29.11.08

| Parabéns a nossos monitores!



Semana passada tivemos a XI Semana de Monitoria da UFF. Nossos brilhantes monitores apresentaram os relatos de suas experiências durante o ano de 2008. São eles: Felipe Escarlate, Maria Izabel Ferrari, Nicole Araújo, Ana Carolina Bull, Flávia Neves, Adriana Carneiro e Sayd Mansur.

Gostaria, especialmente, de agradecer o intenso e competente trabalho desenvolvido pelo nosso monitor Felipe, que acompanhou todas as atividades desenvolvidas esse ano nas disciplinas de Comunicação e Cultura, Globalização e Comunicação e Identidades na Contemporaneidade. Muito obrigado.

Claro que, por fim, gostaria de parabenizar Maria Izabel, a representante de nosso curso na segunda etapa, e que foi premiada com o melhor relato de monitoria da área de Ciências Sociais Aplicadas da UFF. PARABÉNS!!!! Competência e criatividade recompensadas.

28.11.08

| “O homem torna-se tudo ou nada, conforme a educação que recebe”

Interessante reportagem enviada por Larissa Castanheira, retirada do Diário de São Paulo e que tem circulado em vários blogs pela Internet.

TESE DE MESTRADO NA USP por um PSICÓLOGO


'O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE'


'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível'
Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social. Plínio Delphino, Diário de São Paulo.O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o pesquisador.O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. 'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão', diz.

No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: 'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.
Diário - Como é que você teve essa idéia?
Fernando Braga da Costa - Meu orientador desde a graduação, o professor José Moura Gonçalves Filho, sugeriu aos alunos, como uma das provas de avaliação, que a gente se engajasse numa tarefa proletária. Uma forma de atividade profissional que não exigisse qualificação técnica nem acadêmica. Então, basicamente, profissões das classes pobres.

Diário - Com que objetivo?
A função do meu mestrado era compreender e analisar a condição de trabalho deles (os garis), e a maneira como eles estão inseridos na cena pública. Ou seja, estudar a condição moral e psicológica a qual eles estão sujeitos dentro da sociedade. Outro nível de investigação, que vai ser priorizado agora no doutorado, é analisar e verificar as barreiras e as aberturas que se operam no encontro do psicólogo social com os garis.
Diário - Que barreiras são essas, que aberturas são essas, e como se dá a aproximação? Quando você começou a trabalhar, os garis notaram que se tratava de um estudante fazendo pesquisa?
Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa e tal. Chegando lá eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário, recém-contratado pela USP pra varrer rua com eles. Mas os garis sacaram logo, entretanto nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulato sem geral. Eu sou branquelo, mas isso talvez não seja o diferencial,porque muitos garis ali são brancos também. Você tem uma série de fatores que são ainda mais determinantes, como a maneira de falarmos, o modo de a gente olhar ou de posicionar o nosso corpo, a maneira como gesticulamos.. Os garis conseguem definir essa diferenças com algumas frases que são simplesmente formidáveis.

Diário - Dê um exemplo.
Nós estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear com um dos garis.De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos de idade,subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha de couro na mão.O sujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas situações. O gari, sem se referir claramente ao homem que acabara de passar, virou-se pra mim e começou a falar: 'É Fernando, quando o sujeito vem andando você logo sabe se o cabra é do dinheiro ou não. Porque peão anda macio, quase não faz barulho. Já o pessoal da outra classe você só ouve o toc-toc dos passos. E quando a gente está esperando o trem logo percebe também: o peão fica todo encolhidinho olhando pra baixo. Eles não. Ficam com olhar só por cima de toda a peãozada, segurando a pastinha na mão'.

Diário - Quanto tempo depois eles falaram sobre essa percepção de que você era diferente?
Isso não precisou nem ser comentado, porque os fatos no primeiro dia de trabalho já deixaram muito claro que eles sabiam que eu não era um gari.Fui tratado de uma forma completamente diferente. Os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem ferramentas também. Eles não deixaram eu viajar na caçamba,quiseram que eu fosse na cabine. Tive de insistir muito para poder viajar com eles na caçamba. Chegando no lugar de trabalho, continuaram me tratando diferente.As vassouras eram todas muito velhas. A única vassoura nova já estava reservada para mim. Não me deixaram usar a pá e a enxada, porque era um serviço mais pesado. Eles fizeram questão de que eu trabalhasse só com a vassoura e, mesmo assim, num lugar mais limpinho, e isso tudo foi dando a dimensão de que os garis sabiam que eu não tinha a mesma origem socioeconômica deles.

Diário - Quer dizer que eles se diminuíram com a sua presença?
Não foi uma questão de se menosprezar, mas sim de me proteger.

Diário - Eles testaram você?
No primeiro dia de trabalho paramos pro café.. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.

Diário - O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar,não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.

Diário - E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.

Diário - E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicosocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses Homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador.Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'.

24.11.08

| Hedwig e a queda do Muro
identidade de gênero como construção




| partindo do filme "Hedwig and The Angy Inch" (2001), projeto autoral do diretor estadounidense John Cameron Mitchell, como objeto para diálogo e problematizações, um dos grupos de alunos da disciplina de Identidades Culturais na Contemporaneidade - formado por gueko hiller, manaíra carneiro, nicolas rodrigues e tiago rubini - tratou de questões referentes à identidade de gênero em seu projeto de análise pertinente às atividades de encerramento da disciplina.



Hedwig and The Angry Inch, Tear Me Down


| em "Tear Me Down", canção de abertura do musical, fica clara uma proposta da obra em associar a temática do Muro de Berlim como demarcador de "extremos", de "opostos" à personagem título, transexual, Hedwig e suas questões quanto a identidade de gênero. Neste excerto inicial da obra cinematográfica também se indica outra interessante questão referente a temática das indentidades; neste caso, a de nacionalidade. Já suscitaria interessantes e importantes reflexões o fato de ser estadounidense e não alemão ou "ao menos" de outro país do leste europeu, o roteirista - também diretor - responsável por desenvolver com tanta propriedade questões fundamentalmente ligadas à nacionalidade da personagem que protagoniza a história (nascida na alemanha oriental no ano de início da construção do muro), questões estas relacionadas diretamente com fronteiras identitárias, com hibridações e reflexões quanto a troca e contatos culturais diversos. Reflexões estas que permitiram diálogos com o conceito do espanhol Castells quanto a identidade de projeto: "quando os atores sociais, utilizando-se de qualquer tipo de material cultural ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade e, ao fazê-lo, de buscar a transformação de toda a estrutura social".
| a queda do Muro de Berlim, com tudo o que isso representava no contexto da competição política, econômica e cultural daquele momento histórico, remetem na obra a uma clara alusão simbólica da destruição ou, ao menos, da flexibilização, para a personagem - "Não há muita diferença entre uma ponte e um muro", das demarcações dos limites identitários de gênero - tão polarizados quanto "o mundo da guerra-fria" nas sociedades modernas e contemporâneas - bem como dos políticos, econômicos e culturais. Aqui se viabiliza uma outra relação pertinente com Castells, com a lógica do individualismo em favor da comunidade inteira (transformações pessoais automaticamente mudando o contexto, intencionalidade com extencionalidade): "No contexto da ordem pós-industrial, o próprio sujeito torna-se um projeto reflexivo".


Hedwig and The Angry Inch, The origin of love

| Segundo Foucault, entre os anos 1860-1870, os discursos científicos sobre a origem biológica de todos os comportamentos sexuais do ser humano se multiplicaram consideravelmente. Daí a nossa naturalidade em atribuir aos órgãos genitais e a outras características fisiológicas as provas irrefutáveis da identidade de gênero de alguém.
| na canção The Origin of love, o Mito do Andrógeno da mitologia grega - originalmente presente no discurso de Aristófanes no "Banquete" de Platão - destaca que, no início dos tempos, os seres humanos eram enormes e redondos, com quatro braços, quatro pernas, duas cabeças e tinham os dois sexos. Eram a criação preferida de Zeus, o rei dos Deuses. Mas, por terem se tornado ambiciosos e por terem tentado roubar o fogo dos deuses, Zeus, como castigo, partiu os seres humanos em dois. Mandou que Netuno costurasse a pele - no lugar do remendo ficou o umbigo. Sem piedade, afastou as metades pelo planeta. Depois disso, os seres humanos passariam a vida se sentido incompletos, vagando desesperados pelo mundo, procurando sua outra metade. Quando se encontravam, as metades se abraçavam chorando, ficando assim - abraçados - até morrer. Preocupado, com medo de que os seres humanos simplesmente desaparecessem da face da terra, Zeus criou os orgãos sexuais para que pudessem se reproduzir enquanto estivessem abraçados, mas os distribuiu aleatoriamente. Segundo este mito, esta seria até hoje a nossa sina: vagar pelo mundo, sentindo-nos incompletos, procurando nossa outra metade seja ela de qual "sexo" fosse.


Hedwig and The Angry Inch, Angry Inch

| Os padrões médico-científicos para a classificação de gênero são arbitrários e histórica e socialmente legitimados como verdades absolutas a partir do século XVIII. Para Foucault a vigília médica é uma das expressões do biopoder.
| Thomás Laqueur, depois de fazer um levantamento bibliográfico sobre o assunto, chegou à conclusão de que somente no século XVII se comentou a respeito da diferenças biológicas entre um homem e uma mulher. Até então, a medicina era isomorfista: acreditava que existia um único corpo com duas diferentes manifestações do mesmo gênero. A vagina - que passou a ter um nome diferenciado do pênis somente em 1700 - era vista como nada mais que uma inversão do pênis. Berenice Bento comenta que os médicos da época não achariam surpreendente a ocorrência de uma pessoa ter sua vagina irrompida em pênis no decorrer da sua vida.

| com uma abordagem bastante estudoculturalista quanto a complexas problematizações das questões referentes ao objeto e ao tema do trabalho, o grupo caminhou para suas conclusões - contudo, deixando debates e reflexões abertas para e com a classe, intuito também inicial do grupo para a suscitação de novas reflexões a partir de nossas belíssimas bases acadêmicas angariadas ao longo da disciplina. Evidenciando o entedimento das identidades de gênero, e "fronteiras" de identidade de gênero bem como toda a gama de manifestações e materializações atribuídas em uma lógica estruturada de diferenciação de gênero como construção, as questões em sala tratadas a partir de produções de Tomás Tadeu da Silva e Pollack quanto a identidade como construção narrativa e os aspectos da memória, coletiva/social e individual em tudo isso, também foram utilizadas.



| Hedwig, ainda Hansel em sua infância, fala sobre o passado da mãe e os desdobramentos culturais em suas vidas desse passado, dessa memória. Os diálogos com objetos da cultura ocidental também se evidenciam como fundantes para a construção de sua identidade enquanto narrativa pessoal dentro de todos os limites contextuais de cada um quanto a sua construção identitária, evidencia-se também (tanto quanto "memória' quanto no cotidiano como campo de embate cultural), a questão do "outro", fundamental para a construção do "eu" - identidade construída como narrativa, desprovida de essência e alicerçada na alteridade.

23.11.08

| Cultura e identidade juvenil em tempos de globalização


Em meio às constantes transformações vividas na cultura contemporânea, com a consolidação do processo da globalização, que trouxe consigo uma intensificação dos fluxos econômicos, de pessoas e de informação, a construção de um imaginário social é cada vez mais perpassada por elementos interculturais. A construção da identidade contemporânea não pode mais ser pensada em termos de limites precisos e fixos.

O jovem se encontra na linha de frente de tais transformações . Com baEse nisso, desenvolvemos uma pesquisa para tentarmos entender o que eles pensam nos dias de hoje com relação a identidade. Foram entrevistados 42 jovens, de classe média urbana, de idade entre 17 a 25 anos, fazendo as seguintes perguntas: Quem você é? Com quem ou com o que você se identifica? O que é identidade para você?

Tal pesquisa foi transformada em duas aulas, apresentadas nas disciplinas Identidades Culturais na Contemporaneidade e Comunicação e Cultura. Esse trabalho foi coordenado por Felipe Escarlate, monitor, e auxiliado pelos alunos de Identidades Amanda Vieira, Anete Moura, Débora Gonçalves, Susana Santos e Vanessa Villela.

Com base nos resultados obtidos comprovamos que, cada vez mais, a construção da identidade é dinâmica e instável . Somos objetos e também sujeitos de uma construção de uma identidade própria e também colaboradores de uma identidade coletiva. Abaixo mostramos algumas respostas das entrevistas.

Quem você é?

> Eu sou eu, aluna do GPI, 2º ano. Estudo lá desde o 1º ano. (Amanda, 17 anos)

> Bom... uma pessoa amiga, companheira, sincera e... só. (Antônio, 18 anos)

> Filha da minha mãe e do meu pai. Dentista. (Luciana, 23 anos)

> Sou Fabiana, tenho 24 anos e faço enfermagem. Sou uma pessoa de bem com a vida. Adoro meus amigos, adoro festa, bagunça. (Fabiana, 24 anos)

Com quem ou com o que você se identifica?

> Com a minha mãe. (Nathalia, 17 anos)

> Comigo mesmo. Só eu me entendo. (Carolina, 18 anos)

> Com as músicas do Renato Russo, com a África e com as crianças. (Letícia, 20 anos)

> Com o jeito da minha amiga Paty. (Maria Izabel, 23 anos)

O que é identidade para você?

> Personalidade. (Patrícia, 22 anos)

> É quem de fato a gente é. É o nosso caráter, é a sua característica. É o que caracteriza você como pessoa. (Débora, 24 anos)

> Eu. (Lediane, 25 anos)

> Ser apenas quem você é sem o universo que nos cerca. (Nathalia, 20 anos)

18.11.08

| Tango



"¿Por qué el tango ha resurgido con tanta fuerza? ¿A qué se debe que la literatura haya vuelto su mirada hacia personajes de nuestra historia y busque en las formas de la biografía y la ficción, los relatos del pasado nacional? Pensemos sólo en los numerosos libros que retoman la figura de Sarmiento ¿Qué extraña alianza se permite el rock nacional al poner en su repertorio zambas de Atahualpa Yupanki, poemas de Almafuerte o letras de los tangos de Cadícamo y Discépolo?"

