10.9.14

| Paradise Now



Em Paradise Now, o diretor e roteirista Hany Abu-Assad passa a mostrar algumas razões que levam pessoas simples e comuns, sem nenhuma espécie de radicalismo político ou religioso e com uma forte ligação familiar, a tomar formas tão drásticas de combate. A partir desta tônica, podemos pensar nos seguintes aspectos: Estariam os homens bombas realmente convictos da necessidade de se explodirem, no intuito de destruir alvos considerados inimigos? Seria a violência a melhor forma de lutar contra um sistema opressor, mesmo sendo ele exageradamente violento, como comprovadamente foi Israel em relação à Palestina? Como convivemos com a diferença? São inúmeras as questões levantadas em virtude desse longo e discutido conflito. Pensemos e analisemos algumas dessas questões levantadas pelo filme.




4 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o filme...
e pelo visto não foi só eu quem gostou.

De certa forma, as frases densas do Said ainda estão na minha cabeça.

Refletindo sobre o medo (voltado-se para o filme, medo da morte ou não), gostaria de expor o comentário de historiador (citado na última aula da Ana): Jean Delumeau e entrevista ao jornal O Globo:

O Globo: O medo é diferente no Oriente?

DELUMEAU: Os ocidentais são mais individualistas e menos fatalistas que os não-ocidentais. Mais sujeitos a medos ou mais frágeis diante deles. Somos mais apegados aos bens terrestres que a maioria dos não-ocidentais.

O Globo: O que dizer do homem-bomba, que não teme morrer?

DELUMEAU: Ele supera mais facilmente o medo devido à força de sua convicção e da crença numa recompensa no além, prometida a mártires. A irrupção desses kamikazes transtornou a concepção de guerra que se queria fundada em tecnologias mais sofisticadas.

Abraços turma & professor.

Anônimo disse...

Os indivíduos que nasceram e cresceram dentro dessa cultura não questionam, apenas vivem desse jeito, num eterno conflito com judeus e outras religiões, assim como nós vivemos da nossa forma, tudo é normal. Percebei a “anormalidade” quando um dos personagens, Suha, que teve seu desenvolvimento na Europa, questiona os costumes, tradições, conflitos, apesar de pertencer àquele lugar e ter tido um pai que é considerado herói pelos locais, por ter morrido pela causa.
Achei interessante os vídeos que os colaboradores gravam pra suas famílias, que do meu ponto de vista é algo mórbido... talvez macabro. Mas lá é comercializado como qualquer outro vídeo. Exibido banalmente. Uma conformidade total em ver uma pessoa querida se voluntariar à morte em prol do “bem” comum – bem este que não é claramente compreendido, portanto é questionado pela personagem (Suha), mas compartilhado como verdade por aqueles que cresceram com estes ideais. Parece não existir outra perspectiva de futuro no senso comum da população. Parece que tudo se resume a se libertar - ou aniquilar - das outras culturas que os cercam.

Marildo Nercolini disse...

Valeu! Obrigado pelos comentários

Fanara disse...

A primeira coisa que me chamou atenção no filme foi o ambiente nostálgico onde não parecia haver grandes mudanças no cotidiano das pessoas.

A primeira coisa que me veio foi da possibilidade disso acontecer pela falta de diferenças marcantes dentro daquela sociedade, parecia haver um certo tipo de conformismo com um destino traçado, já que as opções e perspectivas de vida dependiam de manter o básico, a terra, a honra pelo mortos que lutaram pela causa e a honra em poder ser escohido para ser mártir.

Pensei também na possibilidade de manipulação dos candidatos a mártir. Mais uma vez a falta de oxigenação entre culturas não permitia terem um olhar mais distante e, portanto, mais questionador a respeito da real eficácia da luta armada como viabilização da retomada dos terrítórios.

Foi interessante perceber como a personagem feminina da história, que teve uma vivência fora do continente (logo em contato com outras culturas), embora pertencente originalmente a mesma cultura teve um olhar diferenciado e cria uma certa tensão nos diálogos tanto com Said como com Khaled.

Curioso como apesar das diferenças entre culturas, a linha familiar continuou semelhante às demais culturas do planeta, onde a relação entre o Said e sua mãe por várias vezes ganha um apelo emocional, embora contido pela dureza da realidade do contexto.

O filme também to em questões interessantes como até que ponto a religião tem participação efetiva nestes conflitos, pois parece que há uma mistura entre a fé (muitas vezes ele faz reverência a vontade de Deus), entre a honra em se retomar o que foi tomado deles (território) e também pela conquista da água (várias referência aos filtros de água).

A mídia torna-se presente na medida em que há comercialização de fitas com os depoimentos dos candidados a mártir.

Um ponto bom de pensar é sobre as diferenças dentro da mesma cultura, onde, por exemplo, Said e Khaled discordam, no final do filme, sobre a eficácia do método de 'terrorismo' para a solução dos problemas.