30.11.08
29.11.08
| Parabéns a nossos monitores!
Semana passada tivemos a XI Semana de Monitoria da UFF. Nossos brilhantes monitores apresentaram os relatos de suas experiências durante o ano de 2008. São eles: Felipe Escarlate, Maria Izabel Ferrari, Nicole Araújo, Ana Carolina Bull, Flávia Neves, Adriana Carneiro e Sayd Mansur.
Gostaria, especialmente, de agradecer o intenso e competente trabalho desenvolvido pelo nosso monitor Felipe, que acompanhou todas as atividades desenvolvidas esse ano nas disciplinas de Comunicação e Cultura, Globalização e Comunicação e Identidades na Contemporaneidade. Muito obrigado.
Claro que, por fim, gostaria de parabenizar Maria Izabel, a representante de nosso curso na segunda etapa, e que foi premiada com o melhor relato de monitoria da área de Ciências Sociais Aplicadas da UFF. PARABÉNS!!!! Competência e criatividade recompensadas.
28.11.08
| “O homem torna-se tudo ou nada, conforme a educação que recebe”
TESE DE MESTRADO NA USP por um PSICÓLOGO
'O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE'
'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível'
No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: 'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.
Fernando Braga da Costa - Meu orientador desde a graduação, o professor José Moura Gonçalves Filho, sugeriu aos alunos, como uma das provas de avaliação, que a gente se engajasse numa tarefa proletária. Uma forma de atividade profissional que não exigisse qualificação técnica nem acadêmica. Então, basicamente, profissões das classes pobres.
Diário - Com que objetivo?
A função do meu mestrado era compreender e analisar a condição de trabalho deles (os garis), e a maneira como eles estão inseridos na cena pública. Ou seja, estudar a condição moral e psicológica a qual eles estão sujeitos dentro da sociedade. Outro nível de investigação, que vai ser priorizado agora no doutorado, é analisar e verificar as barreiras e as aberturas que se operam no encontro do psicólogo social com os garis.
Diário - Que barreiras são essas, que aberturas são essas, e como se dá a aproximação? Quando você começou a trabalhar, os garis notaram que se tratava de um estudante fazendo pesquisa?
Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa e tal. Chegando lá eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário, recém-contratado pela USP pra varrer rua com eles. Mas os garis sacaram logo, entretanto nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulato sem geral. Eu sou branquelo, mas isso talvez não seja o diferencial,porque muitos garis ali são brancos também. Você tem uma série de fatores que são ainda mais determinantes, como a maneira de falarmos, o modo de a gente olhar ou de posicionar o nosso corpo, a maneira como gesticulamos.. Os garis conseguem definir essa diferenças com algumas frases que são simplesmente formidáveis.
Diário - Dê um exemplo.
Nós estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear com um dos garis.De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos de idade,subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha de couro na mão.O sujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas situações. O gari, sem se referir claramente ao homem que acabara de passar, virou-se pra mim e começou a falar: 'É Fernando, quando o sujeito vem andando você logo sabe se o cabra é do dinheiro ou não. Porque peão anda macio, quase não faz barulho. Já o pessoal da outra classe você só ouve o toc-toc dos passos. E quando a gente está esperando o trem logo percebe também: o peão fica todo encolhidinho olhando pra baixo. Eles não. Ficam com olhar só por cima de toda a peãozada, segurando a pastinha na mão'.
Diário - Quanto tempo depois eles falaram sobre essa percepção de que você era diferente?
Isso não precisou nem ser comentado, porque os fatos no primeiro dia de trabalho já deixaram muito claro que eles sabiam que eu não era um gari.Fui tratado de uma forma completamente diferente. Os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem ferramentas também. Eles não deixaram eu viajar na caçamba,quiseram que eu fosse na cabine. Tive de insistir muito para poder viajar com eles na caçamba. Chegando no lugar de trabalho, continuaram me tratando diferente.As vassouras eram todas muito velhas. A única vassoura nova já estava reservada para mim. Não me deixaram usar a pá e a enxada, porque era um serviço mais pesado. Eles fizeram questão de que eu trabalhasse só com a vassoura e, mesmo assim, num lugar mais limpinho, e isso tudo foi dando a dimensão de que os garis sabiam que eu não tinha a mesma origem socioeconômica deles.
Diário - Quer dizer que eles se diminuíram com a sua presença?
Não foi uma questão de se menosprezar, mas sim de me proteger.
Diário - Eles testaram você?
No primeiro dia de trabalho paramos pro café.. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.
Diário - O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar,não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.
Diário - E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.
Diário - E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicosocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses Homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador.Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'.
23.11.08
| Cultura e identidade juvenil em tempos de globalização
O jovem se encontra na linha de frente de tais transformações . Com baEse nisso, desenvolvemos uma pesquisa para tentarmos entender o que eles pensam nos dias de hoje com relação a identidade. Foram entrevistados 42 jovens, de classe média urbana, de idade entre 17 a 25 anos, fazendo as seguintes perguntas: Quem você é? Com quem ou com o que você se identifica? O que é identidade para você?
Tal pesquisa foi transformada em duas aulas, apresentadas nas disciplinas Identidades Culturais na Contemporaneidade e Comunicação e Cultura. Esse trabalho foi coordenado por Felipe Escarlate, monitor, e auxiliado pelos alunos de Identidades Amanda Vieira, Anete Moura, Débora Gonçalves, Susana Santos e Vanessa Villela.
Com base nos resultados obtidos comprovamos que, cada vez mais, a construção da identidade é dinâmica e instável . Somos objetos e também sujeitos de uma construção de uma identidade própria e também colaboradores de uma identidade coletiva. Abaixo mostramos algumas respostas das entrevistas.
Quem você é?
> Eu sou eu, aluna do GPI, 2º ano. Estudo lá desde o 1º ano. (Amanda, 17 anos)
> Bom... uma pessoa amiga, companheira, sincera e... só. (Antônio, 18 anos)
> Filha da minha mãe e do meu pai. Dentista. (Luciana, 23 anos)
> Sou Fabiana, tenho 24 anos e faço enfermagem. Sou uma pessoa de bem com a vida. Adoro meus amigos, adoro festa, bagunça. (Fabiana, 24 anos)
Com quem ou com o que você se identifica?
