espaço para reflexão e aprofundamento da disciplina "comunicação e cultura", ministrada por Marildo Nercolini | departamento de estudos culturais e mídia | universidade federal fluminense.
| imagem | caetano veloso veste Parangolé P4 Capa 1, de Hélio Oiticica em foto de geraldo viola imagem capa da obra de referência sobre a tropicália, o livro Tropicália: a revolution in brazilian culture, organizado por Carlos Basualdo, feita como catálogo para a exposição de mesmo nome.
| concluindo nossas reflexões, pesquisas e desdobramentos sobre toda a tropicália em nossa disciplina de 'mpb', disponibilizamos - como de costume neste nosso blog - alguns links e vídeos interessantíssimos ao nosso aprofundamento e enriquecimento quanto a todo este movimento.
| encontrado e indicado a nós pelo nosso colega pedro, este é o curta-metragem os mutantes, dirigido por antonio carlos da fontoura em 1970 com uma linguagem totalmente tropicalista
| sugestão de nosso colega ícaro, este é o trecho de uma entrevista à globo news em que rita lee comenta sua saída dos mutantes e fala um pouco sobre as influências da banda e sua inserção no movimento tropicalista (trecho 2/3 da entrevista) | link para o trecho 1/3 desta entrevista | link para o trecho 3/3 desta entrevista
| tom zé fala sobre rita
| tom zé sobre a bossa nova e a incorporação da guitarra na música brasileira
| tom zé falando sobre o tropicalismo e sobre o "estudando o pagode"
| spoof produzido por jovens norte americanos, para a música 'tropicalia' do cantor beck, utilizando uma linguagem e referenciais bastante próximos à uma abordagem tropicalista
| imagem | festa de lançamento do disco-manifesto no Avenida Danças, em São Paulo, 12 de agosto de 1968 à frente da orquestra da casa, gal, nara, rogério duprat (de costas), caetano, gil e os mutantes na platéia, os jornalistas alberto helena jr. (de óculos) e chico de assis.
| “Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder. Vocês têm coragem de aplaudir esse ano uma música, um tipo de música que vocês não teriam coragem de aplaudir o ano passado. São (sic) a mesma juventude que vão sempre, sempre, sempre matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem. Vocês não estão entendendo nada, nada, nada. Absolutamente nada. Hoje não tem Fernando Pessoa. Hoje eu vim dizer aqui que quem teve coragem de assumir a estrutura de festival não com medo que o Sr. Chico de Assis pediu, mas com coragem... Quem teve esta coragem de assumir essa estrutura e fazê-la explodir foi Gilberto Gil e fui eu. Não foi ninguém. Foi Gilberto Gil e fui eu. Vocês estão por fora. Vocês não vão vencer. Mas que juventude é essa? Que juventude é essa? Vocês jamais conterão ninguém. Vocês são iguais sabe a quem? - Tem som no microfone? - Vocês são iguais sabe a quem? Aqueles que foram no Roda-viva e espancaram os atores. Vocês não diferem em nada deles. Vocês não diferem em nada. E por falar nisso, viva Cacilda Becker, viva Cacilda Becker! Estou comprometido a dar esse viva aqui, não tem nada a ver com vocês. O problema é o seguinte, vocês estão querendo policiar a música brasileira. O Maranhão apresentou, este ano, uma música com arranjo de Charleston. Sabem o que foi? Foi a ‘Gabriela’ do