O trecho é referente à palestra "El Tango: un relato de identidad", que a Prof. Dra. Mónica Bueno, da Universidad de Mar del Plata, Argentina, proferiu no dia 08 de setembro, no auditório da Pós-graduação de Comunicação da UFF. No link abaixo você confere a apresentação na íntegra.

9.11.08

| O espaço dividido



Milton Almeida dos Santos foi advogado e um dos pensadores expoentes da geografia brasileira após a década de 1970. Um dos poucos cientistas brasileiros que, expulsos durante a ditadura militar (naquilo que foi conhecido por êxodo de cérebros), voltaram depois ao país. Foi disputado por diversas universidades, que o queriam em seus quadros.

Sua obra O espaço dividido, de 1979, é hoje considerada um clássico mundial, onde desenvolve uma teoria sobre o desenvolvimento urbano nos países subdesenvolvidos. Suas idéias de globalização, esboçadas antes que este conceito ganhasse o mundo, advertia para a possibilidade de gerar o fim da cultura, da produção original do conhecimento - conceitos depois desenvolvidos por outros. No link abaixo você assiste a tal produção na íntegra, enviada por nossa colega Natalia Dias.


8.11.08

| Geertz


Com cerca de vinte livros publicados, Clifford Geertz foi um dos principais antropólogos do século XX, importante, assim como Claude Lévi-Strauss, não apenas para a própria teoria e prática antropológica, mas também fora de sua área, em disciplinas como a psicologia, a história e a teoria literária.Considerado o fundador de uma das vertentes da antropologia contemporânea - a chamada Antropologia Hermenêutica ou Interpretativa, que floresceu a partir dos anos 50. Geertz, graduado em filosofia e inglês, antes de migrar para o debate antropológico, obteve seu PhD em Antropologia em 1949 e desde então conduziu extensas pesquisas de campo, nas quais se originaram seus livros, escritos essencialmente sob a forma de ensaio. Suas principais pesquisas ocorreram na Indonésia e no Marrocos. Foi o descontentamento com a metodologia antropológica disponível à época de seu estudo, para Geertz, excessivamente abstrata e de certa forma distanciada da realidade encontrada no campo, que o levou a elaborar um método novo de análise das informações obtidas entre as sociedades que estudava. Seu primeiro estudo tinha por objetivo entender a religião em Java. No final, foi incapaz de se restringir a apenas um aspecto daquela sociedade, que ele achava que não poderia ser extirpado e analisado separadamente do resto, desconsiderando, entre outras coisas, a própria passagem do tempo. Foi assim que ele chegou ao que depois foi apelidada de antropologia hermenêutica. Sua tese principia na defesa do estudo de "quem as pessoas de determinada formação cultural acham que são, o que elas fazem e por que razões elas crêem que fazem o que fazem". Uma das metáforas preferidas, para Geertz, para definir o que faz a Antropologia Interpretativa é a da leitura das sociedades como textos ou como análogas a textos. A interpretação se dá em todos os momentos do estudo, da leitura do "texto" cheio de significados que é a sociedade à escritura do texto/ensaio do antropólogo, interpretado por sua vez por aqueles que não passaram pelas experiências do autor do texto escrito . Todos os elementos da cultura analisada devem ser entendidos, portanto, à luz desta textualidade, imanente à realidade cultural. Geertz concordava com a idéia de Levi-Strauss de abordagem etnocêntrica (que o antropólogo estruturalista via como algo positivo) no estudo da área. Segundo Geertz, o risco do etnocentrismo é de aprisionar o homem na sua interpretação pessoal. Geertz afirmou que o problema do homem no estudo antropológico não é de estranhar o outro, mas de estranhar a si mesmo, e ele aconselhava os estudiosos a se conhecerem melhor antes de analisarem outras sociedades.
Fonte: Wikipédia

5.11.08

| Meu Brasil brasileiro!
Vou cantar-te nos meus versos! rs


| E hoje, em 'identidades', a questão da música brasileira como construtora e ratificadora ou legitimadora de uma "identidade nacional" foi problematizada a partir de canções contemporâneas, então entendidas como pós anos 2000, e canções anteriores a este período, englobando o período entre as décadas 50 e 90.


| Este vídeo, compunha uma das apresentações e não pode ser exibido em sala por problemas técnicos. Ele exemplifica, de maneira super bem humorada, a abordagem de uma das duplas q utilizou a questão da 'alteridade', o olhar do "outro", como fator - embasado, nesta análise, em excertos da nossa produção musical - de construção e ratificação ou legitimação dessa "identidade nacional". Nele, Diana Campanella, artista plástica estadounidense, apresenta sua coreografia para a música 'Brasileiro" da cantora Ivete Sangalo. As produções audiovisuais da artista plástica, consistem apenas em vídeos de coreografias livres que improvisa para músicas representativas da cultura pop; Seu bem sucedido canal no youtube, onde exibe esses vídeos, angaria um vertiginoso número de visualizações, de uma audiência que claramente busca o bom humor e ironia daquilo tudo. Uma importante parte dessa audiência é brasileira, e então, pra homenagear a galera do "samba, mulata e futebol", de alguma maneira ela chegou a Ivete Sangalo como referencial, e então à música "Brasileiro", por seu potencial óbvio poder de síntese do "ser brasileiro. Feita a homenagem.
| Detalhe, esta é a segunda versão do vídeo, mas não por quaisquer problemas com a primeira, esta, também está disponível. Na verdade, Diana alega que no momento de uma outra gravação, acidentalmente o cd repetiu a execução de "brasileiro e, já nos primeiros riffs, tomada pelo "espírito, pelo clima brasileiro" ela se sentiu compelida a improvisar uma nova coreografia, um novo vídeo. Divirtam-se!


| Bom, além de suprir esse déficit de uma das apresentações, este post é criado para disponibiliar as canções selecionadas pelos alunos nesta atividade. abaixo, segue a listagem com as músicas el inks para suas letra seguida de um player com a maioria delas disponível para audição.

4.11.08

| Universitários em ação

Hoje saiu uma matéria no blog de Gilberto Dimenstein, jornalista da Folha de São Paulo, que vale à pena ser lida. Copio abaixo e coloco o link para quem se interessar no aprofundamento.
"Urgente: chamem os universitários.
Desde 2006, um grupo de universitários dos mais diferentes cursos está apoiando escolas públicas da periferia de Belo Horizonte. A iniciativa acaba de entrar na história social por causa de um relatório sobre a experiência elaborado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Num projeto batizado de Escola Integrada, a prefeitura de Belo Horizonte ampliou a jornada escolar, oferecendo oficinas (artes, comunicação, lição de casa, reforço escolar, ciências, matemática) em diferentes espaços da comunidade. Parques, praças, clubes, igrejas, por exemplo. Para gerir essa movimentação, cada escola formou um professor comunitário. As oficinas são dadas pelos universitários, que ganham uma bolsa e são orientados por um professor de seus respectivos cursos.
Depois de seus meses de avaliação, os pesquisadores da UFMG concluíram que os estudantes das escolas públicas desenvolveram maior apetite pelo conhecimento e respeito pelos professores; passaram a ler mais e entender melhor o que lêem. Até mesmo aprenderam a se alimentar melhor e cuidar da higiene. Note-se que estamos falando das escolas com as crianças mais vulneráveis.
A chave não é apenas a ampliação da jornada escolar, mas a montagem das redes ( saúde, cultura, assistência social) pelo professor comunitário combinada com o prazer de ensinar dos universitários, desde que monitorados e com um material pedagógico estimulante.
Diante dos resultados apontados pela pesquisa, cujo resumo está neste link, um governante não tem o direito de desconhecer a experiência. Muito menos os prefeitos que acabam de ser eleitos e prometeram melhorar a educação."

