10.10.14

| Raymond Williams

Quando o assunto é Estudos Culturais, é impossível não citar Raymond Williams. Como você já conferiu aqui no Culturama, ele foi um dos fundadores do Centro Contemporâneo de Estudos Culturais, ao lado de Hoggart e Thompson.

Além de acadêmico, Williams foi crítico e novelista galês. Seus trabalhos sempre refletiam seu pensamento marxista, fosse através de escritas sobre política, literatura ou Cultura de Massas.

Ainda na adolescência, Raymond Williams ingressou no "Clube do Livro da Esquerda". Foi nessa fase que ele leu Marx pela primeira vez, "O Manifesto Comunista".
Durante a Segunda Guerra Mundial, Williams afiliou-se ao Partido Comunista Britânico e, durante esse tempo, ficou responsável pelos textos dos panfletos distribuídos pelo Partido.

Williams fez mestrado em Trinity College, em 1946. Em 1958, lançou "Cultura e Sociedade", que se tornou um sucesso imediato, sendo seguido por "A Longa Revolução", de 1961. Ainda em 61, foi convidado para voltar a Cambridge como professor de Dramaturgia. Em 1973, tornou-se professor visitante de Ciências Políticas, em Stanford.

A obra de Raymond Williams vendeu mais de 750 mil cópias, apenas no Reino Unido. Seus trabalhos ainda foram traduzidos e lançados ao redor do mundo, como podemos conferir nas aulas de Comunicação e Cultura e Estudos Culturais.

|Estudos Culturais Britânicos - reflexões.

|O surgimento dos Estudos Culturais, no final da década de 50 e início da década de 60, são um marco importante pois inauguram um forma diferenciada de olhar e analisar a cultura nas suas distintas acepções, sobretudo no que se refere as relações entre o popular, o erudito e o massivo.

|Os assim considerados "pais fundadores" - Richard Hoggart, Raymond Williams e E.P. Thompson - dão as bases iniciais desse processo.|Destacamos abaixo alguns textos acadêmicos que buscam resgatar algumas contribuições importantes desses pensadores.

|O primeiro, "O pesquisador e a lógica histórica: contribuições do historiador E.P. Thompson para a pesquisa em educação", de Regina Linhares Hostins, destaca algumas contribuições de Thompson e busca, como diz a autora na introdução, "reconstituir o modo segundo o qual o historiador Edward Thompson conduziu seu trabalho de investigação histórica; para tanto vale-se da análise das obras A miséria da teoria ou um planetário de erros (1981) e A formação da classe operária inglesa (1997; 1988; 1989). Busca estabelecer uma relação didática entre alguns pressupostos teórico-metodológicos defendidos pelo autor na primeira obra – fundamentado no materialismo histórico - e a materialização desses conceitos no minucioso processo de investigação por ele empreendido em A formação da classe operária inglesa - um dos seus principais trabalhos de pesquisa histórica - no qual analisa o processo de formação dessa classe, no período de 1780 a 1832."

|O segundo texto, "A cultura popular a partir dos Estudos Culturais Britânicos", como afirma seu autor, Edson Dalmonte, "apresenta os estudos culturais em sua origem na Grã-Bretanha, com base na obra de Richard Hoggart, The uses of literacy, publicado em 1957. Hoggart indica uma nova concepção de cultura, sendo a popular, iletrada, ao contrário do que se pensava, uma manifestação capaz de conferir ao indivíduo um referencial que o habilita a uma leitura diferencial dos produtos midiáticos. Também Raymond Williams, outro precursor da Escola de Birmingham, busca nas conceituações de cultura uma forma de compreender as articulações entre tentativas de dominação e resistência a partir do campo cultural."

|Boa leitura!