> Com a minha mãe. (Nathalia, 17 anos)
> Comigo mesmo. Só eu me entendo. (Carolina, 18 anos)
> Com as músicas do Renato Russo, com a África e com as crianças. (Letícia, 20 anos)
> Com o jeito da minha amiga Paty. (Maria Izabel, 23 anos)
O que é identidade para você?
> Personalidade. (Patrícia, 22 anos)
> É quem de fato a gente é. É o nosso caráter, é a sua característica. É o que caracteriza você como pessoa. (Débora, 24 anos)
> Eu. (Lediane, 25 anos)
> Ser apenas quem você é sem o universo que nos cerca. (Nathalia, 20 anos)
18.11.08
| Tango
9.11.08
| O espaço dividido
Sua obra O espaço dividido, de 1979, é hoje considerada um clássico mundial, onde desenvolve uma teoria sobre o desenvolvimento urbano nos países subdesenvolvidos. Suas idéias de globalização, esboçadas antes que este conceito ganhasse o mundo, advertia para a possibilidade de gerar o fim da cultura, da produção original do conhecimento - conceitos depois desenvolvidos por outros. No link abaixo você assiste a tal produção na íntegra, enviada por nossa colega Natalia Dias.
8.11.08
| Geertz
Com cerca de vinte livros publicados, Clifford Geertz foi um dos principais antropólogos do século XX, importante, assim como Claude Lévi-Strauss, não apenas para a própria teoria e prática antropológica, mas também fora de sua área, em disciplinas como a psicologia, a história e a teoria literária.Considerado o fundador de uma das vertentes da antropologia contemporânea - a chamada Antropologia Hermenêutica ou Interpretativa, que floresceu a partir dos anos 50. Geertz, graduado em filosofia e inglês, antes de migrar para o debate antropológico, obteve seu PhD em Antropologia em 1949 e desde então conduziu extensas pesquisas de campo, nas quais se originaram seus livros, escritos essencialmente sob a forma de ensaio. Suas principais pesquisas ocorreram na Indonésia e no Marrocos. Foi o descontentamento com a metodologia antropológica disponível à época de seu estudo, para Geertz, excessivamente abstrata e de certa forma distanciada da realidade encontrada no campo, que o levou a elaborar um método novo de análise das informações obtidas entre as sociedades que estudava. Seu primeiro estudo tinha por objetivo entender a religião em Java. No final, foi incapaz de se restringir a apenas um aspecto daquela sociedade, que ele achava que não poderia ser extirpado e analisado separadamente do resto, desconsiderando, entre outras coisas, a própria passagem do tempo. Foi assim que ele chegou ao que depois foi apelidada de antropologia hermenêutica. Sua tese principia na defesa do estudo de "quem as pessoas de determinada formação cultural acham que são, o que elas fazem e por que razões elas crêem que fazem o que fazem". Uma das metáforas preferidas, para Geertz, para definir o que faz a Antropologia Interpretativa é a da leitura das sociedades como textos ou como análogas a textos. A interpretação se dá em todos os momentos do estudo, da leitura do "texto" cheio de significados que é a sociedade à escritura do texto/ensaio do antropólogo, interpretado por sua vez por aqueles que não passaram pelas experiências do autor do texto escrito . Todos os elementos da cultura analisada devem ser entendidos, portanto, à luz desta textualidade, imanente à realidade cultural. Geertz concordava com a idéia de Levi-Strauss de abordagem etnocêntrica (que o antropólogo estruturalista via como algo positivo) no estudo da área. Segundo Geertz, o risco do etnocentrismo é de aprisionar o homem na sua interpretação pessoal. Geertz afirmou que o problema do homem no estudo antropológico não é de estranhar o outro, mas de estranhar a si mesmo, e ele aconselhava os estudiosos a se conhecerem melhor antes de analisarem outras sociedades.
4.11.08
| Universitários em ação
Num projeto batizado de Escola Integrada, a prefeitura de Belo Horizonte ampliou a jornada escolar, oferecendo oficinas (artes, comunicação, lição de casa, reforço escolar, ciências, matemática) em diferentes espaços da comunidade. Parques, praças, clubes, igrejas, por exemplo. Para gerir essa movimentação, cada escola formou um professor comunitário. As oficinas são dadas pelos universitários, que ganham uma bolsa e são orientados por um professor de seus respectivos cursos.
Depois de seus meses de avaliação, os pesquisadores da UFMG concluíram que os estudantes das escolas públicas desenvolveram maior apetite pelo conhecimento e respeito pelos professores; passaram a ler mais e entender melhor o que lêem. Até mesmo aprenderam a se alimentar melhor e cuidar da higiene. Note-se que estamos falando das escolas com as crianças mais vulneráveis.
A chave não é apenas a ampliação da jornada escolar, mas a montagem das redes ( saúde, cultura, assistência social) pelo professor comunitário combinada com o prazer de ensinar dos universitários, desde que monitorados e com um material pedagógico estimulante.
Diante dos resultados apontados pela pesquisa, cujo resumo está neste link, um governante não tem o direito de desconhecer a experiência. Muito menos os prefeitos que acabam de ser eleitos e prometeram melhorar a educação."
22.10.08
| Tylor, Malinowski e Thompson
Edward Burnett Tylor (Londres, 2 de outubro de 1832 — Wellington, 2 de janeiro de 1917) foi um antropólogo britânico. Era irmão do geólogo Alfred Tylor. Considerado o pai do conceito moderno de cultura, Tylor filia-se à escola evolucionista. Sua principal obra é Primitive Culture (1871). Tylor é considerado um representante do evolucionismo cultural. Em seus trabalhos Cultura primitiva e Antropologia, ele definiu o contexto do estudo científico de antropologia, baseado nas teorias evolucionárias de Charles Darwin. Ele acreditava que existia uma base funcional para o desenvolvimento da sociedade e religião, que ele determinou ser universal. Reintroduziu o termo animismo (a fé na alma individual ou anima de todas as coisas e manifestações naturais) no senso comum. Ele considerou animismo como o primeiro estágio de desenvolvimento de todas as religiões.