22.10.08

| Tylor, Malinowski e Thompson

Edward Burnett Tylor (Londres, 2 de outubro de 1832Wellington, 2 de janeiro de 1917) foi um antropólogo britânico. Era irmão do geólogo Alfred Tylor. Considerado o pai do conceito moderno de cultura, Tylor filia-se à escola evolucionista. Sua principal obra é Primitive Culture (1871). Tylor é considerado um representante do evolucionismo cultural. Em seus trabalhos Cultura primitiva e Antropologia, ele definiu o contexto do estudo científico de antropologia, baseado nas teorias evolucionárias de Charles Darwin. Ele acreditava que existia uma base funcional para o desenvolvimento da sociedade e religião, que ele determinou ser universal. Reintroduziu o termo animismo (a fé na alma individual ou anima de todas as coisas e manifestações naturais) no senso comum. Ele considerou animismo como o primeiro estágio de desenvolvimento de todas as religiões.


| Tylor na Infopédia



Antropólogo polonês nascido em Cracóvia, Bronislaw Kasper Malinowski foi um dos mais importantes antropólogos do século XX e conhecido como o fundador da antropologia social. Formado em filosofia pela Universidade Jagelloniana, de Cracóvia (1908), matriculou-se na Escola de Ciências Econômicas e Políticas de Londres (1910), onde a antropologia acabara de entrar para o currículo. Conquistou renome nos círculos antropológicos com ensaios sobre os aborígines australianos. Viajou para a Nova Guiné (1914) a fim de pôr em prática um projeto de pesquisa e desenvolver estudos de campos entre os aborígines da Oceania. Doutorado em ciência pela Universidade de Londres (1916), mudou-se para as ilhas Trobriand, no sudoeste do Pacífico (1915-1918), onde conviveu com os nativos. Morou numa tenda, aprendeu a língua e os costumes e, assim, desenvolveu um estudo profundo sobre suas instituições sociais, relações de trabalho, sexo, casamento e vida familiar, suas leis e costumes, magia e mitos, criando as bases da sua antropologia social. Voltou à Universidade de Londres (1927) e foi para os Estados Unidos (1938) ensinar na Universidade de Yale. Casou-se com a pintora Anna Valetta Hayman-Joyce (1940) e foi para o México, para realizar pesquisas antropológicas sobre comunidades indígenas. Morreu em New Haven, Connecticut, Estados Unidos, e suas principais publicações foram The Natives of Mailu (1915), Argonauts of the Western Pacific (1922) e a póstuma A Scientific Theory of Culture (1944).


| Malinowski na Wikipédia



John B. Thompson é sociólogo, professor da Universidade de Cambridge e membro do conselho de administração em Jesus College, Cambridge. Um dos temas-chave em seu trabalho é o papel dos meios de comunicação social na transformação do espaço e do tempo na vida social e na criação de novas formas de ação e de interação para além do tempo e do espaço. Muito influenciado pela hermenêutica, ele aprofunda-se nos estudos da comunicação e suas utilizações, intimamente ligado com o contexto social. Outros conceitos-chave no trabalho de Thompson são: a transformação de visibilidade, os meios de comunicação social e de tradição, de identidade e de projeto simbólico.


| Entrevista de Thompson, de outubro de 2002, concedida à revista Extra Classe, onde explica a dinâmica da nova cultura política e a fabricação de escândalos como arma decisiva na guerra pelo poder

15.10.08

| Chauí, como de praxe


Filha do jornalista Nicolau Chauí e da professora Laura de Souza Chauí, nasceu em São Paulo em 1941. Fez o curso primário no Grupo Escolar de Pindorama (SP), iniciou o secundário no Colégio N. S. do Calvário, em Catanduva (SP), vindo a concluí-lo no Colégio Estadual Presidente Roosevelt, em São Paulo. Cursou Filosofia na USP, onde também fez pós-graduação e defendeu seu mestrado. Iniciou, em 1967-69, seu doutorado na França e veio defendê-lo em 1971, também na USP, onde, em 1977, defendeu sua tese de livre-docência e, em 1987, fez concurso e tornou-se professora titular de filosofia. Leciona no Departamento de Filosofia da USP e sua áreas de especialização são História da Filosofia Moderna e Filosofia Política. Membro fundador do Partido dos Trabalhadores, membro do Diretório Estadual e, a seguir, do Diretório Municipal do partido, foi secretária municipal de Cultura de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina. É membro da Comissão Teotônio Vilela e escreve trabalhos sobre ideologia, cultura, universidade pública, além de obras sobre as filosofias de Merleau-Ponty e Espinosa.





12.10.08

| Cultura e o senso comum




Pelo que foi desenvolvido em sala e de acordo com as pesquisas elaboradas pelos grupos, reunimos algumas das respostas dadas a cerca das perguntas: "O que é cultura?" e "Qual a sua cultura?". Trabalho de pesquisa de campo realizado pelos alunos, abarcando crianças, adolescentes, jovens e adultos. O mais constante encontrado, esse senso comum da cultura, foi associado às crenças, aos hábitos e aos costumes; ao conhecimento adquirido (formação acadêmica); ao nível de informação possuído e também relacionado com a experiência de vida. Outro aspecto interessante foi ver que algumas pessoas não souberam rebater qual seria sua cultura, além de falarem que estaria em processo de construção. Abaixo vemos alguns trechos do que foi respondido, de acordo com as diferentes faixas etárias. Os links dão acesso ao trabalho na íntegra.



> "Cultura é todo conhecimento, saber adquirido. Minha cultura é limitada e atrasada, porque hoje em dia tudo está muito avançado, rápido. Perdi o fio da meada dessa geração." (Josefina, 79 anos, com ensino médio incompleto)

Amanda Vieira, Anete Moura, Carolina Ramos e Débora - Download para o trabalho na íntegra



> "Cultura é um conjunto de tradições passadas de geração a geração. É difícil de dizer qual a minha cultura, pois sou influenciado por várias culturas, ainda mais nesse mundo globalizado." (Thiago, 20 anos, com ensino superior incompleto)

Débora Nunes, José Leonardo Tadaiesky, Lianne da Cruz, Milton Batista e Thiago Lopes - Download para o trabalho na íntegra



> "Cultura é o que difere os povos, cada um tem a sua e se reconhece pertencendo a ela. Minha cultura é aquilo que, ao mesmo tempo, me faz pertencer a uma sociedade e me diferencia enquanto sujeito único." (Roberto, 53 anos, com ensino superior completo)

Alan Pessanha, Denise Nascimento, Isabel Dias, Michelli Giovanelli e Maria Beatriz Fafiães - Download para o trabalho na íntegra



> "Cultura é o que cada um aprende e de uma certa forma utiliza. Acho que minha cultura ainda não está formada." (Camila, 16 anos, ensino médio incompleto)