9.10.14

| para ler raymond willians


| Marcelo Ridenti, professor de sociologia da UNICAMP, ao resenhar o livro "Para ler Raymond Williams", de Maria Elisa Cevasco, professora de Estudos Culturais e Literaturas em Língua Inglesa na USP, destaca alguns pontos fundamentais da visão de Williams sobre cultura. Aqui, segue um excerto selecionado por Marildo desta resenha.

| "Diante das mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais por que passa o mundo de hoje - e especialmente para enfrentar as dificuldades colocadas para aqueles que se propõem a compreender a realidade para transformá-la - é imperativo (re)visitar certos autores, como Raymond Williams. Por isso, é muito oportuno o livro de Maria Elisa Cevasco, que oferece ao leitor uma interpretação consistente do conjunto da obra do grande pensador britânico da cultura, tentando "resgatar a possibilidade de uma posição crítica efetivamente empenhada" (p.20).
| Como bem expõe a autora, Williams toma a cultura como "experiência ordinária" de todos, produto e produção de um modo de vida determinado, que envolve um "modo de luta". A cultura não se restringiria às obras de arte, ela também resultantes de uma cultura ordinária. Nessa medida, a crítica da cultura seria "um modo de compreender e aferir a organização da vida em um determinado momento histórico" (p.50).
| O artista compartilharia com todos "o que se chama de imaginação criativa: ou seja, a capacidade de encontrar e organizar novas descrições da experiência,
e transmiti-las". Tomar a criatividade como ordinária equivaleria "a ver a arte como uma especificação de um processo geral de descoberta, criação e comunicação,
redefinindo seu estatuto e encontrando a maneira de ligá-la à vida social" (p.53).
| Em síntese, "o materialismo cultural de Williams se abstém de reconhecer um estatuto especial para as obras literárias: a questão é examinar as relações entre as condições materiais de produção e de recepção das obras sem colocar nenhuma condição que as coloque à parte, em um domínio separado da vida social, mesmo que for para elevá-la como promessa de liberação humana" (p.179).
| No texto aparecem também as relações do pensamento de Williams com outros marxistas, como Gramsci, Lukács, Goldmann, Brecht, Althusser, os autores da Escola de Frankfurt e também do chamado marxismo britânico. Williams sempre pensando a cultura como indissociavelmente imbricada à política e à economia, numa totalidade contraditória, o que envolve questionar certas simplificações da metáfora da base e da superestrutura, e correspondente idéia simplificadora da cultura como reflexo de uma base socioeconômica. Assim, ele fala num materialismo cultural para pensar a
unidade qualitativa do político, do econômico e do cultural no mundo contemporâneo.
| A postura de Williams no debate no interior do marxismo - concorde-se ou não com suas idéias e conceitos específicos - parte de um pressuposto geral que deveria ser comum a todos os que se reivindicam herdeiros de Marx, ou seja, a recusa da velha querela "isto é marxismo, aquilo não é": nas palavras de Williams, "não sendo membros de uma igreja, não devemos nos preocupar com heresias" (p.136). De Gramsci, especialmente, Williams retoma e amplia o conceito de hegemonia, indissociável da idéia de determinação, retomada de Marx, que envolveria um "processo de exercer pressões e colocar limites" (p.148). Sua "ênfase no vivido, na experiência" (p.154) por certo não o torna palatável a muitos autores, como os marxistas da escola
althusseriana, com quem manteve um diálogo crítico, explícito ou não em suas obras.
| No capítulo final e mais longo do livro (p.181-277), a autora mostra como Williams trabalhou na prática com o materialismo cultural, ou seja, como ele interpretou a produção cultural, em que buscava a unidade qualitativa do processo social: 1. suas análises literárias de romances ingleses; 2. estudos sobre a televisão, de que é um pioneiro no âmbito do marxismo - a televisão abordada como "o dispositivo mais adequado ao modo específico de organização social sob o capitalismo tardio" (p.230), mas também promessa potencial de "prover acesso universal à comunicaçào e à cultura" (p.224); 3. pesquisas sociológicas sobre "formações" intelectuais específicas - o grupo de Bloomsbury, portador de uma "revolta juvenil e modernizante", fundamental
para o modernismo na Inglaterra, grupo visto por Williams como "uma mudança no
interior da classe dominante"(p.252); 4. os livros propositivos de Williams, "The long revolution" (1961) e "Towards 2000" (1983), nos quais o autor elabora uma forma de analisar que "contribua para uma mudança real" (p.258)."



| o que é, afinal, estudos culturais?

Definição de Estudos Culturais que o professor Tomaz Tadeu da Silva apresenta nas orelhas do livro que organizou e traduziu, "O que é, afinal, Estudos Culturais?" pela editora autêntica.

