25.11.07

| ode a telencéfalos altamente desenvolvidos e polegares opositores || 03



Da maldita terra
Nasce uma flor
Meio Amarela
De pútrido odor

Fertilizada na indiferença
Adubada no desperdício
Desprezada de nascença
Assim como aquele menino

Seria o mesmo do poeta?
E meu espanto?
Seria o mesmo do poeta?
Não se questiones tanto!

Esqueça-os na ilha
Pois não vão incomodar
Menino e flor maldita
Deixem-me almoçar


| Odor de uma flor inconveniente
| autoria dos alunos juliana chalu e carlos eduardo

| ode a telencéfalos altamente desenvolvidos e polegares opositores || 02

| "Um país não muda somente pela sua economia, pela sua política e nem mesmo pela sua ciência; muda sim pela sua cultura."
| Betinho




| este post consiste em uma "hibridação" das produções dos alunos patrícia carvalho e danielle silva.

| ode a telencéfalos altamente desenvolvidos e polegares opositores || 01

| criar, adaptar e/ou se aproriar de algum produto ou meio, embasados na disciplina de 'comunicação e cultura' relacionando seus conceitos e problematizações ao curta metragem ilha das flores objetivando representar essa ou essas relações sinteticamente - essa foi a proposta da produção que coube aos alunos de 'comunicação e cultura' após uma seçãozinha do filme seguida de reflexões que naturalmente se desdobram da união entre o universo temático da disciplina com o do curta;
| algumas dessas produções ficarão disponíveis aqui para que todos possamos também dialogar com elas.








| "Tô vendo tudo, tô vendo tudo
| Mas, bico calado, faz de conta que sou mudo"
| O Meu País, Zé Ramalho (Livardo Alves - Orlando Tejo - Gilvan Chaves)


| este post consiste em uma "hibridação" das produções dos alunos liliana pedruzzi, ana carollina moreira e anderson nascimento.

14.11.07

| o rock brasileiro dos anos 70
| alvaro faria

| Uma historia do rock brasileiro, mais ou menos contada, ao longo dos últimos 20 anos, costumava traçar, com pequenas variações, a seguinte genealogia: O rock desembarca no Brasil, temos Celly e Tony Campelo. Depois a Jovem Guarda e o Tropicalismo dos Mutantes, no final dos anos 60. Segue-se então uma rápida passagem pelo (hoje) querido maluco-beleza Raulzito, e finalmente chegamos até a Blitz e ao Rock in Rio 85. E aí sim, temos rock no Brasil! Oh yeah!

| Sempre me perguntei, desde que me tornei fã de rock, onde diabos estavam os anos 70 nessa história. Ninguém mais, além de Raul Seixas e Rita Lee, haviam produzido rock em nossas terras tropicais, ao longo de uma década inteira? Esta pesquisa ― que originou a minha monografia de conclusão de curso ― é resultado direto desta indagação básica: O que foi o rock brasileiro dos anos 70? Segue abaixo um resumão de toda esta história.

| discografia do rock brasileiro dos anos 70*

| 1970
| Mutantes - A Divina Comédia ou Ando meio desligado - Polydor
| Rita lee - Build Up - Polydor
| Som Imaginário - SOM IMAGINÁRIO - Odeon
| O Terço - TERÇO - Forma
| Erasmo Carlos - ERASMO CARLOS E OS TREMENDÕES - RGE
| Novos Baianos - É FERRO NA BONECA! - RGE
| A tribo - A TRIBO (compacto) - Odeon
| Equipe Mercado - EQUIPE MERCADO (compacto) - Odeon


| 1971
| Mutantes - JARDIM ELÉTRICO - Polydor
| Equipe Mercado, Módulo 1000, Som Imaginário e A Tribo - POSIÇÕES (coletânea) - Odeon
| Som Imaginário - SOM IMAGINÁRIO - Odeon
| A tribo - A TRIBO (compacto) - Odeon
| Erasmo Carlos - CARLOS, ERASMO - Philips
| Os Lobos - MIRAGEM - Top Tape


| 1972
| Erasmo Carlos - SONHOS E MEMÓRIAS 1941-1972 - Polydor
| Mutantes - MUTANTES E SEUS COMETAS NO PAÍS DOS BAURETS - Polydor
| Rita Lee & Os Mutantes - HOJE É O PRIMEIRO DIA DO RESTO DA SUA VIDA - Polydor
| O Terço - TERÇO - Continental
| Novos Baianos - ACABOU CHORARE - Som Livre
| Módulo 1000 - NÃO FALE COM PAREDES - Top Tape


| 1973
| Secos e Molhados - SECOS E MOLHADOS - Continental
| A Bolha - UM PASSO À FRENTE - Continental
| Novos Baianos - NOVOS BAIANOS F.C. - Continental
| Guilherme Lamounier - GUILHERME LAMOUNIER - Continental
| Som Imaginário - MATANÇA DO PORCO - Odeon
| Pholhas - DEAD FACES - RCA Victor
| Raul Seixas - KRIG-HA, BANDOLO! - Philips


| 1974
| Moto Perpétuo - MOTO PERPÉTUO - Continental
| Secos e Molhados - SECOS E MOLHADOS - Continental
| A Barca do Sol - A BARCA DO SOL - Continental
| O Som Nosso de Cada Dia - SNEGS - Continental
| Ave Sangria - AVE SANGRIA - Continental
| Novos Baianos - VAMOS PRO MUNDO - Som Livre
| Novos Baianos - LINGUAGEM DO ALUNTE - Continental
| Casa das Máquinas - CASA DAS MÁQUINAS - Som Livre
| Mutantes - TUDO FOI FEITO PELO SOL - Som Livre
| Rita Lee & Tutti Frutti - ATRÁS DO PORTO TEM UMA CIDADE - Philips
| Arnaldo Batista - LÓKI? - Philips
| Raul Seixas - GITA - Philips
| Perfume Azul do Sol - NASCIMENTO - Chantecler
| Pholhas - FOREVER - RCA Victor
| Made in Brazil - MADE IN BRAZIL - RCA Victor
| Erasmo Carlos - 1990 - PROJETO SALVA TERRA! - Polydor


| 1975
Casa das Máquinas - LAR DE MARAVILHAS - Som Livre
| Rita Lee & Tutti Frutti - FRUTO PROIBIDO - Som Livre
| Almôndegas - ALMÔNDEGAS - Continental
| Almôndegas - AQUI - Continental
| O Peso - EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO - Polydor
| Hollywood Rock - Polydor
| O Terço - CRIATURAS DA NOITE - Copacabana
| Pholhas - PHOLHAS - RCA Victor
| Raul Seixas - 20 ANOS DE ROCK - Philips
| Raul Seixas - NOVO AEON - Philips


| 1976
| Mutantes - MUTANTES (single) - Som Livre
| Mutantes - MUTANTES AO VIVO - Som Livre
| Casa das Máquinas - CASA DE ROCK - Som Livre
| Rita Lee & Tutti Frutti - ENTRADAS E BANDEIRAS - Som Livre
| A Barca do Sol - DURANTE O VERÃO - Continental
| Bixo da Seda - BIXO DA SEDA - Continental
| Pão com Manteiga - PÃO COM MANTEIGA - Formula/Continental
| O Terço - CASA ENCANTADA - Copacabana
| Novos Baianos - CAIA NA ESTRADA E PERIGAS VER - Tapecar
| Terreno Baldio - TERRENO BALDIO - Pirata
| Erasmo Carlos - BANDA DOS CONTENTES - Polydor
| Made in Brasil - JACK, O ESTRIPADOR - RCA Victor
| Raul Seixas - HÁ 10 MIL ANOS ATRÁS - Philips
| Flaviola - FLAVIOLA E O BANDO DO SOL - Solar


| 1977
| A Bolha - É PROIBIDO FUMAR - Polydor
| Rita Lee e Gilberto Gil - REFESTANÇA - Som Livre
| O Som Nosso de Cada Dia - SOM NOSSO - CBS
| Almôndegas - ALHOS COM BUGALHOS - Philips
| Raul Seixas - RAUL ROCK SEIXAS - Fontana/Phonogram
| A Cor do Som - A COR DO SOM - WEA
| Novos Baianos - PRAGA DE BAIANO - Tapecar
| Terreno Baldio - ALÉM DAS LENDAS BRASILEIRAS - Continental
| Pholhas - PHOLHAS - RCA Victor
| Arnaldo e a Patrulha do Espaço - ELO PERDIDO - Vinil Urbano


| 1978
| Rita Lee & Tutti Frutti - BABILÔNIA - Som Livre
| Almôndegas - CIRCO DE MARIONETES - Philips
| A Cor do Som - AO VIVO EM MONTREUX - WEA
| Raul Seixas - O DIA EM QUE A TERRA PAROU - WEA
| O Terço - MUDANÇA DE TEMPO - Copacabana
| Novos Baianos - FAROL DA BARRA - CBS
| Arnaldo e a Patrulha do Espaço - FAREMOS UMA NOITADA EXCELENTE - Vinil Urbano
| Erasmo Carlos - PELAS ESQUINAS DE IPANEMA - Polydor
| Made in Brasil - PAULICÉIA DESVAIRADA - RCA Victor


| 1979
| Rita Lee - RITA LEE - Som Livre
| A Barca do Sol - PIRATA - Independente
| A Cor do Som - FRUTIFICAR - WEA
| Raul Seixas - MATA VIRGEM - WEA
| 14 Bis - 14 BIS - EMI Odeon

