11.9.14

Adam Kuper e as civilizações


Adam Kuper é um antropólogo nascido em 1941, ligado à Escola de Antropologia Social. Em seus trabalhos, costuma analisar a cultura em seus usos e seus significados.

Nascido e criado na África do Sul, ele ingressou na Universidade de Witwatersrand em Johannesburg. Seu doutorado, na Universidade de Cambridge, foi baseado no campo de pesquisa no deserto Kalahari, que hoje é conhecido como Botswana. Depois da graduação, ele retornou à África, fazendo diversos trabalhos de campo em Botswana e Uganda e ensinando por três anos na Universidade Makerere, em Kampala. De 1970 a 1976, lecionou na Universidade College London. De 1976 a 1985, ele foi professor de antropologia africana na Universidade Leiden, na Holanda. De 1985 a 2008, foi professor na Universidade Brunel, onde era chefe do Departamento de Ciências Humanas e, mais tarde, chefe do Departamento de Antropologia.

Recebeu o prêmio de pesquisa "Leverhulme Major Research Grant" por dois anos (2003 e 2005), o qual o permitiu gastar mais de seu tempo com pesquisas.

| pequeno dicionário 'kuperiano'


O livro 'Cultura: a visão dos antropólogos' de Adam Kuper (EDUSC, 2002) será trabalhado esta semana em comunicação e cultura. todos já devem estar com cópia do capítulo 1 na mão: 'cultura e civilização: intelectuais franceses, alemães e ingleses, 1930-1958', porém, no texto kuper utiliza algumas palavras em alemão cuja compreensão do sentido é fundamental para uma boa apreensão e conseqüente reflexão deste conteúdo.

Nosso blog está facilitando pra todo mundo e disponibilizando os principais termos utilizados com sua tradução mais apropriada no nosso português.

volk: povo, nação;
geist: espírito, mente;
bildung: educação, instrução, cultura, formação, organização;
wissenschaft: ciência;
kulturwissenschaft: ciência da cultura;
geisteswissenschaften: ciência da mente, do espírito;

fonte: biblioteca uol - dicionário alemão michaelis

10.9.14

| Paradise Now



Em Paradise Now, o diretor e roteirista Hany Abu-Assad passa a mostrar algumas razões que levam pessoas simples e comuns, sem nenhuma espécie de radicalismo político ou religioso e com uma forte ligação familiar, a tomar formas tão drásticas de combate. A partir desta tônica, podemos pensar nos seguintes aspectos: Estariam os homens bombas realmente convictos da necessidade de se explodirem, no intuito de destruir alvos considerados inimigos? Seria a violência a melhor forma de lutar contra um sistema opressor, mesmo sendo ele exageradamente violento, como comprovadamente foi Israel em relação à Palestina? Como convivemos com a diferença? São inúmeras as questões levantadas em virtude desse longo e discutido conflito. Pensemos e analisemos algumas dessas questões levantadas pelo filme.




9.9.14

LÉVI-STRAUSS


Lévi-Strauss, considerado o pai da antropologia estrutural, faleceu em outubro de 2009, próximo de completar seus 101 anos e até então continuou na ativa refletindo sobre o mundo em que vivemos. Em "Tristes Trópicos", uma de suas principais publicações, ele assim se define:
"É assim que me identifico, viajante, arqueólogo do espaço, procurando em vão reconstituir o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços."

Abaixo reproduzo parte da entrevista que ele deu para a Folha de São Paulo, em 1993 (leia na íntegra). Essa entrevista foi posteriormente publicada no livro "Artes do Conhecimento", que compila, juntamente com "Conhecimento das Artes", as consideradas 100 melhores entrevistas publicadas pelo caderno cultural Mais!, também da Folha.

FOLHA DE SÃO PAULO - O relativismo antropológico, do qual o senhor é um fundador...
LÉVI-STRAUSS - De jeito nenhum. Não sou o fundador do relativismo antropológico. Ele existe desde Montaigne [1533-92]

FOLHA - De qualquer jeito, o relativismo antropológico não teria reproduzido nas sociedades ocidentais contemporâneas um pensamento análogo, uma estrutura equivalente hoje à ideologia bipartida dos ameríndios, já que propõe a co-habitação com culturas exteriores?
LÉVI-STRAUSS - Alguns podem fazê-lo e pensar dessa forma talvez. Mas eu não iria tão longe. Para mim o relativismo cultural não tem conteúdo positivo. É simplesmente a constatação de que não dispomos nenhum critério absoluto para julgar uma cultura em relação à outra. Eu paro diante dessa incapacidade. Não tento substituí-la por algo positivo, como seria a doutrina da Unesco, por exemplo.

FOLHA - O senhor sempre tomou o partido da ciência, mas, na releitura de Montaigne que faz em a História do Lince mostra também suas distâncias em relação a uma fé no conhecimento. O senhor se tornou mais cético em relação à ciência?
LÉVI-STRAUSS - A lição que tirei de Montaigne é que estamos condenados a viver e pensar simultaneamente em vários níveis e que esses níveis não incomensuráveis. Há saltos existenciais para passar de um a outro. O último nível é um ceticismo integral. Mas não se pode viver com ceticismo integral. Seria preciso se suicidar ou se refugiar nas montanhas. Somos obrigados a viver ao mesmo tempo em outros níveis em que esse ceticismo está moderado ou totalmente esquecido. Para fazer ciência, é preciso fazer como se o mundo exterior tivesse uma realidade e como se a razão humana fosse capaz de compreendê-lo. Mas é "como se".

Texto "Raça e História" - Lévi-Strauss

Alunos de Comunicação e Cultura! Próxima semana começamos a analisar o texto de Lévi-Strauss - "Raça e História", que pode ser encontrado aqui.