20.4.07

| o país da não inscrição

| Fernanda Alves, aluna do curso de 'produção cultural' e nossa colega em 'estudos culturais', nos enviou uma ótima sugestão para nosso blog. Sua colaboração aponta para um artigo de Alexandre Barbalho, professor de História do Mestrado de Políticas Públicas e Sociedade da Universidade Estadual do Ceará, sobre novo ensaio do filósofo moçambicano José Gil, "Portugal, Hoje: o Medo de Existir", acerca da não-inscrição de Portugal, publicado na RBSE - Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 6, n. 16, de abril de 2007. Este artigo bem como o ensaio que lhe serve de base, fazem relações com as temáticas da 'identidade nacional como construção' e da 'construção de identidades' no geral, ambas pertinentes e presentes em nossas reflexões na disciplina de Estudos Culturais.

| click e tenha acesso ao artigo completo em formato pdf.

| abaixo, segue um trecho do artigo e ao lado, imagem da capa do ensaio de José Gil ao qual este artigo se refere.

| "Se inscrever é agir, afirmar, decidir; é correr perigo, conquistar autonomia e sentido das coisas; é produzir real e desejo. A inscrição é o Acontecimento que ganha o estatuto de experiência decisiva, formadora. Mas que implica, por isso, em confrontos, sofrimentos, divergências, perdas e danos – ou seja, em assumir a dimensão trágica da vida.
| Na avaliação de José Gil nada disso se passa entre os portugueses (salvas as exceções). E não é de agora, digo, dos tempos do salazarismo para cá. Vem de muito antes, de pequenos traumas não inscritos que se perderam no tempo e resultaram em um “trauma inicial” e no nevoeiro inconsciente que se instaura nas consciências – assim nenhum conflito rebenta, ninguém grita, tudo se torna impune com o tempo, mesmo o imediato, o presente. Se o Brasil é o país do futuro que nunca chega, Portugal vive do passado que jamais volta, mas que é a sua tentativa desesperada de se inscrever, de - dar consistência ao que tende incessantemente a desvanecer -".

Nenhum comentário: