias que se formava quando a mulher de um grupo casava-se com o homem de outro. Neste trabalho também é levantada a questão do incesto como marco da passagem do estado pré-cultural (ou da natureza) ao estado cultural no homem.
| No final da década de 1940 e começo da década seguinte, Lévi-Strauss continou a publicar e experimentou considerável sucesso profissional. Em seu retorno à França ele se envolveu com a administração do CNRS e do Musée de l'Homme, até ocupar uma cadeira na quinta seção da École Pratique des Hautes Études, aquela de 'Ciências Religiosas' que havia pertencido previamente a Marcel Mauss e que Lévi-Strauss renomeou para "Religião Comparada de Povos Não-Letrados".
| Apesar de bem conhecido em círculos acadêmicos, foi apenas em 1955 que Lévi-Strauss tornou-se um dos intelectuais franceses mais conhecidos ao publicar Tristes Trópicos, livro autobiográfico acerca de seu exílio na década de 1930.
| Em 1959 Lévi-Strauss foi nomeado para a cadeira de Antropologia social do Collège de France. Por volta desse período publicou Antropologia estrutural, uma coleção de ensaios em que oferece tanto exemplos como manifestos programáticos do estruturalismo. Começou a organizar uma série de instituições destinadas a estabelecer a Antropologia como disciplina de estudos na França, como o Laboratório para Antropologia Social e o jornal l'Homme, onde os pesquisadores publicavam o resultado de suas pesquisas.
| Em 1962 Lévi-Strauss publicou aquele que para muitas pessoas é seu trabalho mais importante, O pensamento selvagem. Na primeira parte do livro ele descreve sua teoria da cultura e do pensamento, enquanto que na segunda parte expande suas considerações numa teoria da história e da mudança social. Esta parte do livro rendeu a Levi-Strauss um acalorado debate com Jean-Paul Sartre acerca da natureza da liberdade humana. O confronto entre as visões existencialista e estruturalista iria eventualmente inspirar jovens autores como Pierre Bourdieu.
| Já como celebridade mundial, Lévi-Strauss passou a segunda metade da década de 1960 trabalhando em um projeto maior, um estudo apresentado em quatro volumes intitulado Mythologiques. Nele o antropólogo francês toma um mito localizado na ponta da América Central e acompanha suas variações de grupo a grupo ao longo da América Central e eventualmente no Círculo Polar Ártico, mostrando então como o mito se espalha de um pólo ao outro do continente. Faz isso de maneira tipicamente estruturalista, ao examinar as relações entre os elementos da história ao invés de focalizar no conteúdo da história em si. Se O pensamento selvagem é um manifesto da teoria geral de Lévi-Strauss, Mythologiques é uma extensa análise de exemplos.
| O último volume de Mythologiques foi completado em 1971. Dois anos depois Lévi-Strauss foi eleito membro da Académie Française, a maior honra para um intelectual na França. Ele também é integrante de várias academias notáveis em todo mundo. Recebeu o Prêmio Erasmus em 1973; em 2003 recebeu o Prêmio Meister-Eckhart de filosofia. É doutor honoris causa de diversas universidades pelo mundo. Apesar de aposentado, Lévi-Strauss continua a publicar ocasionalmente volumes de meditações sobre artes, música e poesia, bem como reminiscências de seu passado.

| fonte| http://pt.wikipedia.org/wiki/Levi-Strauss

| estudos culturais 2007/1

Departamento de Estudos Culturais e Mídia
Programa da disciplina Estudos Culturais 2007/1
Prof. Marildo José Nercolini
Ementa: Os Estudos Culturais: origem e desenvolvimento. A tradição britânica e o problema da cultura operária. A influência do estruturalismo e a "virada lingüística". Novos temas: estudos de gênero e raça. O problema da recepção. Os Estudos Culturais americanos e a influência da antropologia interpretativa. Os Estudos Culturais latino-americanos e a questão do popular. Estudos Culturais e meios de comunicação.

Programa:
1. Os Estudos Culturais: origem e desenvolvimento.

2. A tradição britânica: Escola de Birmingham
3.1 Principais pensadores
3.2 Algumas análises e conceitos-chave

3. Estudos Culturais na América Latina:
3.1 Principais pensadores
3.2 Diálogos/embates com EC norte-americano e britânico.
3.3 Algumas análises e conceitos-chave.

4. Estudos Culturais, arte e comunicação:
4.1 – EC e as artes contemporâneas (cinema, música, literatura).
4.2 – EC, Mídia e Comunicação.

