A Luísa Gonçalves, aluna de Arquitetura que decidiu se aventurar pelos Estudos de Comunicação e Cultura, participou de um dos maiores eventos sobre cidades do mundo e resolveu nos presentear com suas pertinentes impressões.
Leiam o texto redigido pela Luísa e percebam como as diferenças culturais são importantes e influentes na formação dos próprios espaços físicos e sociais.
"O World Urban Forum 5 foi organizado pelo UN-HABITAT, órgão da ONU.
A mesa do "Diálogo" - Diversidade Cultural nas Cidades (Cultural Diversity in Cities) foi composta por representantes de diversos países, além de toda a "platéia" que interagiu com ela, formando um debate completo, com inputs de representantes da Malásia, México, Honduras, Canadá, Inglaterra, Estados Unidos, Brasil, etc.
A principal questão debatida foi a dos conflitos culturais gerados pela imigração, nos diversos modos em que ela ocorre. Achei curioso o resultado de alguns conflitos gerados devido ao fato de culturas diferentes, que ocuparam um certo espaço em tempos diferentes e agora tem de conviver junto, coisa que não é muito comum no Brasil, onde boa parte da população que pra cá imigrou veio em um mesmo momento da história, caracterizando nossa população atual toda como descendentes ou de origem externa ao nosso próprio país (todo mundo tem um bisavô ou tataravô na Europa, ou na África, na Ásia ou mesmo nos índios que aqui viviam).
Escrevo aqui algumas das colocações a respeito de alguns desses conflitos (algumas frases eu escrevi em inglês, da forma como foram ditas, para que não houvesse engano de tradução):
- Um dos principais objetivos da UNESCO é promover a diversidade cultural. O planejamento urbano nas cidades deve ter esse objetivo considerado quando se estabelecem políticas de investimento. A maneira como o dinheiro é gasto na cidade reflete os valores do governo; para que a diversidade cultural seja incentivada e aconteça, é importante que haja incentivos para isso.
- Imigração como processo de “colaboração” com a diversidade, mas que pode gerar problemas de adaptação. Caso de cidades no Canadá, país que recebe uma quantidade enorme de imigrantes e por isso abriga diversas culturas. O desafio é promover a integração das diversas comunidades (“we have to do a better job to foster those communities”), mas, quando certo grupo se atém em demasiado à sua cultura original, como promover a aproximação e adaptação das culturas em um mesmo espaço social?
Como evitar o protecionismo ou ETNOCENTRISMO na gestão das políticas de incentivo à cultura?
- Uma das principais questões do viver em conjunto na cidade (“living together in the city”), e, como não há solução pronta para essa questão, a cidade torna-se um espaço de experimentação. É citado o exemplo das favelas, principalmente no Rio de Janeiro, onde os limites entre cidade “formal” e “informal” é tão tênue (fato que impressionou os turistas que vieram para o fórum: a proximidade das favelas), e mesmo assim uma barreira cultural divide esses dois espaços.
- Fica esclarecido que (como pontua Levi-Strauss em seu texto) quanto mais culturas convivem na cidade, mais capacidade temos de aproximá-las e enriquecê-las. “As more cultures city have, more capacity to bring them together. Culture is a human criation and need actions to grow, to increase”.
-Ressalta-se a importância da criação de espaços flexíveis de uso cultural na cidade, ou seja, onde certo uso não esteja fixado e sim fique disponível para as necessidades da comunidade.
- HERANÇA CULTURAL – TEMPO – ESPAÇO – PESSOAS - O conflito entre imigrantes em países colonizadores - caso da França, onde já existe uma terceira geração dos descendentes de africanos de países colonizados pela França, que tentam preservar sua cultura, ou seja, ritos, religião, modo de vestir e hábitos cotidianos, e ao mesmo tempo conviver no mesmo espaço social/físico dos demais franceses e, apesar de falarem o mesmo idioma e estarem no país a três gerações, esses descendentes de imigrantes dizem não se identificar com a França e nem apresentam sentimento de "pertencimento" ao lugar. De uns anos prá cá tem havido na França uma conscientização em relação à integração das diferentes culturas dos países de colonização francesa. Como estabelecer políticas de incentivo à integração entre esses dois povos? Possivelmente com reconhecimento das formas de expressão urbana nas periferias, onde vivem as minorias, criando um novo sentido de cidadania.
Frases interessantes que eu ouvi:
“As cidades são a transcrição física das transformações na sociedade”
“O fundamento da humanidade está na diversidade”
“As more cultures city have, more capacity to bring them together”
Leiam o texto redigido pela Luísa e percebam como as diferenças culturais são importantes e influentes na formação dos próprios espaços físicos e sociais.