* extraída da monografia de alvaro faria sobre o rock brasileiro dos 70

8.11.07

| clifford geertz,
a mitologia de um antropólogo

| Clifford Geertz é "o cara" em nossa disciplina de 'comunicação e cultura', conteúdo extra sobre ele não poderia faltar em nosso blog, especialmente nesta semana em que começamos a refletir com e sobre parte de sua obra.
| Abaixo há a transcrição da introdução feita por Victor Aiello Tsu para uma entrevista que Geertz lhe concedeu em 2001 para a Folha de São Paulo, seguida por um link para a íntegra dessa entrevista.

| O aumento na quantidade de comunicações e a maior integração entre os seres humanos não necessariamente tornou a vida mais fácil. Para o antropólogo norte-americano Clifford Geertz, 74, um dos principais deveres dos antropólogos (e do cientista social de maneira geral) neste início de século é tentar fazer com que as diversas sociedades (que são cada vez mais complexas e envolvem cada vez mais pessoas) sejam capazes de atingir algum entendimento entre si.
| Essa é uma das mais relevantes lições do autor de "Nova Luz sobre a Antropologia", livro que está sendo lançado no Brasil nesta semana pela editora Jorge Zahar e reúne desde ensaios críticos à antropologia contemporânea até reflexões autobiográficas (leia trecho na pág. 9).
| Com 18 livros publicados, Clifford Geertz é, depois de Claude Lévi-Strauss, provavelmente o antropólogo cujas idéias causaram maior impacto após a segunda metade do século 20, não apenas para a própria teoria e prática antropológicas, mas também fora de sua área, em disciplinas como a psicologia, a história e a teoria literária.
| Ele é considerado o fundador de uma das vertentes da antropologia contemporânea _a chamada antropologia hermenêutica ou interpretativa. Para o autor (que se graduou em filosofia e inglês antes de decidir ser antropólogo) este volume é uma oportunidade de, no fim de sua carreira, "montar sua própria lenda antes que outros o façam".
Clifford Geertz obteve seu PhD em antropologia em 1956 e desde então conduziu extensas pesquisas de campo que deram origem a livros escritos essencialmente sob a forma de ensaio. Suas pesquisas ocorreram na Indonésia e no Marrocos. Foi o descontentamento com a metodologia antropológica disponível à época de seu estudo, que lhe parecia excessivamente abstrata e de certa forma distanciada da realidade que encontrou em campo, que o levou a elaborar um método novo de análise das informações obtidas entre as sociedades que estudava. Seu primeiro estudo tinha por objetivo entender a religião em Java. No final, foi incapaz de se restringir a apenas um aspecto daquela sociedade _que ele achava que não poderia ser extirpado e analisado separadamente do resto, desconsiderando, entre outras coisas, a própria passagem do tempo.
| Foi assim que ele chegou ao que depois foi apelidado de antropologia hermenêutica. Essa vertente, crucial para o desenvolvimento da contemporânea _e às vezes chamada pós-moderna_ antropologia de matriz norte-americana, é um estudo que pretende entender "quem as pessoas de determinada formação cultural acham que são, o que elas fazem e por que razões elas crêem que fazem o que fazem".
| Uma das metáforas preferidas para definir o que faz a antropologia interpretativa é a da leitura das sociedades como textos ou como análogas a textos. A interpretação se dá em todos os momentos do estudo, da leitura do "texto" cheio de significados que é a sociedade à escritura do texto/ensaio do antropólogo, interpretado por sua vez por aqueles que não passaram pelas experiências do autor do texto escrito.
Na entrevista a seguir, Geertz (de quem já foram editados no Brasil "Interpretação das Culturas", LTC e Guanabara/ Koogan, e "O Saber Local", Vozes) fala do panorama da antropologia atual, daquilo que ele vê como o dever do antropólogo tanto hoje quanto no futuro, dos limites da interpretação e de como a onda de globalização estaria afetando as diversas culturas.