“Os Estudos Culturais tomam como seu objeto qualquer artefato que possa ser considerado cultural, sem fazer distinção entre ‘alta’ e ‘baixa’ cultura: das exposições de museu, passando pela literatura e pelo cinema e chegando aos programas de televisão e à publicidade, nada é considerado estranho às preocupações das análises e das críticas dos Estudos Culturais. Diferentemente da crítica tradicional, entretanto, os EC não se concentram na análise estética a não ser para examinar suas conexões com relações de poder. Os EC concebem, pois, a cultura como campo de luta em torno da significação social. A cultura é um campo de produção de significados no qual os diferentes grupos sociais situados em posições diferentes de poder, lutam pela imposição de seus significados à sociedade mais ampla. O que está centralmente envolvido nesse jogo é a definição da identidade cultural e social dos diferentes grupos. Numa definição sintética, poder-se-ia dizer que os EC estão preocupados com questões que se situam na conexão entre cultura, significação, identidade e poder.”

8.10.14

Romantismo x Iluminismo




"Uma mesa cheia de feijões. O gesto de os juntar num montão único. E o gesto de os separar, um por um, do dito montão. O primeiro gesto é bem mais simples e pede menos tempo que o segundo. Se em vez da mesa fosse um território, em lugar de feijões estariam pessoas. Juntar todas as pessoas num montão único é trabalho menos complicado do que o de personalizar cada uma delas. O primeiro gesto, o de reunir, aunar, tornar uno, todas as pessoas de um mesmo território é o processo da CIVILIZAÇÃO. O segundo gesto, o de personalizar cada ser que pertence a uma civilização é o processo da CULTURA. É mais difícil a passagem da civilização para a cultura do que a formação de civilização. A civilização é um fenómeno colectivo. A cultura é um fenómeno individual. Não há cultura sem civilização, nem civilização que perdure sem cultura"


*Almada Negreiros in "Ensaios"

Já parou pra pensar nessa distinção entre Cultura e Civilização? A alegoria dos feijões nos dá uma boa idéia do que seja essa diferença. A origem desses conceitos está num eterno embate entre dois pensamentos bem opostos, que foram objetos de debate na nossa aula de Comunicação e Cultura. Ou você se esqueceu de que defendeu ou atacou Rousseau e Hobbes recentemente??

Romantismo e Iluminismo assumem posicionamentos bem diferente. O primeiro apregoava o sentimento profundo pela beleza da natureza, o sonhar com o passado, a cultura em volta de ruínas, o sentimento virtuoso do homem, a pureza, a bondade, etc. Relacionando a cultura a um crescimento espiritual ('kultur'), o Romantismo a encara como um repertório, uma forma de acumular soluções e idéias aprendidas e pensadas e hábitos sedimentados pelas gerações passadas. A Cultura, para os românticos, resgata as características específicas de um povo, valorizando a tradição história e popular, exaltando esse povo.

Já o Iluminismo, marcado pela razão e conferindo valor à faculdade intelectual do homem e à sociedade que se instaurava com a ascensão burguesia, disseminava suas idéias de progresso e ciência superando o passado, as tradições e encarando aquela cultura do Romantismo como uma mera mediação da civilização. As idéias iluministas, de fato, estão impregnadas de uma força ampla, que é a totalidade, a realização permanente e comum dos homens; um único modelo adequado de existência para os povos, aqueles munidos de conhecimento científico.

Ambas as posturas são bem divergentes; entretanto, historicamente contribuem para entendermos e analisarmos a cultura e os povos. E você? Afilia-se ao Romantismo ou ao Iluminismo? Consegue determinar que tipo de pensamento seria eficaz na análise dos Estudos Culturais? Será que alguma postura se adequa aos nossos estudos? Será que ambas podem se complementar em algum nível? Que conclusões podem ser alcançadas ao analisar este eterno embate?

Para quem lê bem em inglês, fica um vídeo muito parecido com a discussão que tivemos em sala de aula. "Rousseau e Hobbes jogando xadrez"


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*Artista Português


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| raymond willians & hqs

| o texto "A História dos Quadrinhos Norte-Americanos Sob Uma Perspectiva Baseada em Raymond Williams", de Márcio Mário da Paixão Júnior, à época mestrando da UnB, será trabalhado em nossa próxima aula de 'estudos culturais'.
| há uma copia disponível na pasta de textos da disciplina mas também, há uma versão digital (formato pdf) disponível no link: http://reposcom.portcom.intercom.org.br/bitstream/1904/18226/1/R0410-1.pdf)

| "Desde que surgiram, as modernas Histórias em Quadrinhos têm enfrentado, de maneira quase generalizada, o preconceito e o desdém da pesquisa acadêmica. Contudo, com o aparecimento dos Estudos Culturais – que têm em Raymond Williams um de seus precursores –, vem à luz um novo instrumental teórico capaz de analisar os produtos daindústria cultural de maneira mais complexa que enxergá-los como agentes alienantes aserviço da ideologia dominante. Refutando o modelo no qual a cultura é determinada exclusivamente pelas condições materiais e econômicas da sociedade, Williams enuncia umnovo conceito onde ela é entendida como um lugar – por vezes autônomo – de disputa pela hegemonia. O que propomos aqui é a utilização dos Estudos Culturais (em Williams) como instrumento para a análise dos quadrinhos norte-americanos ao longo de sua história."
| resumo apresentado pelo autor na introdução de seu ensaio.

7.10.14

| hoggart, o cara

| fundador do Centro Contemporâneo de Estudos Culturais (CCCS - Centre for Contemporary Cultural Studies), centro de pesquisas da Universidade de Birmingham pai dos Estudos Culturais. Richard Hoggart nasceu em 1918, passando sua infância em seu meio de origem: o meio operário.

| sua obra "The Uses of Literacy", traduzida como "As Utilizações da Cultura" em portugal e ainda não editado para o brasil, é o resultado do trabalho de uma vida inteira. Hoggart é alguém que 'se fez sozinho', um próprio 'self made men'. Nasceu e viveu durante a maior parte da sua vida nos bairros operários do Norte da Inglaterra. Exímio estudante, beneficiou-se de bolsas de estudo até tornar-se professor universitário, combinando assim, uma experiência direta dessa cultura operária com o recuo de quem viveu num outro mundo, onde aprendeu os princípios do que é fazer ciência.
Richard Hoggart origina um estudo sobre o estilo de vida das classes populares na Inglaterra. Interessa-se muito particularmente por aquilo que provém da cultura popular no contexto dos anos 30 a 50, em que a classe operária foi escolarizada e adquiriu portanto a capacidade de ler jornais, revistas e livros, e em que, depois da rádio, a televisão começa a fazer parte da vida cotidiana. O título original do livro 'The Uses of Literacy' (algo como: 'os usos da alfabetização') traduz bem essa intenção. A obra apresenta-se como uma descrição notavelmente pormenorizada e sutil da cultura operária. Dá conta disso de uma maneira extraordinariamente ­clara, quase como um romance. Hoggart, com efeito, desejou escrever um livro sólido no plano científico, mas acessível ao grande público, estimando que "um dos aspectos mais inquietantes da conjuntura cultural radica no fosso incessantemente mais profundo que separa a linguagem dos especialistas da linguagem, sempre mais pobre, das publicações largamente difundidas"


| + | Hoggart fala sobre estar imerso à cultura que se deseja explicar
| + | Richard Hoggart na wikipedia, porém, só em inglês...
| + | CCCS na wikipedia, porém, só em inglês também...


| fonte| "O que é, afinal, Estudos Culturais?" - Editora Autêntica - Belo Horizonte. 1999
| fonte| "Introdução à Análise dos Fenômenos Sociais"- Editora Gradiva - Portugal. 2003

6.10.14

| e Willians encontra a Factory

'| a “estrutura de sentimento” e o “residual, emergente e dominante” de Raymond Willians na Silver Factory de Andy Warhol como vanguarda das revoluções culturais da década de 60', foi o tema tratado por um dos grupos nos trabalhos finais da disciplina de estudos culturais 2007/1


| para quem quiser consultar o trabalho desse povo, o link segue abaixo
| http://arquivoculturamauff.blogspot.com/2007/09/e-willians-encontra-factory.html

Marilena Chauí

Marilena de Souza Chauí é uma filósofa nascida em São Paulo, com uma carreira de grande envolvimento também nas áreas de educação e política, sendo até hoje ligada ao Partido dos Trabalhadores e tendo sido secretária municipal da Cultura na capital de seu estado.