Antropólogo polonês nascido em Cracóvia, Bronislaw Kasper Malinowski foi um dos mais importantes antropólogos do século XX e conhecido como o fundador da antropologia social. Formado em filosofia pela Universidade Jagelloniana, de Cracóvia (1908), matriculou-se na Escola de Ciências Econômicas e Políticas de Londres (1910), onde a antropologia acabara de entrar para o currículo. Conquistou renome nos círculos antropológicos com ensaios sobre os aborígines australianos. Viajou para a Nova Guiné (1914) a fim de pôr em prática um projeto de pesquisa e desenvolver estudos de campos entre os aborígines da Oceania. Doutorado em ciência pela Universidade de Londres (1916), mudou-se para as ilhas Trobriand, no sudoeste do Pacífico (1915-1918), onde conviveu com os nativos. Morou numa tenda, aprendeu a língua e os costumes e, assim, desenvolveu um estudo profundo sobre suas instituições sociais, relações de trabalho, sexo, casamento e vida familiar, suas leis e costumes, magia e mitos, criando as bases da sua antropologia social. Voltou à Universidade de Londres (1927) e foi para os Estados Unidos (1938) ensinar na Universidade de Yale. Casou-se com a pintora Anna Valetta Hayman-Joyce (1940) e foi para o México, para realizar pesquisas antropológicas sobre comunidades indígenas. Morreu em New Haven, Connecticut, Estados Unidos, e suas principais publicações foram The Natives of Mailu (1915), Argonauts of the Western Pacific (1922) e a póstuma A Scientific Theory of Culture (1944).
John B. Thompson é sociólogo, professor da Universidade de Cambridge e membro do conselho de administração em Jesus College, Cambridge. Um dos temas-chave em seu trabalho é o papel dos meios de comunicação social na transformação do espaço e do tempo na vida social e na criação de novas formas de ação e de interação para além do tempo e do espaço. Muito influenciado pela hermenêutica, ele aprofunda-se nos estudos da comunicação e suas utilizações, intimamente ligado com o contexto social. Outros conceitos-chave no trabalho de Thompson são: a transformação de visibilidade, os meios de comunicação social e de tradição, de identidade e de projeto simbólico.
15.10.08
| Chauí, como de praxe
12.10.08
| Cultura e o senso comum
Pelo que foi desenvolvido em sala e de acordo com as pesquisas elaboradas pelos grupos, reunimos algumas das respostas dadas a cerca das perguntas: "O que é cultura?" e "Qual a sua cultura?". Trabalho de pesquisa de campo realizado pelos alunos, abarcando crianças, adolescentes, jovens e adultos. O mais constante encontrado, esse senso comum da cultura, foi associado às crenças, aos hábitos e aos costumes; ao conhecimento adquirido (formação acadêmica); ao nível de informação possuído e também relacionado com a experiência de vida. Outro aspecto interessante foi ver que algumas pessoas não souberam rebater qual seria sua cultura, além de falarem que estaria em processo de construção. Abaixo vemos alguns trechos do que foi respondido, de acordo com as diferentes faixas etárias. Os links dão acesso ao trabalho na íntegra.
> "Cultura é todo conhecimento, saber adquirido. Minha cultura é limitada e atrasada, porque hoje em dia tudo está muito avançado, rápido. Perdi o fio da meada dessa geração." (Josefina, 79 anos, com ensino médio incompleto)
Amanda Vieira, Anete Moura, Carolina Ramos e Débora - Download para o trabalho na íntegra
> "Cultura é um conjunto de tradições passadas de geração a geração. É difícil de dizer qual a minha cultura, pois sou influenciado por várias culturas, ainda mais nesse mundo globalizado." (Thiago, 20 anos, com ensino superior incompleto)
Débora Nunes, José Leonardo Tadaiesky, Lianne da Cruz, Milton Batista e Thiago Lopes - Download para o trabalho na íntegra
> "Cultura é o que difere os povos, cada um tem a sua e se reconhece pertencendo a ela. Minha cultura é aquilo que, ao mesmo tempo, me faz pertencer a uma sociedade e me diferencia enquanto sujeito único." (Roberto, 53 anos, com ensino superior completo)
Alan Pessanha, Denise Nascimento, Isabel Dias, Michelli Giovanelli e Maria Beatriz Fafiães - Download para o trabalho na íntegra
> "Cultura é o que cada um aprende e de uma certa forma utiliza. Acho que minha cultura ainda não está formada." (Camila, 16 anos, ensino médio incompleto)
Chrissie Elorza, Gabriel Pereira, Isis Mesquita, Sara Faro e Thaíse Bernardes - Download para o trabalho na íntegra
> "Cultura são seus hábitos, que condizem com o seu local. A minha é ter crescido com o nome de Carlos Henrique, ser brasileiro e gostar de futebol. Se eu tivesse nascido na Itália, por exemplo, provavelmente ia me chamar Antônio e comer macarrão. E seria nisso que ia acreditar. Cultura é como se fosse uma crença." (Carlos Henrique, 27 anos, com ensino superior completo)
Bárbara Defanti, Érica Ribeiro, Érica Sarmet e Thaís Rodrigues - Download para o trabalho na íntegra
> "Cultura é história. É saber o que aconteceu antes de nós. A minha é a família e saber de onde ela veio." (Maria Luisa Bessa, 9 anos, ensino fundamental incompleto)
Amanda Cinelli, Carolina Câmara, Elisa de Simoni, Gyssele Mendes, Larissa Castanheira e Natalia Dias
7.10.08
| Cultura, uma pequena introdução
14.9.08
| O ano em que meus pais saíram de férias
1.9.08
| “El Tango: un relato de identidad.”
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CULTURAIS E MÍDIA
Palestra com Mónica Bueno
“El Tango: un relato de identidad.”
Mónica Bueno é professora e pesquisadora da Universidade Nacional de Mar del Plata. Coordena o grupo de pesquisa “Cultura e política na Argentina”, do Centro de Letras Hispano-americanas e do projeto de pesquisa “Políticas de resistência nas ditaduras do Brasil e Argentina”, também é uma das editoras de Margem-Márgenes, revista bilateral Brasil-Argentina de crítica cultural.
Data: 08 de setembro de 2008, às 15 horas.
Local: Auditório do Programa de Pós-Graduação, Rua Tiradentes, nº 148 - Ingá – Niterói.
Coordenação: Prof. Marildo José Nercolini
24.8.08
| O Alienista
| Uma análise do conto, pelo professor Walter Rossignoli
| Alguns pontos da história a serem debatidos, propostos pela seção de Literatura do portal IG
13.8.08
| Benvindos
Os programas das disciplinas a serem trabalhadas este semestre são os seguintes:
Identidades Culturais na Contemporaneidade
Ementa:
Conceituação de identidade. Identidade e alteridade. As construções históricas acerca da relação entre sujeito e identidade. Lealdades primordiais: as idéias de nação, grupo étnico, comunidade lingüística e compartilhamento de crenças. Fluxos e redes, múltiplas configurações. A hibridização da cultura na contemporaneidade. Relação entre mídia e a configuração das identidades culturais. Música e construção identitária.
Objetivos:
Analisar a identidade como construção histórica e situar a discussão no momento contemporâneo, relacionando com o processo de globalização, a mídia e as novas tecnologias. Por fim, estabelecer uma análise da relação entre a MPB e do Rock Nacional Argentino na construção, respectivamente, das identidades brasileira e argentina contemporâneas.
UNIDADES
I - O conceito de identidade e sua relação com a alteridade.
II - Identidade, discurso e narrativa.
III - Identidade, memória e projeto.
IV – Nação e identidade nacional
V - Identidade e globalização: o local, o nacional e o global na configuração de identidades híbridas.
VI - Identidade, cultura midiática e novas tecnologias
VII - Música e a construção da identidade nacional:
– MPB Anos 60
- MPB contemporânea
- Rock Argentino Anos 60
- Rock Argentino contemporâneo
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ANDERSON, Benedict. Nação e consciência nacional. São Paulo, 1989.
BUARQUE DE HOLLANDA, Heloísa. “A academia entre o local e o global”. IN: MIRANDA, Wander Melo (org.). Narrativas da Modernidade. Belo Horizonte: Autêntica , 1999. p. 345-356. (Tenho versão que envio por e-mail)
CASTELLS, M. “Introdução” e “Paraísos comunais: identidade e significado na sociedade em rede”. IN: O poder da Identidade. Vol. 2 de A Era da Informação: Economia, sociedade e cultura. SP, Paz e Terra, 1999, pp. 17-92.
FEATHERSTONE, Mike. O desmanche da cultura. São Paulo: Nobel, 1997.
FORD, Aníbal. “Da aldeia global ao conventillo global”. In: ________. Navegações: comunicação, cultura e crise. Rio de Janeiro: UFRJ, 1999. p.58-86.
GARCÍA CANCLINI, N. “ Entrada ” e “ Contradições latino-americanas: modernismo ou modernização”. In: Culturas Híbridas. São Paulo: Edusp.1997. p. 17-30 e 67-97.
GARCÍA CANCLINI, N. “As identidades como espetáculo multimídia”. In: __________. Consumidores e cidadãos. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997. p. 139-153
GARRAMUÑO, Florência. Modernidades Primitivas: tango, samba y nación. Buenos Aires: Fondo de Cultura Econômica, 2007. p. 15-41.
GUELFI, Maria Lúcia Fernandes. “Identidade cultural numa perspectiva pós-moderna.” Revista Gragoatá, Niterói: EDUFF, n.1, p-137-149, 2.sem.1996.
HALL, Stuart. “Para Allon White. Metáforas de transformação”. IN: Da diáspora. Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte, Ed. UFMG, 2003, pp.219-244.
HALL, Stuart. A identidade cultural na Pós-modernidade. Rio de Janeiro, DP&A Editora, 1997.
HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.
KELLNER, Douglas. A cultura da mídia. São Paulo, EDUSC, 2001, pp. 295-334.
MAIA, Rousiley. “Identidades coletivas: negociando novos sentidos, politizando as diferenças”. IN: Contrampo – revista da Pós-Graduação em Comunicação da UFF. Niterói, UFF, nº 5, 2000, pp.47-66.
NERCOLINI, Marildo José. "Entre o local , o nacional e o global: MPB e Rock Argentino agenciando identidades e culturas",. Grumo , Buenos Aires, Rio de Janeiro: 7 Letras. Editores: Diana I. Klinger... [et al.], n.6, vol.1, 2007, pp. 114-123.
NERCOLINI, Marildo José. “A MPB repensa identidade e nação”. Revista FAMECOS, Porto Alegre, n.31, dezembro de 2006, p.125-132.
POLLAK, Michael. “Memória e identidade social”. IN: Revista Estudos Históricos, 10, 1992/1. Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/104.pdf.
SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna. Intelectuais, arte e videocultura na Argentina. Rio de Janeiro, Ed.UFRJ, 2004, pp. 53-98.
SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. Belo Horizonte, UFMG, 2003.
SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Identidade e diferença. Petrópolis, Vozes, 2000.
VELHO, Gilberto. Projeto e Metamorfose: Antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro, Zahar, 1994.WOODWARD, Kathryn. “Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual”. IN: SILVA, Tomaz (org.). Identidade e diferença. Petrópolis, Vozes, 2000, pp. 7-72.
Comunicação e Cultura
Ementa: Cultura, um conceito polissêmico. Natureza e Cultura. Sociedade e Cultura: agentes e grupos sociais. A escola funcionalista e o estrutural-funcionalismo: cultura e instituições sociais. A concepção estruturalista. Antropologia interpretativa: a cultura como rede de significados, a cultura como texto. Cultura e identidade nas sociedades contemporâneas. Mídia, cultura e globalização.