Bibliografia Básica:
BHABHA, Homi. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila, Eliana L. de L. Reis, Gláucia R. Gonçalves. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
BUARQUE DE HOLLANDA, Heloísa . “Políticas da produção de conhecimento em tempos globalizados”. In: MIRANDA, Wander Melo (org.). Narrativas da Modernidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p. 345-356.
CEVASCO, Maria Elisa. Dez lições sobre estudos culturais. São Paulo: Boitempo Editorial, 2003.
CEVASCO, Maria Elisa. Para ler Raymond Williams. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
ESCOSTEGUY, Ana Carolina D. Cartografias dos estudos culturais: uma versão latino-americana. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas híbridas. São Paulo: EDUSP, 1997.
_____________. Diferentes, desiguais e desconectados. RJ: Editora UFRJ, 2005.
HALL, Stuart. Da diáspora: Identidades e Mediações Culturais (org. Liv Sovik). Belo Horizonte: Editora UFMG/ Brasília: Unesco, 2003.
MOREIRAS, Alberto. A exaustão da diferença. Trad. Eliana L. de Lima Reis e Glaucia R. Gonçalves. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.
RESENDE, Beatriz. “A indisciplina dos Estudos Culturais”. IN: _____________. Apontamentos de Crítica Cultural. RJ: Aeroplano, 2002. P. 09 – 54.
RICHARD, Nelly. Intervenções críticas: Arte, cultura, gênero e política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
SANTIAGO, Silviano. Cosmopolitismo do pobre. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2004
SILVA, Tomás Tadeu (org.). O que é, afinal, Estudos Culturais. BH: Autêntica, 1999.
SOUZA, Eneida Maria de. Crítica Cult. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2002
WILLIAMS, Raymond. Cultura e sociedade. São Paulo: Editora Nacional, 1970.
____________. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. 2ª ed.____________. Marxismo e Literatura. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

| comunicação e cultura 2007/1

Departamento de Estudos Culturais e Mídia
Programa da disciplina Comunicação e Cultura 2007/1
Prof. Marildo José Nercolini

Ementa: Cultura, um conceito polissêmico. Natureza e Cultura. Sociedade e Cultura: agentes e grupos sociais. A escola funcionalista e o estrutural-funcionalismo: cultura e instituições sociais. A concepção estruturalista. Antropologia interpretativa: a cultura como rede de significados, a cultura como texto. Cultura e identidade nas sociedades contemporâneas. Mídia, cultura e globalização.

Programa:
1. Cultura: conceito e história:
1.1 Cultura e natureza; cultura e civilização.
1.2 Cultura: histórico do conceito.
1.3 Diversidade Cultural.

2. Diferentes concepções de cultura: cultura como conceito polissêmico.
2.1 A escola funcionalista.
2.2 A concepção estruturalista.
2.3 A cultura como rede de significados e a cultura como texto.
2.4 A visão culturalista.

4. Cultura e identidade nas sociedades contemporâneas.

5. Cultura na era da globalização:
5.1 Cultura como recurso.
5.2 Cultura, globalização e sociedade civil.
5.3 Cultura, consumo e cidadania.

Bibliografia Básica:
BUARQUE DE HOLLANDA, Heloísa . “Políticas da produção de conhecimento em tempos globalizados”. In: MIRANDA, Wander Melo (org.). Narrativas da Modernidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p. 345-356.
CEVASCO, Maria Elisa. Para ler Raymond Williams. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
EAGLETON, Terry. A idéia de Cultura. São Paulo: UNESP, 2005.
GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas híbridas. São Paulo: EDUSP, 1997.
_____________. Diferentes, desiguais e desconectados. RJ: Editora UFRJ, 2005.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
HALL, Stuart. Identidades culturais na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.
____________. “A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções do nosso tempo”, Educação & Realidade, n. 22, p. 15-46, jul-dez 1997.
KUPER, Adam. Cultura: a visão dos antropólogos. Bauru: EDUSC, 2002.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. RJ: Jorge Zahar, 2005.
LÉVI-STRAUSS, Claude. “Raça e História”. In: __________. Antropologia estrutural – dois. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993. 4 ed.
MAIA, Rousiley. Identidades coletivas: negociando novos sentidos, politizando as diferenças, Contracampo, Niterói: IACS, n.5, segundo semestre 2000, p.47-66.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. “Globalização comunicacional e transformação cultural”. In: MORAES, Denis de (org.). Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2004.
MORAES, Denis de (org.). Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2004.
____________ (org). Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006.
SANTOS, José Luis dos. O Que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Primeiros Passos, 10).
SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna: intelectuais, arte e videocultura. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2000.
WILLIAMS, Raymond. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. 2ª ed.