Chrissie Elorza, Gabriel Pereira, Isis Mesquita, Sara Faro e Thaíse Bernardes - Download para o trabalho na íntegra



> "Cultura são seus hábitos, que condizem com o seu local. A minha é ter crescido com o nome de Carlos Henrique, ser brasileiro e gostar de futebol. Se eu tivesse nascido na Itália, por exemplo, provavelmente ia me chamar Antônio e comer macarrão. E seria nisso que ia acreditar. Cultura é como se fosse uma crença." (Carlos Henrique, 27 anos, com ensino superior completo)

Bárbara Defanti, Érica Ribeiro, Érica Sarmet e Thaís Rodrigues - Download para o trabalho na íntegra



> "Cultura é história. É saber o que aconteceu antes de nós. A minha é a família e saber de onde ela veio." (Maria Luisa Bessa, 9 anos, ensino fundamental incompleto)

Amanda Cinelli, Carolina Câmara, Elisa de Simoni, Gyssele Mendes, Larissa Castanheira e Natalia Dias


7.10.08

| Cultura, uma pequena introdução

Antes de colocarmos as respostas das entrevistas sobre o que é e qual seria sua cultura, veremos abaixo uma prévia, capturada em vídeo, pela turma do primeiro semestre de 2008. O trabalho foi desenvolvido por Ana Beatriz Vasconcellos, Camila Ferreira, Deborah Baltazar, Daniel Braga e Thiago. Vale a pena conferir.





14.9.08

| O ano em que meus pais saíram de férias


Em 1970, a maior preocupação na vida de Mauro (Michel Joelsas), de 12 anos, pouco tem a ver com a ditadura militar que impera no País: seu maior sonho é ver o Brasil tricampeão mundial de futebol. De repente, ele é separado dos pais e obrigado a se adaptar a uma "estranha" e divertida comunidade - o Bom Retiro, bairro de São Paulo, que abriga judeus, italianos, entre outras culturas.


Trailler do filme




1.9.08

| “El Tango: un relato de identidad.”


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CULTURAIS E MÍDIA

Palestra com Mónica Bueno
“El Tango: un relato de identidad.”
Mónica Bueno é professora e pesquisadora da Universidade Nacional de Mar del Plata. Coordena o grupo de pesquisa “Cultura e política na Argentina”, do Centro de Letras Hispano-americanas e do projeto de pesquisa “Políticas de resistência nas ditaduras do Brasil e Argentina”, também é uma das editoras de Margem-Márgenes, revista bilateral Brasil-Argentina de crítica cultural.

Data: 08 de setembro de 2008, às 15 horas.
Local: Auditório do Programa de Pós-Graduação, Rua Tiradentes, nº 148 - Ingá – Niterói.

Coordenação: Prof. Marildo José Nercolini


13.8.08

| Benvindos

Queremos dar boas vindas aos novos alunos e desejar um excelente semestre para todos nós!!!
Os programas das disciplinas a serem trabalhadas este semestre são os seguintes:

Identidades Culturais na Contemporaneidade

Ementa:
Conceituação de identidade. Identidade e alteridade. As construções históricas acerca da relação entre sujeito e identidade. Lealdades primordiais: as idéias de nação, grupo étnico, comunidade lingüística e compartilhamento de crenças. Fluxos e redes, múltiplas configurações. A hibridização da cultura na contemporaneidade. Relação entre mídia e a configuração das identidades culturais. Música e construção identitária.

Objetivos:
Analisar a identidade como construção histórica e situar a discussão no momento contemporâneo, relacionando com o processo de globalização, a mídia e as novas tecnologias. Por fim, estabelecer uma análise da relação entre a MPB e do Rock Nacional Argentino na construção, respectivamente, das identidades brasileira e argentina contemporâneas.

UNIDADES

I - O conceito de identidade e sua relação com a alteridade.

II - Identidade, discurso e narrativa.

III - Identidade, memória e projeto.

IV – Nação e identidade nacional

V - Identidade e globalização: o local, o nacional e o global na configuração de identidades híbridas.

VI - Identidade, cultura midiática e novas tecnologias

VII - Música e a construção da identidade nacional:
– MPB Anos 60
- MPB contemporânea
- Rock Argentino Anos 60
- Rock Argentino contemporâneo

BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ANDERSON, Benedict. Nação e consciência nacional. São Paulo, 1989.
BUARQUE DE HOLLANDA, Heloísa. “A academia entre o local e o global”. IN: MIRANDA, Wander Melo (org.). Narrativas da Modernidade. Belo Horizonte: Autêntica , 1999. p. 345-356. (Tenho versão que envio por e-mail)
CASTELLS, M. “Introdução” e “Paraísos comunais: identidade e significado na sociedade em rede”. IN: O poder da Identidade. Vol. 2 de A Era da Informação: Economia, sociedade e cultura. SP, Paz e Terra, 1999, pp. 17-92.
FEATHERSTONE, Mike. O desmanche da cultura. São Paulo: Nobel, 1997.
FORD, Aníbal. “Da aldeia global ao conventillo global”. In: ________. Navegações: comunicação, cultura e crise. Rio de Janeiro: UFRJ, 1999. p.58-86.
GARCÍA CANCLINI, N. “ Entrada ” e “ Contradições latino-americanas: modernismo ou modernização”. In: Culturas Híbridas. São Paulo: Edusp.1997. p. 17-30 e 67-97.
GARCÍA CANCLINI, N. “As identidades como espetáculo multimídia”. In: __________. Consumidores e cidadãos. Rio de Janeiro: UFRJ, 1997. p. 139-153
GARRAMUÑO, Florência. Modernidades Primitivas: tango, samba y nación. Buenos Aires: Fondo de Cultura Econômica, 2007. p. 15-41.
GUELFI, Maria Lúcia Fernandes. “Identidade cultural numa perspectiva pós-moderna.” Revista Gragoatá, Niterói: EDUFF, n.1, p-137-149, 2.sem.1996.
HALL, Stuart. “Para Allon White. Metáforas de transformação”. IN: Da diáspora. Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte, Ed. UFMG, 2003, pp.219-244.
HALL, Stuart. A identidade cultural na Pós-modernidade. Rio de Janeiro, DP&A Editora, 1997.
HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.
KELLNER, Douglas. A cultura da mídia. São Paulo, EDUSC, 2001, pp. 295-334.
MAIA, Rousiley. “Identidades coletivas: negociando novos sentidos, politizando as diferenças”. IN: Contrampo – revista da Pós-Graduação em Comunicação da UFF. Niterói, UFF, nº 5, 2000, pp.47-66.
NERCOLINI, Marildo José. "Entre o local , o nacional e o global: MPB e Rock Argentino agenciando identidades e culturas",. Grumo , Buenos Aires, Rio de Janeiro: 7 Letras. Editores: Diana I. Klinger... [et al.], n.6, vol.1, 2007, pp. 114-123.
NERCOLINI, Marildo José. “A MPB repensa identidade e nação”. Revista FAMECOS, Porto Alegre, n.31, dezembro de 2006, p.125-132.
POLLAK, Michael. “Memória e identidade social”. IN: Revista Estudos Históricos, 10, 1992/1. Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/104.pdf.
SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna. Intelectuais, arte e videocultura na Argentina. Rio de Janeiro, Ed.UFRJ, 2004, pp. 53-98.
SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. Belo Horizonte, UFMG, 2003.
SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Identidade e diferença. Petrópolis, Vozes, 2000.
VELHO, Gilberto. Projeto e Metamorfose: Antropologia das sociedades complexas. Rio de Janeiro, Zahar, 1994.WOODWARD, Kathryn. “Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual”. IN: SILVA, Tomaz (org.). Identidade e diferença. Petrópolis, Vozes, 2000, pp. 7-72.