Programa:
1. Cultura: conceito e história:
1.1 Cultura e natureza; cultura e civilização.
1.2 Cultura: histórico do conceito.
1.3 Diversidade Cultural.
2. Diferentes concepções de cultura: cultura como conceito polissêmico.
2.1 A escola funcionalista.
2.2 A concepção estruturalista.
2.3 A cultura como rede de significados e a cultura como texto.
2.4 A visão culturalista.
4. Cultura e identidade nas sociedades contemporâneas.
5. Cultura na era da globalização:
5.1 Cultura como recurso.
5.2 Cultura, globalização e sociedade civil.
5.3 Cultura, consumo e cidadania.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
BUARQUE DE HOLLANDA, Heloísa . “Políticas da produção de conhecimento em tempos globalizados”. In: MIRANDA, Wander Melo (org.). Narrativas da Modernidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p. 345-356.
CEVASCO, Maria Elisa. Para ler Raymond Williams. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
CHAUÍ, Marilena. Conformismo e Resistência. São Paulo: Brasiliense, 1994.
EAGLETON, Terry. A idéia de Cultura. São Paulo: UNESP, 2005.
GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas híbridas. São Paulo: EDUSP, 1997.
_____________. Diferentes, desiguais e desconectados. RJ: Editora UFRJ, 2005.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
HALL, Stuart. Identidades culturais na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.
____________. “A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções do nosso tempo”, Educação & Realidade, n. 22, p. 15-46, jul-dez 1997.
KUPER, Adam. Cultura: a visão dos antropólogos. Bauru: EDUSC, 2002.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. RJ: Jorge Zahar, 2005.
LÉVI-STRAUSS, Claude. “Raça e História”. In: __________. Antropologia estrutural – dois. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993. 4 ed.
MAIA, Rousiley. Identidades coletivas: negociando novos sentidos, politizando as diferenças, Contracampo, Niterói: IACS, n.5, segundo semestre 2000, p.47-66.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. “Globalização comunicacional e transformação cultural”. In: MORAES, Denis de (org.). Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2004.
MORAES, Denis de (org.). Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2004.
____________ (org). Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006.
SANTOS, José Luis dos. O Que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Primeiros Passos, 10).
SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna: intelectuais, arte e videocultura. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2000.
THOMPSON, J.B. Uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1998.WILLIAMS, Raymond. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. 2ª ed.
5.8.08
| Trabalhos finais de Globalização - parte 5
28.7.08
| Trabalhos finais de Globalização - parte 4
| Caso queiram ouvir mandem um email para ffescarlate@yahoo.com.br
| Jornal (parte externa)
24.7.08
| TEKOÁ
Parte 1
Parte 2
15.7.08
| Trabalhos finais de Globalização - parte 3
12.7.08
| Trabalhos finais de Globalização - parte 2
9.7.08
| Trabalhos finais de Globalização - parte 1
4.7.08
| O Gol
23.6.08
| Estilo de vida Vegan
Como (e por que) ser magra & poderosa?
A experiência corporal na contemporaneidade encerra inúmeros paradoxos: a corpolatria (culto exacerbado do corpo) aliada a um horror por sua condição material necessariamente contingente, a epidemia de obesidade sem o lógico e subseqüente extermínio da fome e o convívio do imperativo do gozo e do prazer – que configura certo hedonismo – com o imperativo de purificação – que se manifesta através de uma série de privações e sacrifícios – são apenas alguns destes paradoxos (SIBILIA, 2006).
Localizar a estrutura paradoxal que alicerça muito dos discursos que sintomatizam, ao mesmo tempo em que conformam a relação de nossa sociedade com o corpo é o que pretendemos neste trabalho. Vamos nos deter mais especificamente no livro Magra & poderosa: um guia franco e sem meias palavras para você deixar de comer besteira e ficar maravilhosa!, escrito pela ex-agente da Ford Models, Rory Freedman e pela mestre em nutrição holística e ex-modelo, Kim Barnouin. Este livro converteu-se em fenômeno editorial depois que a ex-spice girl, Victoria Beckham foi fotografada com um exemplar em mãos. Por conta da tal fotografia, o livro deixou a posição 77.938 da lista dos mais vendidos e, sofrendo o chocante acréscimo de 37.000% nas vendas, alcançou o primeiro lugar na lista do New York Times.
O best-seller de Freedman e Barnouin é atravessado por um tom bastante agressivo e radical (de acordo com o subtítulo da edição brasileira: sem meias palavras) no que tange ao seu projeto de “purificação corporal” através da adoção do estilo de vida vegan. Apesar de cooptar, para fortalecer seus argumentos lipofóbicos, uma série de fenômenos que, em um primeiro momento poderiam parecer novos neste tipo de discurso, por desvelarem, por exemplo, as complexas e ardilosas relações entre capital, indústria alimentícia e políticas públicas de saúde, Magra & poderosa aparece no terreno contemporâneo de dietas, exercícios e cirurgias como fenômeno repleto de peculiaridades, que pode estar prenunciando uma maior elegância dos imperativos bioascéticos.
Essa maior elegância não se dá na direção de um apaziguamento do sofrimento, implicado nos sacrifícios que configuram as práticas bioascéticas, mas por uma suposta implementação de uma dimensão política que re-significa tais práticas. Se a prática da ascese – que atravessou inúmeros momentos históricos – implica em um processo de subjetivação, na delimitação e reestruturação das relações sociais, é um fenômeno social e político e está ligada à vontade, a ascese contemporânea (bioascese) tem como processo de subjetivação correspondente a formação de bio-identidades. Essa biossociabilidade configura-se como forma de sociabilidade apolítica constituída por grupos de interesses privados, que se constituem não mais a partir de critérios como raça, classe, estamento, orientação política, mas segundo critérios de saúde, performances corporais, doenças específicas, longevidade, etc (ORTEGA, 2002; RABINOW, 1999).
A inserção da ascese na vida cotidiana inaugurada pela ética puritana, conforme postulou Weber (2004), passou por um notável processo de secularização quanto a seus fins. Magra & poderosa serve-nos aqui como um potente ponto de partida na cartografia dos novos sentidos que essas práticas de ascese intramundana vêm assumindo na sociedade contemporânea. Se esta expansão das práticas ascéticas para o terreno mais amplo da vida cotidiana – segundo a arguta visão de Weber – constituiu o solo “espiritual” sobre o qual se alicerçou o capitalismo moderno, suspeitamos que os novos sentidos que tais práticas adquirem em nossa sociedade podem auxiliar na compreensão do “espírito” do capitalismo contemporâneo.
Por Ícaro Ferraz Vidal
15.6.08
| Telencéfalos altamente desenvolvidos e o polegar opositor
O autor do curta foi muito perspicaz ao elaborar as comparações e contradições nele presentes. Há momentos em que ele evidencia muito bem os fatos e outros em que ele é bastante sutil e nos faz refletir profundamente sobre o assunto. Um ótimo exemplo disso é a parte em que mostra os judeus. O narrador disserta sobre as características deles como ser humano: telencéfalo altamente desenvolvido, polegares opositores e livres. As imagens, porém, mostram os mesmo não sendo tratados como tal. Isso só foi possível graças ao etnocentrismo que foi o fundamento ideológico do nazismo, já que esse afirmava a superioridade da raça ariana e a inferioridade dos povos judeus. O etnocentrismo causa a xenofobia, o racismo e o chauvinismo. Outra reflexão acerca do “Ilha das Flores” é sobre a noção de progresso, pois o ser humano mesmo com todas as vantagens que o difere de tomates, baleias, galinhas e porcos criou a bomba atômica, uma arma de destruição em massa. Será que é certa essa noção de progresso? (Lévi-Strauss)
A hegemonia cultural acontece quando as idéias de determinado grupo se impõe dentro do contexto sociológico de uma comunidade, sendo assim, consumo passa a ser imprescindível no contexto de uma sociedade capitalista. Essa idéia é representada por Jorge Furtado justamente pela simbologia do consumismo: aos que possuem dinheiro é dada a opção de comprar o produto em bom estado ou não, o tomate, por exemplo, já os desafortunados moradores da Ilha das Flores possuem somente a liberdade, mas pela falta de renda, têm de se submeter a condições subumanas, e precisam comer alimentos recusados pelos assalariados, alimentos impróprios até mesmo para porcos. Se recordar é viver, por que não citar Mem de Sá? No seu governo aconteceu o que uns chamam de pacificação dos índios Tamoios, já outros, preferem chamar de aculturação de um povo; portugueses exterminando bela parte da cultura indígena seja pela força ou pela catequese. Já que estudamos o passado para compreendermos o nosso presente, vemos claramente uma das várias contradições expostas no curta: a prova de História, que simboliza o estudo, a erudição, sendo lançada aos porcos, tendo como serventia a alimentação de seres que não possuem nem ao menos um polegar opositor. Eu acho isso um insulto, pois acredito em uma classe trabalhadora intelectualizada (e feliz). Afinal o que separa aqueles que usam seu telencéfalo altamente desenvolvido e seu polegar opositor para contar dinheiro e os que os utilizam para catar lixo? É, meus caros...o capital, sempre o capital. (Gramsci)
Uma característica interessante que observei no documentário "Ilha das Flores" é que o diretor optou em construir suas análises se baseando no pensamento dialético. Ele busca elementos conflitantes sobre o ser humano para tentar mostrar uma nova situação decorrente desse conflito. Posso dizer que o filme transforma em tese o fato do homem ter o encéfalo desenvolvido e o polegar opositor, ou seja, se difere dos demais animais por possuir a capacidade de raciocínio, desenvolvendo assim uma habilidade física e mental única do homem. Ao mesmo tempo me confronto com uma antítese que mostra o ser humano como um animal decadente, pois em momentos da vida se mostra menos valorizado que um porco, quando é sujeitado por falta de recursos a comer restos e a viver abaixo da linha de pobreza. A dialética é considerada como o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação. Sendo assim, o filme me direciona para uma síntese: O homem simultaneamente possui uma capacidade de raciocínio e é vulnerável quando desprovido de renda. O filme anexa essa característica ao fato de sermos livres, nessa falsa liberdade que vivem uns por serem dependentes do capitalismo e de uma liberdade onde sem recursos seria preferível ter um dono que te ampare. (Hegel)
Apesar do tom científico dado à narração do documentário, mantenho minha análise no caminho da interpretação das formas simbólicas apresentadas no curta. A dinâmica que aparece no filme mostra a movimentação aparentemente "natural" de indivíduos e mercadorias dentro de uma sociedade capitalista. Mostra os hábitos e práticas automatizados pelo sistema que acabam sendo aceitas como "inatas". É uma cultura e, como mostra o próprio documentário, fruto de uma construção social. Há os que estão no comando. É nessa hora que o filme nos faz mudar de uma análise cultural para um conflito de amplitude maior, onde o homem é levado à condição subumanas de sobrevivência. Uma questão que ultrapassa as individualidades de qualquer cultura. (Geertz)
Grupo: Bárbara Futuro, Carolina Braga, Fabrício Serejo, Letícia da Costa, Luiza Teixeira e Marília Dias
“Eu sou a dona Anete. Eu faço compras no supermercado para onde o Sr. Susuki vende seus tomates. Aquele japonês é um irresponsável. Por causa de sua plantação, a água da minha casa foi contaminada por agrotóxicos e meus filhos ficaram muito doentes. Não sei como o governo não faz nada a respeito para coibir a entrada desses imigrantes forasteiros. Com certeza não devem ter conseguido nada naquela maldita São Paulo e vieram para cá ocupar nosso espaço. Quando eu vou vender meus perfumes na casa da minha amiga, ela me conta barbaridades do Sr. Suzuki. Disse-me uma vez que ele e sua família comem no chão, como animais. Coitados de seus filhos! Além do mais, toda a vez que eu compro tomates, sempre vem algum com defeito. Eu devo prezar pela saúde da minha família que tanto amo e não vou colocar em risco a vida deles, utilizando um tomate com buraco. Vai direto pro lixo, sem dó nem piedade. Família em primeiro lugar, esse é o meu lema!”
“Eu sou o Sr. Manuel. Eu sou o dono dos porcos que vivem na Ilha das Flores. A Ilha das Flores é um lugar horroroso, para onde vai todo o lixo da cidade. Eu vim de Portugal quando era pequeno, junto com a minha família, porém não agüento mais morar aqui. Sei que Portugal possui seus defeitos administrativos, mas aqui o governo é injusto demais com a população. Existem pessoas que moram no meio do lixo, que vivem em uma casa feita de restos de caixas de pepelão. Eu estou aqui há algum tempo, e sei que se não fosse por mim, muitas famílias já teriam morrido. Graças ao meu dinheiro, eu faço com que comidas jogadas fora possam ser reaproveitadas por essas famílias, que, caso contrário, se não fosse por minha bondade, iam ter que comer terra, grama ou sei lá. Eu pago uma quantia de dinheiro para o lixeiro e assim posso ter exclusividade no uso do lixo orgânico. Sendo assim, eu separo uma parte para os meus porcos e depois permito que as pessoas entrem em meu terreno e peguem o que elas quiserem, sem exceção. É preciso uma certa organização, porque senão já viu né! Esse pessoal pobre é meio sem educação. Mas coitados... o que eles podem fazer? Eu sou muito bem visto aqui e todos sabem da minha importância para a comunidade. Já que o governo não faz nada, eu ajudo no que posso. Eu acho que nenhum político almofadinha deve ter pisado aqui algum dia. Se pisou, foi em época de eleição. E mesmo assim, pisou e foi embora, só para tirar uma foto para o jornal. Essas pessoas que moram aqui são como fantasmas. Nascem e morrem sem ninguém ter tido conhecimento de suas existências. Por isso não agüento mais isso aqui. E acho que ninguém agüentaria também”.
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira)
Grupo: Daiane Ramos, Leandro Silveira, Nayara Matos, Raphael Cancellier, Renato Rodrigues, Thaise Temoteo e Thalita Monnerat
"Este trabalho de análise marxista pautado nas aulas do professor Marildo Nercolini, teve inspiração no curta Ilha das Flores, o qual retrata a desigualdade social como consequência da atual gestão de capital.À partir daí realizamos discursões criativas sobre o tema, trazendo elementos de vanguarda, como o Manifesto Futurista, de Fillipo Tommaso Marinetti e o Modernismo, de Fernando Pessoa em um de seus heterônimos, mesclado com elementos de arte comtemporânea como Daft Punk, Pearl Jam, Radiohead, entre outros.Há também presente um componente audiovisual nos links para filmes de Chaplin e Metrópolis. Tudo isso ajudando na formação de um pensamento crítico sobre a socidade do consumo, passando por diferentes abordagens, exemplificadas por legados de grandes gênios." Esta é a apresentação do blog criado por um dos grupos para nortear os aspectos principais da disciplina e do curta.
8.6.08
| Reflexões sobre Globalização
Parte 2/Parte 3/Parte 4/Parte 5
| Entrevista do jornalista Sérgio Mattos, onde aborda os meios de comunicação frente à globalização.
1.6.08
| Ilha das Flores
| Página do filme no Porta Curtas Petrobras
25.5.08
| Reflexões "Maria cheia de graça"- Parte 3
No filme “Maria cheia de graça”, a personagem principal, de 17 anos, trabalha numa plantação de flores onde exerce uma tarefa repetitiva. Maria mostra-se entediada e sem esperança. Quando descobre que está grávida e sai do trabalho por divergências com seu chefe, se vê sem saída, ainda mais com a difícil situação de um país como a Colômbia. Canclini, em “Ser diferente é desconectar-se?”, diz que é a sociedade que trata de saber como começa o futuro da juventude.
“Ao perguntar o que significa, hoje, ser jovem, verificamos que a sociedade que responde ser o futuro incerto ou não saber como construí-lo está dizendo aos jovens não apenas que há pouco lugar para eles. Está respondendo a si mesma que tem pouca capacidade, por assim dizer, de rejuvenescer-se, de escutar os que poderiam mudá-la.”
No caso, mostra-se um país com sérios problemas infra-estruturais, sobretudo na questão do tráfico de drogas, abordado pelo filme posteriormente. Ainda no aspecto da juventude, o autor argentino fala sobre os riscos de exclusão nos mercados de trabalho, que aumentam nos países periféricos; e com a informalidade do trabalho, cria instabilidade no salário, implica privação de recursos de segurança social, saúde e integração, criando “a opção furiosa pelo risco, a auto-marginalização ou o dane-se.”
No desenrolar do filme, Maria, sem opção de emprego, aceita o convite de um amigo para alimentar o tráfico de drogas nos EUA, servindo de “mula” (pessoas que engolem entorpecentes para que consigam entrar em outros países sem ser pegas). A jovem sonha com tal país. No texto “Globalização, democracia e terrorismo”, Eric Hobsbawm trata desse tema. Segundo ele, 2,5 bilhões de pessoas foram transportadas anualmente pelas linhas aéreas de todo o mundo no final do século passado. Com a globalização, essa mobilidade dos seres humanos levou a países como EUA, Canadá e Austrália 22 milhões de imigrantes provenientes de países pobres entre 1974 à 1998.
Chegando em terras americanas, brota a desilusão. Algo que também se encontra presente no mesmo texto é a questão sobre xenofobia. “..., a nova globalização de movimentos reforçou a longa tradição popular de hostilidade econômica à imigração em massa e de resistência do que se vê como ameaças à identidade cultural coletiva.” Isso é recorrente logo quando a menina põe os pés fora de seu país, quase sendo pega por policiais norte-americanos.