Contribuiu para a área dos Estudos Culturais com reflexões sobre a cultura popular (sobretudo no contexto brasileiro), hegemonia e resistência, a pluralidade do conceito de Cultura e sua relação com a indústria cultural e os meios de comunicação de massa.

Chauí leciona atualmente na USP; em março do ano passado, concedeu uma entrevista à "Revista Cult" que pode ser lida na íntegra em: http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/entrevista-marilena-chaui/

11.9.14

Adam Kuper e as civilizações


Adam Kuper é um antropólogo nascido em 1941, ligado à Escola de Antropologia Social. Em seus trabalhos, costuma analisar a cultura em seus usos e seus significados.

Nascido e criado na África do Sul, ele ingressou na Universidade de Witwatersrand em Johannesburg. Seu doutorado, na Universidade de Cambridge, foi baseado no campo de pesquisa no deserto Kalahari, que hoje é conhecido como Botswana. Depois da graduação, ele retornou à África, fazendo diversos trabalhos de campo em Botswana e Uganda e ensinando por três anos na Universidade Makerere, em Kampala. De 1970 a 1976, lecionou na Universidade College London. De 1976 a 1985, ele foi professor de antropologia africana na Universidade Leiden, na Holanda. De 1985 a 2008, foi professor na Universidade Brunel, onde era chefe do Departamento de Ciências Humanas e, mais tarde, chefe do Departamento de Antropologia.

Recebeu o prêmio de pesquisa "Leverhulme Major Research Grant" por dois anos (2003 e 2005), o qual o permitiu gastar mais de seu tempo com pesquisas.

| pequeno dicionário 'kuperiano'


O livro 'Cultura: a visão dos antropólogos' de Adam Kuper (EDUSC, 2002) será trabalhado esta semana em comunicação e cultura. todos já devem estar com cópia do capítulo 1 na mão: 'cultura e civilização: intelectuais franceses, alemães e ingleses, 1930-1958', porém, no texto kuper utiliza algumas palavras em alemão cuja compreensão do sentido é fundamental para uma boa apreensão e conseqüente reflexão deste conteúdo.

Nosso blog está facilitando pra todo mundo e disponibilizando os principais termos utilizados com sua tradução mais apropriada no nosso português.

volk: povo, nação;
geist: espírito, mente;
bildung: educação, instrução, cultura, formação, organização;
wissenschaft: ciência;
kulturwissenschaft: ciência da cultura;
geisteswissenschaften: ciência da mente, do espírito;

fonte: biblioteca uol - dicionário alemão michaelis

10.9.14

| Paradise Now



Em Paradise Now, o diretor e roteirista Hany Abu-Assad passa a mostrar algumas razões que levam pessoas simples e comuns, sem nenhuma espécie de radicalismo político ou religioso e com uma forte ligação familiar, a tomar formas tão drásticas de combate. A partir desta tônica, podemos pensar nos seguintes aspectos: Estariam os homens bombas realmente convictos da necessidade de se explodirem, no intuito de destruir alvos considerados inimigos? Seria a violência a melhor forma de lutar contra um sistema opressor, mesmo sendo ele exageradamente violento, como comprovadamente foi Israel em relação à Palestina? Como convivemos com a diferença? São inúmeras as questões levantadas em virtude desse longo e discutido conflito. Pensemos e analisemos algumas dessas questões levantadas pelo filme.




9.9.14

LÉVI-STRAUSS


Lévi-Strauss, considerado o pai da antropologia estrutural, faleceu em outubro de 2009, próximo de completar seus 101 anos e até então continuou na ativa refletindo sobre o mundo em que vivemos. Em "Tristes Trópicos", uma de suas principais publicações, ele assim se define:
"É assim que me identifico, viajante, arqueólogo do espaço, procurando em vão reconstituir o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços."

Abaixo reproduzo parte da entrevista que ele deu para a Folha de São Paulo, em 1993 (leia na íntegra). Essa entrevista foi posteriormente publicada no livro "Artes do Conhecimento", que compila, juntamente com "Conhecimento das Artes", as consideradas 100 melhores entrevistas publicadas pelo caderno cultural Mais!, também da Folha.