Comunicação e Cultura
Ementa: Cultura, um conceito polissêmico. Natureza e Cultura. Sociedade e Cultura: agentes e grupos sociais. A escola funcionalista e o estrutural-funcionalismo: cultura e instituições sociais. A concepção estruturalista. Antropologia interpretativa: a cultura como rede de significados, a cultura como texto. Cultura e identidade nas sociedades contemporâneas. Mídia, cultura e globalização.

Programa:
1. Cultura: conceito e história:
1.1 Cultura e natureza; cultura e civilização.
1.2 Cultura: histórico do conceito.
1.3 Diversidade Cultural.

2. Diferentes concepções de cultura: cultura como conceito polissêmico.
2.1 A escola funcionalista.
2.2 A concepção estruturalista.
2.3 A cultura como rede de significados e a cultura como texto.
2.4 A visão culturalista.

4. Cultura e identidade nas sociedades contemporâneas.

5. Cultura na era da globalização:
5.1 Cultura como recurso.
5.2 Cultura, globalização e sociedade civil.
5.3 Cultura, consumo e cidadania.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
BUARQUE DE HOLLANDA, Heloísa . “Políticas da produção de conhecimento em tempos globalizados”. In: MIRANDA, Wander Melo (org.). Narrativas da Modernidade. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. p. 345-356.
CEVASCO, Maria Elisa. Para ler Raymond Williams. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
CHAUÍ, Marilena. Conformismo e Resistência. São Paulo: Brasiliense, 1994.
EAGLETON, Terry. A idéia de Cultura. São Paulo: UNESP, 2005.
GARCÍA CANCLINI, Néstor. Culturas híbridas. São Paulo: EDUSP, 1997.
_____________. Diferentes, desiguais e desconectados. RJ: Editora UFRJ, 2005.
GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
HALL, Stuart. Identidades culturais na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.
____________. “A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções do nosso tempo”, Educação & Realidade, n. 22, p. 15-46, jul-dez 1997.
KUPER, Adam. Cultura: a visão dos antropólogos. Bauru: EDUSC, 2002.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. RJ: Jorge Zahar, 2005.
LÉVI-STRAUSS, Claude. “Raça e História”. In: __________. Antropologia estrutural – dois. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993. 4 ed.
MAIA, Rousiley. Identidades coletivas: negociando novos sentidos, politizando as diferenças, Contracampo, Niterói: IACS, n.5, segundo semestre 2000, p.47-66.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. “Globalização comunicacional e transformação cultural”. In: MORAES, Denis de (org.). Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2004.
MORAES, Denis de (org.). Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2004.
____________ (org). Sociedade midiatizada. Rio de Janeiro: Mauad, 2006.
SANTOS, José Luis dos. O Que é cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. (Primeiros Passos, 10).
SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna: intelectuais, arte e videocultura. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2000.
THOMPSON, J.B. Uma teoria social da mídia. Petrópolis: Vozes, 1998.WILLIAMS, Raymond. Cultura. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000. 2ª ed.

5.8.08

| Trabalhos finais de Globalização - parte 5

Finalizando os trabalhos de Globalização, mostramos o vídeo que foram entrevistadas pessoas comuns. Os alunos se basearam na rede mundial de fast-food MC Donald's. Pegaram trechos do filme Super Sise Me, abordando o grande poder dessa potência mundial, adicionando entrevistas com funcionários e com famílias que consomem seus produtos. Foi produzido por Anna Caroline Pessanha, Carlos Eduardo Machado, Danielle Castro, Nathália Medeiros e Roberta Lacerda.





28.7.08

| Trabalhos finais de Globalização - parte 4

O próximo trabalho que veremos é um programa de rádio chamado Globalização em Foco, feito pelo grupo que abordou os efeitos da globalização nos sindicatos. Os alunos também desenvolveram um jornal sobre o assunto, que vocês conferem nos links abaixo. Como atuam os sindicatos no atual modelo de globalização capitalista? É o que propõem Daniel Vasconcellos, Felipe Hãn, Francisco Ferraz, Mariana Vedder e Thiago Petra.

| Caso queiram ouvir mandem um email para ffescarlate@yahoo.com.br

| Jornal (parte externa)

| Jornal (parte interna)

24.7.08

| TEKOÁ

Vejam o vídeo feito pelos alunos de Mídia Kléber e Joélio. Deixo para que o próprio Kléber explique:

"Em Maio de 2008, vi em um site de notícias algo que chamou muito a minha atenção. A manchete era "Aldeia indígena em Camboinhas", região nobre de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. Pensei, logo de imediato, tenho que filmar isto. Chamei o amigo Joélio Batista. Fomos para a aldeia apenas com uma câmera mini dv, 02 fitas e alguns trocados no bolso. Fizemos nossas imagens, editamos. Exatos dois meses após as filmagens, monstros guiados pela especulação imobiliária , incendiaram a aldeia. Os índios continuam em Camboinhas e não vão desistir, visto que lá estão para proteger os sambaquis que se encontram naquela área, além de preservar a memória da cultura indígena.O vídeo está em duas partes no youtube, por favor, vejam e se puderem comentem."


Parte 1




Parte 2




15.7.08

| Trabalhos finais de Globalização - parte 3

Olá, galera! Agora é a vez de postarmos o vídeo do pessoal de Cinema. Como o cinema enfrenta os novos tempos trazidos pela globalização? Vale a pena conferir o trabalho produzido por André Santos, Fabricio Beserra, Felipe Haurelhuk, Joélio Baptista, Larissa Bery e Pedro Iorio.





12.7.08

| Trabalhos finais de Globalização - parte 2

O vídeo que segue tece uma reflexão sobre os caminhos da mídia, suas transformações e impasses em tempos de globalização. Foi produzido por Álvaro Lutterback, Evelyn da Paz, Felipe Escarlate e Maria Izabel Muniz. O grupo entrevista profissionais e pesquisadores ligados ao espaço midiático.





9.7.08

| Trabalhos finais de Globalização - parte 1

A partir de hoje iremos publicar os vídeos feitos pelos grupos da disciplina Comunicação e Globalização. O objetivo era perceber e analisar como os mais variados setores da sociedade entendem o processo da globalização e, sobretudo, como se situam nele.
O primeiro que veremos será o trabalho produzido pelos alunos Felipe dos Santos, Joice Portella, Nicole Araújo, Oswaldo Cunha, Paula Chaves e Paula Nóbrega. Eles, através de entrevistas, buscam entender e analisar como os universitários, dos mais diferentes cursos e universidades do Rio e Niterói, situam-se diante dessas questões.





4.7.08

| O Gol

O documentário abaixo foi feito para a disciplina de Fernando Resende, Teoria das Narrativas Midiáticas. É uma produção dos alunos Felipe Escarlate, Maria Izabel Muniz, Rebeca Cadimo e Viviane Roux. Vale a pena conferir.