ano passado, que ele não teve coragem de, no ano passado, apresentar, por ser americana. Mas eu e o Gil já abrimos esse caminho. O que vocês querem? Eu vim aqui pra acabar com isso. Eu quero dizer ao júri me desclassifiquem, eu não tenho nada a ver com isso, nada a ver com isso. Gilberto Gil. Gilberto Gil está aqui comigo para nós acabarmos com o festival e com toda a imbecilidade que reina no Brasil. Acabar com isso tudo de uma vez. Nós só entramos em festival pra isso, não é ... Não fingimos aqui que desconhecemos o que seja o festival, não. Ninguém nunca me ouviu falar assim, entendeu. Mas eu tenho que dizer isso, baby. Sabe como é. Nós, eu e ele, tivemos coragem de entrar em todas as estruturas e sair de todas. E vocês... Se vocês forem em política como forem em estética, estamos feitos. Me desclassifiquem junto com o Gil. Junto com ele, tá entendendo. E quanto a vocês... O júri é muito simpático, mas é incompetente. Deus está solto. (Volta a cantar:) | “Me dê um beijo meu amor / Eles estão nos esperando / Os automóveis ardem em chama / (Berrando) Derrubar as prateleiras, as estantes, as estátuas, as vidraças, livros, sim. / E eu digo sim. E eu digo não ao não. E eu digo / (Gritando) É proibido, proibir (fora de tom, sem melodia). Como é júri não acertaram qualificar a melodia de Gilberto Gil? Ficaram por fora. Gil fundiu a cuca de vocês, heim! É assim que eu quero ver. Chega!”*
| discurso feito por Caetano durante eliminatórias do III Festival Internacional da Canção Popular, em 15 de setembro de 1968 no TUCA, Teatro da Universidade Católica, em São Paulo. | *trancrição feita por Héber Fonseca, 1993, p.91.
| caetano acompanhado pelo guitarrista lenny gordin (seu principal guitarrista em muitas das músicas gravadas nos anos 60 e 70) canta 'é proibido proibir' numa ediçao especial, em homenagem aos 40 anos da 'tropicália, do programa 'circo do edgar' do canal gnt.
A mãe da virgem diz que não E o anúncio da televisão Estava escrito no portão E o maestro ergueu o dedo E além da porta há o porteiro, sim E eu digo não E eu digo não ao não E eu digo é proibido proibir
É proibido proibir É proibido proibir É proibido proibir É proibido proibir
Me dê um beijo, meu amor Eles estão nos esperando Os automóveis ardem em chamas Derrubar as prateleiras As estantes, as estátuas As vidraças, louças, livros, sim E eu digo sim E eu digo não E eu digo é proibido proibir
É proibido proibir É proibido proibir É proibido proibir É proibido proibir
Cai no areal na hora adversa Que Deus concede aos seus Para o intervalo em que esteja a alma imersa Em sonhos que são Deus
Que importa o areal e a morte e a desventura Se com Deus me guardei? O que eu me sonhei que eterno dura Esse que regressare.
| letra de "É proibido proibir" | o trecho em itálico corresponde a poema de Fernando Pessoa
| povo de 'comunicação e cultura'... dia 13 de novembro, aguardo algumas produções de vcs no meu e-mail. Aproveitem a total e completa liberdade de criação. Qualquer material e formato é válido, o importante é ter sido produzido, interpretado ou reapropriado por vcs traçando reflexões com o curta e com os conceitos, nele presentes, pertinentes ao universo teórico problematizado em nossa disciplina.
