29.11.08

| Parabéns a nossos monitores!



Semana passada tivemos a XI Semana de Monitoria da UFF. Nossos brilhantes monitores apresentaram os relatos de suas experiências durante o ano de 2008. São eles: Felipe Escarlate, Maria Izabel Ferrari, Nicole Araújo, Ana Carolina Bull, Flávia Neves, Adriana Carneiro e Sayd Mansur.

Gostaria, especialmente, de agradecer o intenso e competente trabalho desenvolvido pelo nosso monitor Felipe, que acompanhou todas as atividades desenvolvidas esse ano nas disciplinas de Comunicação e Cultura, Globalização e Comunicação e Identidades na Contemporaneidade. Muito obrigado.

Claro que, por fim, gostaria de parabenizar Maria Izabel, a representante de nosso curso na segunda etapa, e que foi premiada com o melhor relato de monitoria da área de Ciências Sociais Aplicadas da UFF. PARABÉNS!!!! Competência e criatividade recompensadas.

28.11.08

| “O homem torna-se tudo ou nada, conforme a educação que recebe”

Interessante reportagem enviada por Larissa Castanheira, retirada do Diário de São Paulo e que tem circulado em vários blogs pela Internet.

TESE DE MESTRADO NA USP por um PSICÓLOGO


'O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE'


'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível'
Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social. Plínio Delphino, Diário de São Paulo.O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o pesquisador.O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. 'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão', diz.

No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: 'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.
Diário - Como é que você teve essa idéia?
Fernando Braga da Costa - Meu orientador desde a graduação, o professor José Moura Gonçalves Filho, sugeriu aos alunos, como uma das provas de avaliação, que a gente se engajasse numa tarefa proletária. Uma forma de atividade profissional que não exigisse qualificação técnica nem acadêmica. Então, basicamente, profissões das classes pobres.

Diário - Com que objetivo?
A função do meu mestrado era compreender e analisar a condição de trabalho deles (os garis), e a maneira como eles estão inseridos na cena pública. Ou seja, estudar a condição moral e psicológica a qual eles estão sujeitos dentro da sociedade. Outro nível de investigação, que vai ser priorizado agora no doutorado, é analisar e verificar as barreiras e as aberturas que se operam no encontro do psicólogo social com os garis.
Diário - Que barreiras são essas, que aberturas são essas, e como se dá a aproximação? Quando você começou a trabalhar, os garis notaram que se tratava de um estudante fazendo pesquisa?
Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa e tal. Chegando lá eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário, recém-contratado pela USP pra varrer rua com eles. Mas os garis sacaram logo, entretanto nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulato sem geral. Eu sou branquelo, mas isso talvez não seja o diferencial,porque muitos garis ali são brancos também. Você tem uma série de fatores que são ainda mais determinantes, como a maneira de falarmos, o modo de a gente olhar ou de posicionar o nosso corpo, a maneira como gesticulamos.. Os garis conseguem definir essa diferenças com algumas frases que são simplesmente formidáveis.

Diário - Dê um exemplo.
Nós estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear com um dos garis.De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos de idade,subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha de couro na mão.O sujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas situações. O gari, sem se referir claramente ao homem que acabara de passar, virou-se pra mim e começou a falar: 'É Fernando, quando o sujeito vem andando você logo sabe se o cabra é do dinheiro ou não. Porque peão anda macio, quase não faz barulho. Já o pessoal da outra classe você só ouve o toc-toc dos passos. E quando a gente está esperando o trem logo percebe também: o peão fica todo encolhidinho olhando pra baixo. Eles não. Ficam com olhar só por cima de toda a peãozada, segurando a pastinha na mão'.

Diário - Quanto tempo depois eles falaram sobre essa percepção de que você era diferente?
Isso não precisou nem ser comentado, porque os fatos no primeiro dia de trabalho já deixaram muito claro que eles sabiam que eu não era um gari.Fui tratado de uma forma completamente diferente. Os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem ferramentas também. Eles não deixaram eu viajar na caçamba,quiseram que eu fosse na cabine. Tive de insistir muito para poder viajar com eles na caçamba. Chegando no lugar de trabalho, continuaram me tratando diferente.As vassouras eram todas muito velhas. A única vassoura nova já estava reservada para mim. Não me deixaram usar a pá e a enxada, porque era um serviço mais pesado. Eles fizeram questão de que eu trabalhasse só com a vassoura e, mesmo assim, num lugar mais limpinho, e isso tudo foi dando a dimensão de que os garis sabiam que eu não tinha a mesma origem socioeconômica deles.

Diário - Quer dizer que eles se diminuíram com a sua presença?
Não foi uma questão de se menosprezar, mas sim de me proteger.

Diário - Eles testaram você?
No primeiro dia de trabalho paramos pro café.. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

Diário - O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar,não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

Diário - E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

Diário - E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicosocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses Homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador.Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'.

24.11.08

| Hedwig e a queda do Muro
identidade de gênero como construção




| partindo do filme "Hedwig and The Angy Inch" (2001), projeto autoral do diretor estadounidense John Cameron Mitchell, como objeto para diálogo e problematizações, um dos grupos de alunos da disciplina de Identidades Culturais na Contemporaneidade - formado por gueko hiller, manaíra carneiro, nicolas rodrigues e tiago rubini - tratou de questões referentes à identidade de gênero em seu projeto de análise pertinente às atividades de encerramento da disciplina.



Hedwig and The Angry Inch, Tear Me Down


| em "Tear Me Down", canção de abertura do musical, fica clara uma proposta da obra em associar a temática do Muro de Berlim como demarcador de "extremos", de "opostos" à personagem título, transexual, Hedwig e suas questões quanto a identidade de gênero. Neste excerto inicial da obra cinematográfica também se indica outra interessante questão referente a temática das indentidades; neste caso, a de nacionalidade. Já suscitaria interessantes e importantes reflexões o fato de ser estadounidense e não alemão ou "ao menos" de outro país do leste europeu, o roteirista - também diretor - responsável por desenvolver com tanta propriedade questões fundamentalmente ligadas à nacionalidade da personagem que protagoniza a história (nascida na alemanha oriental no ano de início da construção do muro), questões estas relacionadas diretamente com fronteiras identitárias, com hibridações e reflexões quanto a troca e contatos culturais diversos. Reflexões estas que permitiram diálogos com o conceito do espanhol Castells quanto a identidade de projeto: "quando os atores sociais, utilizando-se de qualquer tipo de material cultural ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade e, ao fazê-lo, de buscar a transformação de toda a estrutura social".
| a queda do Muro de Berlim, com tudo o que isso representava no contexto da competição política, econômica e cultural daquele momento histórico, remetem na obra a uma clara alusão simbólica da destruição ou, ao menos, da flexibilização, para a personagem - "Não há muita diferença entre uma ponte e um muro", das demarcações dos limites identitários de gênero - tão polarizados quanto "o mundo da guerra-fria" nas sociedades modernas e contemporâneas - bem como dos políticos, econômicos e culturais. Aqui se viabiliza uma outra relação pertinente com Castells, com a lógica do individualismo em favor da comunidade inteira (transformações pessoais automaticamente mudando o contexto, intencionalidade com extencionalidade): "No contexto da ordem pós-industrial, o próprio sujeito torna-se um projeto reflexivo".


Hedwig and The Angry Inch, The origin of love

| Segundo Foucault, entre os anos 1860-1870, os discursos científicos sobre a origem biológica de todos os comportamentos sexuais do ser humano se multiplicaram consideravelmente. Daí a nossa naturalidade em atribuir aos órgãos genitais e a outras características fisiológicas as provas irrefutáveis da identidade de gênero de alguém.
| na canção The Origin of love, o Mito do Andrógeno da mitologia grega - originalmente presente no discurso de Aristófanes no "Banquete" de Platão - destaca que, no início dos tempos, os seres humanos eram enormes e redondos, com quatro braços, quatro pernas, duas cabeças e tinham os dois sexos. Eram a criação preferida de Zeus, o rei dos Deuses. Mas, por terem se tornado ambiciosos e por terem tentado roubar o fogo dos deuses, Zeus, como castigo, partiu os seres humanos em dois. Mandou que Netuno costurasse a pele - no lugar do remendo ficou o umbigo. Sem piedade, afastou as metades pelo planeta. Depois disso, os seres humanos passariam a vida se sentido incompletos, vagando desesperados pelo mundo, procurando sua outra metade. Quando se encontravam, as metades se abraçavam chorando, ficando assim - abraçados - até morrer. Preocupado, com medo de que os seres humanos simplesmente desaparecessem da face da terra, Zeus criou os orgãos sexuais para que pudessem se reproduzir enquanto estivessem abraçados, mas os distribuiu aleatoriamente. Segundo este mito, esta seria até hoje a nossa sina: vagar pelo mundo, sentindo-nos incompletos, procurando nossa outra metade seja ela de qual "sexo" fosse.


Hedwig and The Angry Inch, Angry Inch

| Os padrões médico-científicos para a classificação de gênero são arbitrários e histórica e socialmente legitimados como verdades absolutas a partir do século XVIII. Para Foucault a vigília médica é uma das expressões do biopoder.
| Thomás Laqueur, depois de fazer um levantamento bibliográfico sobre o assunto, chegou à conclusão de que somente no século XVII se comentou a respeito da diferenças biológicas entre um homem e uma mulher. Até então, a medicina era isomorfista: acreditava que existia um único corpo com duas diferentes manifestações do mesmo gênero. A vagina - que passou a ter um nome diferenciado do pênis somente em 1700 - era vista como nada mais que uma inversão do pênis. Berenice Bento comenta que os médicos da época não achariam surpreendente a ocorrência de uma pessoa ter sua vagina irrompida em pênis no decorrer da sua vida.

| com uma abordagem bastante estudoculturalista quanto a complexas problematizações das questões referentes ao objeto e ao tema do trabalho, o grupo caminhou para suas conclusões - contudo, deixando debates e reflexões abertas para e com a classe, intuito também inicial do grupo para a suscitação de novas reflexões a partir de nossas belíssimas bases acadêmicas angariadas ao longo da disciplina. Evidenciando o entedimento das identidades de gênero, e "fronteiras" de identidade de gênero bem como toda a gama de manifestações e materializações atribuídas em uma lógica estruturada de diferenciação de gênero como construção, as questões em sala tratadas a partir de produções de Tomás Tadeu da Silva e Pollack quanto a identidade como construção narrativa e os aspectos da memória, coletiva/social e individual em tudo isso, também foram utilizadas.



| Hedwig, ainda Hansel em sua infância, fala sobre o passado da mãe e os desdobramentos culturais em suas vidas desse passado, dessa memória. Os diálogos com objetos da cultura ocidental também se evidenciam como fundantes para a construção de sua identidade enquanto narrativa pessoal dentro de todos os limites contextuais de cada um quanto a sua construção identitária, evidencia-se também (tanto quanto "memória' quanto no cotidiano como campo de embate cultural), a questão do "outro", fundamental para a construção do "eu" - identidade construída como narrativa, desprovida de essência e alicerçada na alteridade.

23.11.08

| Cultura e identidade juvenil em tempos de globalização


Em meio às constantes transformações vividas na cultura contemporânea, com a consolidação do processo da globalização, que trouxe consigo uma intensificação dos fluxos econômicos, de pessoas e de informação, a construção de um imaginário social é cada vez mais perpassada por elementos interculturais. A construção da identidade contemporânea não pode mais ser pensada em termos de limites precisos e fixos.

O jovem se encontra na linha de frente de tais transformações . Com baEse nisso, desenvolvemos uma pesquisa para tentarmos entender o que eles pensam nos dias de hoje com relação a identidade. Foram entrevistados 42 jovens, de classe média urbana, de idade entre 17 a 25 anos, fazendo as seguintes perguntas: Quem você é? Com quem ou com o que você se identifica? O que é identidade para você?

Tal pesquisa foi transformada em duas aulas, apresentadas nas disciplinas Identidades Culturais na Contemporaneidade e Comunicação e Cultura. Esse trabalho foi coordenado por Felipe Escarlate, monitor, e auxiliado pelos alunos de Identidades Amanda Vieira, Anete Moura, Débora Gonçalves, Susana Santos e Vanessa Villela.

Com base nos resultados obtidos comprovamos que, cada vez mais, a construção da identidade é dinâmica e instável . Somos objetos e também sujeitos de uma construção de uma identidade própria e também colaboradores de uma identidade coletiva. Abaixo mostramos algumas respostas das entrevistas.

Quem você é?

> Eu sou eu, aluna do GPI, 2º ano. Estudo lá desde o 1º ano. (Amanda, 17 anos)

> Bom... uma pessoa amiga, companheira, sincera e... só. (Antônio, 18 anos)

> Filha da minha mãe e do meu pai. Dentista. (Luciana, 23 anos)

> Sou Fabiana, tenho 24 anos e faço enfermagem. Sou uma pessoa de bem com a vida. Adoro meus amigos, adoro festa, bagunça. (Fabiana, 24 anos)

Com quem ou com o que você se identifica?

> Com a minha mãe. (Nathalia, 17 anos)

> Comigo mesmo. Só eu me entendo. (Carolina, 18 anos)

> Com as músicas do Renato Russo, com a África e com as crianças. (Letícia, 20 anos)

> Com o jeito da minha amiga Paty. (Maria Izabel, 23 anos)

O que é identidade para você?

> Personalidade. (Patrícia, 22 anos)

> É quem de fato a gente é. É o nosso caráter, é a sua característica. É o que caracteriza você como pessoa. (Débora, 24 anos)

> Eu. (Lediane, 25 anos)

> Ser apenas quem você é sem o universo que nos cerca. (Nathalia, 20 anos)

18.11.08

| Tango



"¿Por qué el tango ha resurgido con tanta fuerza? ¿A qué se debe que la literatura haya vuelto su mirada hacia personajes de nuestra historia y busque en las formas de la biografía y la ficción, los relatos del pasado nacional? Pensemos sólo en los numerosos libros que retoman la figura de Sarmiento ¿Qué extraña alianza se permite el rock nacional al poner en su repertorio zambas de Atahualpa Yupanki, poemas de Almafuerte o letras de los tangos de Cadícamo y Discépolo?"

O trecho é referente à palestra "El Tango: un relato de identidad", que a Prof. Dra. Mónica Bueno, da Universidad de Mar del Plata, Argentina, proferiu no dia 08 de setembro, no auditório da Pós-graduação de Comunicação da UFF. No link abaixo você confere a apresentação na íntegra.

9.11.08

| O espaço dividido



Milton Almeida dos Santos foi advogado e um dos pensadores expoentes da geografia brasileira após a década de 1970. Um dos poucos cientistas brasileiros que, expulsos durante a ditadura militar (naquilo que foi conhecido por êxodo de cérebros), voltaram depois ao país. Foi disputado por diversas universidades, que o queriam em seus quadros.

Sua obra O espaço dividido, de 1979, é hoje considerada um clássico mundial, onde desenvolve uma teoria sobre o desenvolvimento urbano nos países subdesenvolvidos. Suas idéias de globalização, esboçadas antes que este conceito ganhasse o mundo, advertia para a possibilidade de gerar o fim da cultura, da produção original do conhecimento - conceitos depois desenvolvidos por outros. No link abaixo você assiste a tal produção na íntegra, enviada por nossa colega Natalia Dias.


8.11.08

| Geertz


Com cerca de vinte livros publicados, Clifford Geertz foi um dos principais antropólogos do século XX, importante, assim como Claude Lévi-Strauss, não apenas para a própria teoria e prática antropológica, mas também fora de sua área, em disciplinas como a psicologia, a história e a teoria literária.Considerado o fundador de uma das vertentes da antropologia contemporânea - a chamada Antropologia Hermenêutica ou Interpretativa, que floresceu a partir dos anos 50. Geertz, graduado em filosofia e inglês, antes de migrar para o debate antropológico, obteve seu PhD em Antropologia em 1949 e desde então conduziu extensas pesquisas de campo, nas quais se originaram seus livros, escritos essencialmente sob a forma de ensaio. Suas principais pesquisas ocorreram na Indonésia e no Marrocos. Foi o descontentamento com a metodologia antropológica disponível à época de seu estudo, para Geertz, excessivamente abstrata e de certa forma distanciada da realidade encontrada no campo, que o levou a elaborar um método novo de análise das informações obtidas entre as sociedades que estudava. Seu primeiro estudo tinha por objetivo entender a religião em Java. No final, foi incapaz de se restringir a apenas um aspecto daquela sociedade, que ele achava que não poderia ser extirpado e analisado separadamente do resto, desconsiderando, entre outras coisas, a própria passagem do tempo. Foi assim que ele chegou ao que depois foi apelidada de antropologia hermenêutica. Sua tese principia na defesa do estudo de "quem as pessoas de determinada formação cultural acham que são, o que elas fazem e por que razões elas crêem que fazem o que fazem". Uma das metáforas preferidas, para Geertz, para definir o que faz a Antropologia Interpretativa é a da leitura das sociedades como textos ou como análogas a textos. A interpretação se dá em todos os momentos do estudo, da leitura do "texto" cheio de significados que é a sociedade à escritura do texto/ensaio do antropólogo, interpretado por sua vez por aqueles que não passaram pelas experiências do autor do texto escrito . Todos os elementos da cultura analisada devem ser entendidos, portanto, à luz desta textualidade, imanente à realidade cultural. Geertz concordava com a idéia de Levi-Strauss de abordagem etnocêntrica (que o antropólogo estruturalista via como algo positivo) no estudo da área. Segundo Geertz, o risco do etnocentrismo é de aprisionar o homem na sua interpretação pessoal. Geertz afirmou que o problema do homem no estudo antropológico não é de estranhar o outro, mas de estranhar a si mesmo, e ele aconselhava os estudiosos a se conhecerem melhor antes de analisarem outras sociedades.
Fonte: Wikipédia

5.11.08

| Meu Brasil brasileiro!
Vou cantar-te nos meus versos! rs


| E hoje, em 'identidades', a questão da música brasileira como construtora e ratificadora ou legitimadora de uma "identidade nacional" foi problematizada a partir de canções contemporâneas, então entendidas como pós anos 2000, e canções anteriores a este período, englobando o período entre as décadas 50 e 90.


| Este vídeo, compunha uma das apresentações e não pode ser exibido em sala por problemas técnicos. Ele exemplifica, de maneira super bem humorada, a abordagem de uma das duplas q utilizou a questão da 'alteridade', o olhar do "outro", como fator - embasado, nesta análise, em excertos da nossa produção musical - de construção e ratificação ou legitimação dessa "identidade nacional". Nele, Diana Campanella, artista plástica estadounidense, apresenta sua coreografia para a música 'Brasileiro" da cantora Ivete Sangalo. As produções audiovisuais da artista plástica, consistem apenas em vídeos de coreografias livres que improvisa para músicas representativas da cultura pop; Seu bem sucedido canal no youtube, onde exibe esses vídeos, angaria um vertiginoso número de visualizações, de uma audiência que claramente busca o bom humor e ironia daquilo tudo. Uma importante parte dessa audiência é brasileira, e então, pra homenagear a galera do "samba, mulata e futebol", de alguma maneira ela chegou a Ivete Sangalo como referencial, e então à música "Brasileiro", por seu potencial óbvio poder de síntese do "ser brasileiro. Feita a homenagem.
| Detalhe, esta é a segunda versão do vídeo, mas não por quaisquer problemas com a primeira, esta, também está disponível. Na verdade, Diana alega que no momento de uma outra gravação, acidentalmente o cd repetiu a execução de "brasileiro e, já nos primeiros riffs, tomada pelo "espírito, pelo clima brasileiro" ela se sentiu compelida a improvisar uma nova coreografia, um novo vídeo. Divirtam-se!


| Bom, além de suprir esse déficit de uma das apresentações, este post é criado para disponibiliar as canções selecionadas pelos alunos nesta atividade. abaixo, segue a listagem com as músicas el inks para suas letra seguida de um player com a maioria delas disponível para audição.

4.11.08

| Universitários em ação

Hoje saiu uma matéria no blog de Gilberto Dimenstein, jornalista da Folha de São Paulo, que vale à pena ser lida. Copio abaixo e coloco o link para quem se interessar no aprofundamento.
"Urgente: chamem os universitários.
Desde 2006, um grupo de universitários dos mais diferentes cursos está apoiando escolas públicas da periferia de Belo Horizonte. A iniciativa acaba de entrar na história social por causa de um relatório sobre a experiência elaborado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Num projeto batizado de Escola Integrada, a prefeitura de Belo Horizonte ampliou a jornada escolar, oferecendo oficinas (artes, comunicação, lição de casa, reforço escolar, ciências, matemática) em diferentes espaços da comunidade. Parques, praças, clubes, igrejas, por exemplo. Para gerir essa movimentação, cada escola formou um professor comunitário. As oficinas são dadas pelos universitários, que ganham uma bolsa e são orientados por um professor de seus respectivos cursos.
Depois de seus meses de avaliação, os pesquisadores da UFMG concluíram que os estudantes das escolas públicas desenvolveram maior apetite pelo conhecimento e respeito pelos professores; passaram a ler mais e entender melhor o que lêem. Até mesmo aprenderam a se alimentar melhor e cuidar da higiene. Note-se que estamos falando das escolas com as crianças mais vulneráveis.
A chave não é apenas a ampliação da jornada escolar, mas a montagem das redes ( saúde, cultura, assistência social) pelo professor comunitário combinada com o prazer de ensinar dos universitários, desde que monitorados e com um material pedagógico estimulante.
Diante dos resultados apontados pela pesquisa, cujo resumo está neste link, um governante não tem o direito de desconhecer a experiência. Muito menos os prefeitos que acabam de ser eleitos e prometeram melhorar a educação."