23.6.08

| Estilo de vida Vegan

Abaixo podemos ver um artigo escrito por nosso colega Ícaro, referente ao livro de auto-ajuda Magra & Poderosa, de Rory Freedman e Kim Barnouin. Lembrando que essa temática já foi discutida em nossas aulas de Comunicação e Globalização.



Neopuritanismo e bioascese na auto-ajuda vegan:
Como (e por que) ser magra & poderosa?



A experiência corporal na contemporaneidade encerra inúmeros paradoxos: a corpolatria (culto exacerbado do corpo) aliada a um horror por sua condição material necessariamente contingente, a epidemia de obesidade sem o lógico e subseqüente extermínio da fome e o convívio do imperativo do gozo e do prazer – que configura certo hedonismo – com o imperativo de purificação – que se manifesta através de uma série de privações e sacrifícios – são apenas alguns destes paradoxos (SIBILIA, 2006).
Localizar a estrutura paradoxal que alicerça muito dos discursos que sintomatizam, ao mesmo tempo em que conformam a relação de nossa sociedade com o corpo é o que pretendemos neste trabalho. Vamos nos deter mais especificamente no livro Magra & poderosa: um guia franco e sem meias palavras para você deixar de comer besteira e ficar maravilhosa!, escrito pela ex-agente da Ford Models, Rory Freedman e pela mestre em nutrição holística e ex-modelo, Kim Barnouin. Este livro converteu-se em fenômeno editorial depois que a ex-spice girl, Victoria Beckham foi fotografada com um exemplar em mãos. Por conta da tal fotografia, o livro deixou a posição 77.938 da lista dos mais vendidos e, sofrendo o chocante acréscimo de 37.000% nas vendas, alcançou o primeiro lugar na lista do New York Times.
O best-seller de Freedman e Barnouin é atravessado por um tom bastante agressivo e radical (de acordo com o subtítulo da edição brasileira: sem meias palavras) no que tange ao seu projeto de “purificação corporal” através da adoção do estilo de vida vegan. Apesar de cooptar, para fortalecer seus argumentos lipofóbicos, uma série de fenômenos que, em um primeiro momento poderiam parecer novos neste tipo de discurso, por desvelarem, por exemplo, as complexas e ardilosas relações entre capital, indústria alimentícia e políticas públicas de saúde, Magra & poderosa aparece no terreno contemporâneo de dietas, exercícios e cirurgias como fenômeno repleto de peculiaridades, que pode estar prenunciando uma maior elegância dos imperativos bioascéticos.
Essa maior elegância não se dá na direção de um apaziguamento do sofrimento, implicado nos sacrifícios que configuram as práticas bioascéticas, mas por uma suposta implementação de uma dimensão política que re-significa tais práticas. Se a prática da ascese – que atravessou inúmeros momentos históricos – implica em um processo de subjetivação, na delimitação e reestruturação das relações sociais, é um fenômeno social e político e está ligada à vontade, a ascese contemporânea (bioascese) tem como processo de subjetivação correspondente a formação de bio-identidades. Essa biossociabilidade configura-se como forma de sociabilidade apolítica constituída por grupos de interesses privados, que se constituem não mais a partir de critérios como raça, classe, estamento, orientação política, mas segundo critérios de saúde, performances corporais, doenças específicas, longevidade, etc (ORTEGA, 2002; RABINOW, 1999).
A inserção da ascese na vida cotidiana inaugurada pela ética puritana, conforme postulou Weber (2004), passou por um notável processo de secularização quanto a seus fins. Magra & poderosa serve-nos aqui como um potente ponto de partida na cartografia dos novos sentidos que essas práticas de ascese intramundana vêm assumindo na sociedade contemporânea. Se esta expansão das práticas ascéticas para o terreno mais amplo da vida cotidiana – segundo a arguta visão de Weber – constituiu o solo “espiritual” sobre o qual se alicerçou o capitalismo moderno, suspeitamos que os novos sentidos que tais práticas adquirem em nossa sociedade podem auxiliar na compreensão do “espírito” do capitalismo contemporâneo.

Por Ícaro Ferraz Vidal

15.6.08

| Telencéfalos altamente desenvolvidos e o polegar opositor

Chegou a hora de vermos alguns trechos dos trabalhos desenvolvidos pelos grupos a respeito do documentário Ilha das Flores. Antes, no vídeo abaixo, vocês conferem um clipe da música Polegar Opositor, do grupo Inumanos, enviado por nosso amigo Kenzo. Essa produção tem muito a ver com a temática abordada pelo premiado curta de Jorge Furtado.







“Para relacionar o conteúdo estudado na disciplina de “Comunicação e Cultura” com o curta, nada melhor que alguns autores dos textos lidos “comentarem” o que acharam do filme depois de o assistirem em uma sessão especial.”


O autor do curta foi muito perspicaz ao elaborar as comparações e contradições nele presentes. Há momentos em que ele evidencia muito bem os fatos e outros em que ele é bastante sutil e nos faz refletir profundamente sobre o assunto. Um ótimo exemplo disso é a parte em que mostra os judeus. O narrador disserta sobre as características deles como ser humano: telencéfalo altamente desenvolvido, polegares opositores e livres. As imagens, porém, mostram os mesmo não sendo tratados como tal. Isso só foi possível graças ao etnocentrismo que foi o fundamento ideológico do nazismo, já que esse afirmava a superioridade da raça ariana e a inferioridade dos povos judeus. O etnocentrismo causa a xenofobia, o racismo e o chauvinismo. Outra reflexão acerca do “Ilha das Flores” é sobre a noção de progresso, pois o ser humano mesmo com todas as vantagens que o difere de tomates, baleias, galinhas e porcos criou a bomba atômica, uma arma de destruição em massa. Será que é certa essa noção de progresso? (Lévi-Strauss)


A hegemonia cultural acontece quando as idéias de determinado grupo se impõe dentro do contexto sociológico de uma comunidade, sendo assim, consumo passa a ser imprescindível no contexto de uma sociedade capitalista. Essa idéia é representada por Jorge Furtado justamente pela simbologia do consumismo: aos que possuem dinheiro é dada a opção de comprar o produto em bom estado ou não, o tomate, por exemplo, já os desafortunados moradores da Ilha das Flores possuem somente a liberdade, mas pela falta de renda, têm de se submeter a condições subumanas, e precisam comer alimentos recusados pelos assalariados, alimentos impróprios até mesmo para porcos. Se recordar é viver, por que não citar Mem de Sá? No seu governo aconteceu o que uns chamam de pacificação dos índios Tamoios, já outros, preferem chamar de aculturação de um povo; portugueses exterminando bela parte da cultura indígena seja pela força ou pela catequese. Já que estudamos o passado para compreendermos o nosso presente, vemos claramente uma das várias contradições expostas no curta: a prova de História, que simboliza o estudo, a erudição, sendo lançada aos porcos, tendo como serventia a alimentação de seres que não possuem nem ao menos um polegar opositor. Eu acho isso um insulto, pois acredito em uma classe trabalhadora intelectualizada (e feliz). Afinal o que separa aqueles que usam seu telencéfalo altamente desenvolvido e seu polegar opositor para contar dinheiro e os que os utilizam para catar lixo? É, meus caros...o capital, sempre o capital. (Gramsci)