FOLHA DE SÃO PAULO - O relativismo antropológico, do qual o senhor é um fundador...
LÉVI-STRAUSS - De jeito nenhum. Não sou o fundador do relativismo antropológico. Ele existe desde Montaigne [1533-92]

FOLHA - De qualquer jeito, o relativismo antropológico não teria reproduzido nas sociedades ocidentais contemporâneas um pensamento análogo, uma estrutura equivalente hoje à ideologia bipartida dos ameríndios, já que propõe a co-habitação com culturas exteriores?
LÉVI-STRAUSS - Alguns podem fazê-lo e pensar dessa forma talvez. Mas eu não iria tão longe. Para mim o relativismo cultural não tem conteúdo positivo. É simplesmente a constatação de que não dispomos nenhum critério absoluto para julgar uma cultura em relação à outra. Eu paro diante dessa incapacidade. Não tento substituí-la por algo positivo, como seria a doutrina da Unesco, por exemplo.

FOLHA - O senhor sempre tomou o partido da ciência, mas, na releitura de Montaigne que faz em a História do Lince mostra também suas distâncias em relação a uma fé no conhecimento. O senhor se tornou mais cético em relação à ciência?
LÉVI-STRAUSS - A lição que tirei de Montaigne é que estamos condenados a viver e pensar simultaneamente em vários níveis e que esses níveis não incomensuráveis. Há saltos existenciais para passar de um a outro. O último nível é um ceticismo integral. Mas não se pode viver com ceticismo integral. Seria preciso se suicidar ou se refugiar nas montanhas. Somos obrigados a viver ao mesmo tempo em outros níveis em que esse ceticismo está moderado ou totalmente esquecido. Para fazer ciência, é preciso fazer como se o mundo exterior tivesse uma realidade e como se a razão humana fosse capaz de compreendê-lo. Mas é "como se".

Texto "Raça e História" - Lévi-Strauss

Alunos de Comunicação e Cultura! Próxima semana começamos a analisar o texto de Lévi-Strauss - "Raça e História", que pode ser encontrado aqui.


21.8.14

TEXTO PARA COMUNICAÇÃO E CULTURA - FRANZ BOAS

     Estimados alunos de Comunicação e Cultura!
     Próxima aula, vamos continuar a trabalhar com os dois textos de Franz Boas - "Os métodos da etnologia" e "Alguns problemas de metodologia nas ciências sociais", do livro "Antropologia cultural", Zahar, 2005. Os textos estão em nossa pasta do xérox, mas também podem ser encontrados clicando aqui.  Abraços.




12.8.14

"É que Narciso acha feio o que não é espelho..."

Quando Caetano Veloso gravou o álbum "Muito", em 1978, ele recebeu duras críticas sobretudo pelo repertório. Uma música desse álbum ficou eternizada na carreira de Caetano Veloso e nas aulas de Comunicação e Cultura: "Sampa"!

As impressões de um músico baiano sobre a grande cidade de São Paulo se refletem na letra que, além de citar a geografia da cidade, mostra a cultura local vista por alguém de fora.

Estimados alunos de Comunicação e Cultura 2014/2!
Sejam todos bem vindos. Vamos, durante o semestre, refletir sobre cultura, etnocentrismo, relativismo cultural, diferenças e vários outros temas relacionados à cultura.
O primeiro texto que discutiremos é "Da natureza da cultura ou da natureza à cultura", "Determinismo biológico" e "Determinismo geográfico", de Roque de Barros Laraia, da p.9-29. Esse livro pode ser encontrado em  http://comunicacaoeesporte.files.wordpress.com/2010/10/cultura-um-conceito-antropologico.pdf

14.3.14

ALUNOS DE ESTUDOS CULTURAIS

Estimados alunos de ESTUDOS CULTURAIS!
     Na próxima aula vamos trabalhar o texto "Estudos Culturais, educação e pedagogia", de Marisa V. Costa, Rosa H. Silveira e Luís Henrique Sommer. Esse texto pode ser encontrado clicando aqui. Aproveito para postar o curta metragem trabalhado aula passada: Kylmair, de Màrcio Schenatto