"O World Urban Forum 5 foi organizado pelo UN-HABITAT, órgão da ONU.
A mesa do "Diálogo" - Diversidade Cultural nas Cidades (Cultural Diversity in Cities) foi composta por representantes de diversos países, além de toda a "platéia" que interagiu com ela, formando um debate completo, com inputs de representantes da Malásia, México, Honduras, Canadá, Inglaterra, Estados Unidos, Brasil, etc.
A principal questão debatida foi a dos conflitos culturais gerados pela imigração, nos diversos modos em que ela ocorre. Achei curioso o resultado de alguns conflitos gerados devido ao fato de culturas diferentes, que ocuparam um certo espaço em tempos diferentes e agora tem de conviver junto, coisa que não é muito comum no Brasil, onde boa parte da população que pra cá imigrou veio em um mesmo momento da história, caracterizando nossa população atual toda como descendentes ou de origem externa ao nosso próprio país (todo mundo tem um bisavô ou tataravô na Europa, ou na África, na Ásia ou mesmo nos índios que aqui viviam).
Escrevo aqui algumas das colocações a respeito de alguns desses conflitos (algumas frases eu escrevi em inglês, da forma como foram ditas, para que não houvesse engano de tradução):
- Um dos principais objetivos da UNESCO é promover a diversidade cultural. O planejamento urbano nas cidades deve ter esse objetivo considerado quando se estabelecem políticas de investimento. A maneira como o dinheiro é gasto na cidade reflete os valores do governo; para que a diversidade cultural seja incentivada e aconteça, é importante que haja incentivos para isso.
- Imigração como processo de “colaboração” com a diversidade, mas que pode gerar problemas de adaptação. Caso de cidades no Canadá, país que recebe uma quantidade enorme de imigrantes e por isso abriga diversas culturas. O desafio é promover a integração das diversas comunidades (“we have to do a better job to foster those communities”), mas, quando certo grupo se atém em demasiado à sua cultura original, como promover a aproximação e adaptação das culturas em um mesmo espaço social?
Como evitar o protecionismo ou ETNOCENTRISMO na gestão das políticas de incentivo à cultura?
- Uma das principais questões do viver em conjunto na cidade (“living together in the city”), e, como não há solução pronta para essa questão, a cidade torna-se um espaço de experimentação. É citado o exemplo das favelas, principalmente no Rio de Janeiro, onde os limites entre cidade “formal” e “informal” é tão tênue (fato que impressionou os turistas que vieram para o fórum: a proximidade das favelas), e mesmo assim uma barreira cultural divide esses dois espaços.
- Fica esclarecido que (como pontua Levi-Strauss em seu texto) quanto mais culturas convivem na cidade, mais capacidade temos de aproximá-las e enriquecê-las. “As more cultures city have, more capacity to bring them together. Culture is a human criation and need actions to grow, to increase”.
-Ressalta-se a importância da criação de espaços flexíveis de uso cultural na cidade, ou seja, onde certo uso não esteja fixado e sim fique disponível para as necessidades da comunidade.
- HERANÇA CULTURAL – TEMPO – ESPAÇO – PESSOAS - O conflito entre imigrantes em países colonizadores - caso da França, onde já existe uma terceira geração dos descendentes de africanos de países colonizados pela França, que tentam preservar sua cultura, ou seja, ritos, religião, modo de vestir e hábitos cotidianos, e ao mesmo tempo conviver no mesmo espaço social/físico dos demais franceses e, apesar de falarem o mesmo idioma e estarem no país a três gerações, esses descendentes de imigrantes dizem não se identificar com a França e nem apresentam sentimento de "pertencimento" ao lugar. De uns anos prá cá tem havido na França uma conscientização em relação à integração das diferentes culturas dos países de colonização francesa. Como estabelecer políticas de incentivo à integração entre esses dois povos? Possivelmente com reconhecimento das formas de expressão urbana nas periferias, onde vivem as minorias, criando um novo sentido de cidadania.
Frases interessantes que eu ouvi:
“As cidades são a transcrição física das transformações na sociedade”
“O fundamento da humanidade está na diversidade”
“As more cultures city have, more capacity to bring them together”
Link do evento no site do ministério das cidades:
Site oficial do evento:
Informações sobre os palestrantes:
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Luisa, muito obrigado pela excelente contribuição ao blog!!
E que as frases interessantes que você ouviu inspirem a turma e nos façam refletir sobre as diferenças culturais e, principalmente, sobre a convivência com essa diversidade cultural!
Eis a proposta!
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