Uma característica interessante que observei no documentário "Ilha das Flores" é que o diretor optou em construir suas análises se baseando no pensamento dialético. Ele busca elementos conflitantes sobre o ser humano para tentar mostrar uma nova situação decorrente desse conflito. Posso dizer que o filme transforma em tese o fato do homem ter o encéfalo desenvolvido e o polegar opositor, ou seja, se difere dos demais animais por possuir a capacidade de raciocínio, desenvolvendo assim uma habilidade física e mental única do homem. Ao mesmo tempo me confronto com uma antítese que mostra o ser humano como um animal decadente, pois em momentos da vida se mostra menos valorizado que um porco, quando é sujeitado por falta de recursos a comer restos e a viver abaixo da linha de pobreza. A dialética é considerada como o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação. Sendo assim, o filme me direciona para uma síntese: O homem simultaneamente possui uma capacidade de raciocínio e é vulnerável quando desprovido de renda. O filme anexa essa característica ao fato de sermos livres, nessa falsa liberdade que vivem uns por serem dependentes do capitalismo e de uma liberdade onde sem recursos seria preferível ter um dono que te ampare. (Hegel)


Apesar do tom científico dado à narração do documentário, mantenho minha análise no caminho da interpretação das formas simbólicas apresentadas no curta. A dinâmica que aparece no filme mostra a movimentação aparentemente "natural" de indivíduos e mercadorias dentro de uma sociedade capitalista. Mostra os hábitos e práticas automatizados pelo sistema que acabam sendo aceitas como "inatas". É uma cultura e, como mostra o próprio documentário, fruto de uma construção social. Há os que estão no comando. É nessa hora que o filme nos faz mudar de uma análise cultural para um conflito de amplitude maior, onde o homem é levado à condição subumanas de sobrevivência. Uma questão que ultrapassa as individualidades de qualquer cultura. (Geertz)

Grupo: Bárbara Futuro, Carolina Braga, Fabrício Serejo, Letícia da Costa, Luiza Teixeira e Marília Dias




"Através dos conceitos abordados e partindo do pressuposto de que o curta Ilha das Flores foi narrado por uma pessoa que possui uma visão de mundo própria, optamos por fazer uma reconstrução do filme. A visão dos personagens. Um novo ângulo. Um olhar de dentro para fora. Esta idéia nasceu a partir do momento em que percebemos que, aproximando-se ou não da realidade, o narrador do filme nos apresenta a sua versão dos fatos. Porém, será que a visão do narrador é relativizada? Será que essa versão é a mesma dos personagens? Provavelmente não, pois, afinal, cada personagem possui a sua CULTURA."


“Eu sou o Sr. Susuki. Eu possuo uma plantação de tomates em Belém Novo, município de Porto Alegre, Estado do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil. Sou um ótimo fazendeiro, mas tive muitas dificuldades de chegar até aqui. Por ser japonês, ter os olhos puxados e ter um nome diferente, não fui muito bem aceito logo que vim para cá.



“Eu sou a dona Anete. Eu faço compras no supermercado para onde o Sr. Susuki vende seus tomates. Aquele japonês é um irresponsável. Por causa de sua plantação, a água da minha casa foi contaminada por agrotóxicos e meus filhos ficaram muito doentes. Não sei como o governo não faz nada a respeito para coibir a entrada desses imigrantes forasteiros. Com certeza não devem ter conseguido nada naquela maldita São Paulo e vieram para cá ocupar nosso espaço. Quando eu vou vender meus perfumes na casa da minha amiga, ela me conta barbaridades do Sr. Suzuki. Disse-me uma vez que ele e sua família comem no chão, como animais. Coitados de seus filhos! Além do mais, toda a vez que eu compro tomates, sempre vem algum com defeito. Eu devo prezar pela saúde da minha família que tanto amo e não vou colocar em risco a vida deles, utilizando um tomate com buraco. Vai direto pro lixo, sem dó nem piedade. Família em primeiro lugar, esse é o meu lema!”


“Eu sou o Sr. Manuel. Eu sou o dono dos porcos que vivem na Ilha das Flores. A Ilha das Flores é um lugar horroroso, para onde vai todo o lixo da cidade. Eu vim de Portugal quando era pequeno, junto com a minha família, porém não agüento mais morar aqui. Sei que Portugal possui seus defeitos administrativos, mas aqui o governo é injusto demais com a população. Existem pessoas que moram no meio do lixo, que vivem em uma casa feita de restos de caixas de pepelão. Eu estou aqui há algum tempo, e sei que se não fosse por mim, muitas famílias já teriam morrido. Graças ao meu dinheiro, eu faço com que comidas jogadas fora possam ser reaproveitadas por essas famílias, que, caso contrário, se não fosse por minha bondade, iam ter que comer terra, grama ou sei lá. Eu pago uma quantia de dinheiro para o lixeiro e assim posso ter exclusividade no uso do lixo orgânico. Sendo assim, eu separo uma parte para os meus porcos e depois permito que as pessoas entrem em meu terreno e peguem o que elas quiserem, sem exceção. É preciso uma certa organização, porque senão já viu né! Esse pessoal pobre é meio sem educação. Mas coitados... o que eles podem fazer? Eu sou muito bem visto aqui e todos sabem da minha importância para a comunidade. Já que o governo não faz nada, eu ajudo no que posso. Eu acho que nenhum político almofadinha deve ter pisado aqui algum dia. Se pisou, foi em época de eleição. E mesmo assim, pisou e foi embora, só para tirar uma foto para o jornal. Essas pessoas que moram aqui são como fantasmas. Nascem e morrem sem ninguém ter tido conhecimento de suas existências. Por isso não agüento mais isso aqui. E acho que ninguém agüentaria também”.

Grupo: Flávia Machado, Gabriela Buarque, Laís Nunes, Letícia Rossignoli e Thais Dias






O Bicho


Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.


Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.


O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.


O bicho, meu Deus, era um homem.


(Manuel Bandeira)


Grupo: Daiane Ramos, Leandro Silveira, Nayara Matos, Raphael Cancellier, Renato Rodrigues, Thaise Temoteo e Thalita Monnerat



"Este trabalho de análise marxista pautado nas aulas do professor Marildo Nercolini, teve inspiração no curta Ilha das Flores, o qual retrata a desigualdade social como consequência da atual gestão de capital.À partir daí realizamos discursões criativas sobre o tema, trazendo elementos de vanguarda, como o Manifesto Futurista, de Fillipo Tommaso Marinetti e o Modernismo, de Fernando Pessoa em um de seus heterônimos, mesclado com elementos de arte comtemporânea como Daft Punk, Pearl Jam, Radiohead, entre outros.Há também presente um componente audiovisual nos links para filmes de Chaplin e Metrópolis. Tudo isso ajudando na formação de um pensamento crítico sobre a socidade do consumo, passando por diferentes abordagens, exemplificadas por legados de grandes gênios." Esta é a apresentação do blog criado por um dos grupos para nortear os aspectos principais da disciplina e do curta.


Clique aqui para ver tal produção, feita por Jonatas de Sá, Lívia de Moraes, Rosana Franco, Tsai Yi Jing, Verena Duarte e Yan Caetano.