| alguns materiais desenvovidos pela turma do último semestre estão disponíveis entre os arquivos do nosso blog sob o título 'produções de telencéfalos altamente desenvolvidos e polegares opositores' | deixo abaixo uma série de links q podem lhes conceder mais ferramentas para essa atividade
| "No início há uma palavra, Tropicália, e um encontro mítico: Hélio Oiticica e Caetano Veloso. O ano é 1967. Oiticica era um agente provocador das artes brasileiras e Caetano, um cantor jovem disposto a pôr suas idéias em circulação. Em abril, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro recebia a exposição Nova Objetividade Brasileira, e nela Oiticica apresentava a instalação Tropicália, um ambiente em forma de l abirinto com p lantas, areia, araras, um aparelho de TV e capas de Parangolé (um tipo de obra de arte feita para ser usada como roupa). Depois de "Tropicália, a obra", surge "Tropicália, a música". "Ouvi primeiro o nome Tropicália, sugerido como título para minha canção, do cineasta Luís Carlos Barreto, que me ouviu cantá-la em São Paulo e se lembrou do trabalho de um tal Hélio Oiticica. Resisti a pôr em minha música o nome da obra de um cara que eu nem conhecia", lembra Caetano Veloso. Depois da canção, "Tropicália, o disco". Lançado em 1968, o LP Tropicália: ou Panis et Circenses reúne Gilberto Gil, Caetano, Tom Zé, Gal Costa, Os Mutantes e Nara Leão. Tropicália foi ainda a moda colorida, um jeito feliz de namorar e um programa de domingo pela televisão. Surgia, assim, "Tropicália, o movimento". | A história continua, 40 anos depois, com "Tropicália, a exposição". Tropicália Uma Revolução na Cultura Brasileira (1967-1972) chega ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (o mesmo onde Hélio Oiticica, morto em 1980, aos 43 anos, exibiu sua obra fundadora) neste mês, após ter passado pelos Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra. A exposição foi elaborada pelo Museu de Arte Contemporânea de Chicago e o Museu do Bronx, de Nova York, na esteira da redescoberta do trabalho e do pensamento de Oiticica a partir de meados da década passada. Os tropicalistas brasileiros conseguiram algo raro e poderoso na cultura: uma inesperada trapaça com o tempo. Hoje, a Tropicália interessa ao mundo. Do mesmo modo que Marcel Duchamp faz mais sentido para a arte agora do que Pablo Picasso (com sua concepção de que uma idéia é já uma criação artística), o Tropicalismo ganha neste início de século um caráter mundial. Mas o que aconteceu para que algo tão brasileiro passasse a ser tão sedutor? (...)" | excerto da matéria "Tropicália - O Movimento que Não Terminou", por Marcelo Rezende publicada na Revista Bravo (clique e a acesse na íntegra)
| imagem| foto registrada por uma jovem canadense - na obra 'eden' de hélio oiticica em sua visita a exposição 'tropicália' em londres - e publicada em um de seus álbuns virtuais no sítio flickr (uma pena... na montagem brasileira, ao contrário da londrina, da alemã e da norte americana, não é permitido fotografar)
| imagem de partes das obras "tropicália" (à frente da cerca de palha) e "éden" (atrás da cerca de palha) de hélio oiticica
| mutantes, interpretando a canção "panis et circenses" em 1969 na tv cultura
| vídeo do cantor e compositor estado-unidense beck, interpretando sua canção "tropicália" ao vivo em um show em lisboa
| vídeo entitulado "Tropicália" captado, editado e publicado por uma jovem francesa feito com imagens de uma viagem por uma região dos estados unidos junto a sua família na qual a música "A Minha Menina" dos Mutantes é utilizada na trilha. "Listening good music!"
"Eu é que inventei. Depois o Caetano, que eu nem conhecia, fez a música e o nome ficou conhecido. De modo que eu inventei a Tropicália e eles inventaram o Tropicalismo." Hélio Oiticica |
| foto da obra de lygia pape, "roda de prazeres" de 1968, registrada pela mesma jovem canadense citada acima em sua visita a exposição "tropicália - a revolution in brazilian culture" em londres
| + | a álbuns dipoiníveis no flickr com fotos feitas por norte americanos e europeus em diferentes montagens desta exposição álbum 1 |álbum 2 | álbum 3
| "A contracultura foi um movimento dos anos 60, quando teve lugar um estilo de mobilização e contestação social e com ele novos meios de comunicação em massa. Jovens inovando estilos, voltando-se mais para o anti-social aos olhos das famílias mais conservadoras, com um espírito mais libertário, resumindo como uma cultura underground, culturaalternativa ou cultura marginal, focada principalmente nas transformações da consciência, dos valores e do comportamento, na busca de outros espaços e novos canais de expressão para o indivíduo e pequenas realidades do cotidiano."
| de passagem por Nova York, um dia antes de embarcar para a Guerra do Vietnã, um rapaz do interior conhece um grupo de hippies, com os quais passa a conviver . Com eles, ele aprende a ver o outro lado de uma guerrA, e se apaixona por uma jovem de família rica.