Desde o fim da Guerra Fria, com os EUA emergindo como grande potência mundial e ganhando a rotulação de possuir uma destacada qualidade de vida de sua sociedade, enfatiza a imagem do dinheiro e a facilidade no acesso de novas tecnologias, sobretudo no campo comunicacional. Milton Santos, em “Por uma outra globalização”, faz severas críticas ao conceito de globalização hoje existente. Ela fala sobre a emergência de uma dupla tirania, a do dinheiro e a da informação, intimamente relacionadas. “Ambas, juntas, fornecem as bases do sistema ideológico que legitima as ações mais características da época e, ao mesmo tempo, buscam conformar segundo um novo ethos as relações sociais e interpessoais, influenciando o caráter das pessoas.”
Ao final, já conseguindo se desfazer das drogas e livre para voltar a seu país, Maria decide ficar em terras americanas sonhando com uma solução para sua vida econômica, e não esquecendo a sua cultura, sua pátria e sua família. Renato Ortiz, em “Um outro território”, comenta que o mundo seria formado por um conjunto de civilizações “inter”, atuando entre si. “..., a civilização ocidental, uma entre tantas outras, teria um papel de destaque, impondo seus padrões de dominação junto a outros núcleos civilizatórios. Portanto, a argumentação preserva a independência das culturas. Cada uma delas giraria em torno de seu próprio eixo, difundindo seus traços para fora de seu território de origem.”
Observando todos os aspectos mencionados, podemos constatar que tanto “Maria cheia de graça” quanto o documentário “The Corporation” mostram a frieza, de uma maneira maquiavélica, de como atuam tais empresas e máfias em favor único e exclusivo do lucro (capitalismo), esmagando avassaladoramente muitos indivíduos.
22.5.08
| Reflexões "Maria cheia de graça"- Parte 2
“Maria Cheia de Graça” (Marie Full Of Grace, 2005) era um tímido filme latino-americano (produzido em grande parte na Colômbia) em janeiro de 2005. Foi quando Catalina Sandino Moreno, atriz protagonista da produção, foi indicada ao Oscar por seu papel. Méritos interpretativos à parte, o filme exemplifica de forma eficiente algumas conseqüências do processo de globalização.
O primeiro ponto a ser destacado é a própria condição da personagem no filme. Maria é uma jovem colombiana que trabalha em uma empresa local e, com seu parco salário, tem que sustentar a mãe e a irmã desempregadas. Segundo Canclini, em seu texto “Ser diferente é desconectar-se?”, 39% dos jovens mexicanos não têm trabalho. Se considerarmos que a economia mexicana é uma das mais importantes e fortes da América Latina, pode-se deduzir que na Colômbia (e na América Latina de uma forma geral) o quadro tende a ser ainda pior.
Tal situação faz com que regiões do mundo como a Europa e os Estados Unidos se projetem como “terras de oportunidades” para milhões de imigrantes. Eric Hobsbawn, em seu texto “Globalização, democracia e terrorismo”, registra que entre os anos de 1998 e 2001 entraram nos Estados Unidos, Canadá e Austrália um total de 3,6 milhões de imigrantes. Dois efeitos podem ser deduzidos daí: a fuga de cérebros e mão-de-obra de países marginalizados no processo de globalização e o crescimento da xenofobia nos pólos receptores de imigrantes.
Esse último aspecto pode ser observado no filme através da própria chegada de Maria no aeroporto de Nova Iorque. Em função de seu biótipo, ela é imediatamente encarada pelo policial da alfândega como imigrante que rouba mão-de-obra local ou então trabalha como transportadora de drogas entre dois países. A (falta de) receptividade também pode ser vista na reação do frentista às perguntas de Maria. O trabalho como “mula” é outra conseqüência da globalização mostrada no filme: sem perspectivas de emprego local e atraída pelos altos ganhos, Maria acaba entrando para o mundo do crime em seu favor.
De forma geral, pode-se ampliar os aspectos e situações vividas pela personagem a uma análise mais geral do processo de globalização e seus efeitos. Hobsbawn afirma que um dos elementos desse processo é o fim da União Soviética e o conseqüente fim da Guerra Fria, que teve como uma das conseqüências o aumento exponencial do número de Estados soberanos com a fragmentação de antigos conglomerados políticos e grandes países. Muitos destes pequenos Estados, muito instáveis, acabam indo à falência e seus governos perdem poder.
Outros elementos que marcam o início do processo de globalização e as suas conseqüências são as transformações no modelo capitalista, que passa a ser a partir deste momento neoliberal; bem como o crescente aumento dos fluxos de migração entre os países e as grandes transfomações ocorridas nos campos dos meios de transporte e comunicações. O primeiro conferiu às pessoas uma mobilidade e agilidade nunca antes vista na história; e o segundo revolucionou o contato entre diferentes povos e culturas com a interconexão via eletrônica de pessoas ao redor do globo terrestre.
Derivam desses elementos as privatizações ocorridas no mundo inteiro e a instalação de empresas multinacionais em diversos países. Tais aspectos, aliados ao enfraquecimento do sindicalismo, criam um quadro de exploração de mão-de-obra barata em países pobres, aliada a uma remessa de lucros aos países ricos industrializados.
Como resultado final de todo o processo, vobserva-se a disparidade crescente entre países ricos e pobres, bem como a falta de perspectivas para milhões de jovens, dos quais exige-se crescente qualificação acadêmica e profissional. Também percebe-se, como aponta Canclini, a formação de “guetos”, “tribos”, “ilhas culturais”; bem como uma certa desmobilização juvenil em relação ao futuro.
Enfim, a globalização sob a égide do capital, da forma como vem ocorrendo, não oferece um panorama favorável do ponto de vista econômico e social para grande parte da população mundial e, especificamente, da América Latina – contexto tratado pelo filme aqui citado. Observa-se que o processo previlegiou apenas uma parte dos países do planeta, marginalizando o restante a uma realidade bem diferente da desejada ou apresentada nos países “conectados”.
Por Fabricio Beserra e Felipe Haurelhuk