| contestação, contracultura ... | assistiremos a adaptação cinematográfica do musical HAIR onde traçaremos paralelos introdutórios com a nossa Tropicália
| “Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil; se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da história for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes."
| filósofa e professora da Faculdade de Letras e Ciências Humanas da USP, FFLCH, Marilena Chauí é reconhecida, não só pela sua produção acadêmica, mas pela participação efetiva no contexto do pensamento e da política brasileira.
| "Chico Buarque sempre manteve uma atitude comportamental distante do escândalo. Nem o apelo visual nem o movimento foram marcas da presença de Chico no palco. Sua insatisfação e rebeldia, se não apareciam na maneira de vestir-se e de apresentar-se, apareciam nas suas composições musicais e nas suas produções teatrais e literárias. | Compor usando a linguagem da fresta, a linguagem do metafórico, do elíptico: Chico foi um mestre nessa forma de expressão. Se no princípio suas composições eram mais líricas, marcadas pelo tom orfêico, com as transformações funestas por que o Brasil foi passando a partir de 64, Davi toma o lugar de Orfeu: o lirismo dá lugar ao protesto, o carnaval dá lugar ao triste cotidiano de uma intelectualidade obrigada a calar-se, de uma população obstruída de pensar a própria realidade em que vivia, pois estava cerceada a livre expressão. | Chico transformou-se em porta-voz de uma intelectualidade calada à força. Seus discos eram exaustivamente ouvidos e analisados. Suas composições eram dissecadas por sociólogos, antropólogos, jornalistas, universitários, sedentos por encontrar nelas as palavras, as idéias que lhes eram interditadas. | A canção popular passou a ser um dos poucos canais de manifestação. Não que ela também não tenha sofrido a repressão, o próprio Chico Buarque é testemunha de como a censura não deixava ninguém se expressar livremente: teve algumas de suas composições proibidas, viu-se obrigado a alterar versos de outras para que fossem liberadas, sem falar de sua peça de teatro Calabar, elogio da traição proibida dias antes de sua estréia, ou Roda-viva, cujos artistas foram espancados no Rio e em Porto Alegre. | Apesar da perseguição, a criatividade buarqueana foi capaz de enganar muitas vezes a censura e ser a voz de quem estava calado à força. Difícil fazer desaparecer ou calar alguém que estava na “boca do povo”, nas rodas de samba, nas conversas de botequins, ou era tema de discussões entre estudantes universitários. Chico teve uma trajetória de luta e confrontamento com a ditadura militar, liderando ou participando de movimentos que buscavam a derrubada de uma famigerada casta imbuída de poderes de vida e morte sobre as pessoas. (...)"
| trecho inicial do capítulo "AGORA FALANDO SÉRIO: CHICO BUARQUE" da tese de mestrado de Marildo José Nercolini, " Artista-intelectual: a voz possível em uma sociedade que foi calada; uma análise sociológica da obra de Chico Buarque e Caetano Veloso no Brasil dos anos 60 - Porto Alegre: UFRGS. 1997. p.82-146" | clique e acesse a íntegra desse capítulo
| falando em chico, anos 60, mpb... nosso aluno, Petra, encontrou no youtube esse vídeo do boicote à apresentação de "Cálice" (este vídeo tbm traz outras imagens do período em sua edição). Boicotada pela censura do regime militar à época no show Phono 73, que a gravadora Phonogram (ex Philips, e depois Polygram) organizou no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, em maio de 1973, teve os microfones desligados durante sua apresentação. | clique e acesse uma nota sobre este fato por Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello | clique e acesse uma nota por Humberto Werneck sobre o mesmo boicote
o sufixo 'ama' designa o sentido de coleção, aglomeração...
cultura é o primordial objeto das nossas disciplinas.
este nosso blog, portanto, não poderia ter outro nome não é?
questionamentos, reflexões e trocas. aqui encontraremos espaço para aprofundarmos temas ligados à cultura, bem como para a publicação de nossas produções à cerca de tão ampla campo de estudos.
para enviar um texto para postagem, agendar uma conversa, sugerir algo...