O autor do curta foi muito perspicaz ao elaborar as comparações e contradições nele presentes. Há momentos em que ele evidencia muito bem os fatos e outros em que ele é bastante sutil e nos faz refletir profundamente sobre o assunto. Um ótimo exemplo disso é a parte em que mostra os judeus. O narrador disserta sobre as características deles como ser humano: telencéfalo altamente desenvolvido, polegares opositores e livres. As imagens, porém, mostram os mesmo não sendo tratados como tal. Isso só foi possível graças ao etnocentrismo que foi o fundamento ideológico do nazismo, já que esse afirmava a superioridade da raça ariana e a inferioridade dos povos judeus. O etnocentrismo causa a xenofobia, o racismo e o chauvinismo. Outra reflexão acerca do “Ilha das Flores” é sobre a noção de progresso, pois o ser humano mesmo com todas as vantagens que o difere de tomates, baleias, galinhas e porcos criou a bomba atômica, uma arma de destruição em massa. Será que é certa essa noção de progresso? (Lévi-Strauss)
A hegemonia cultural acontece quando as idéias de determinado grupo se impõe dentro do contexto sociológico de uma comunidade, sendo assim, consumo passa a ser imprescindível no contexto de uma sociedade capitalista. Essa idéia é representada por Jorge Furtado justamente pela simbologia do consumismo: aos que possuem dinheiro é dada a opção de comprar o produto em bom estado ou não, o tomate, por exemplo, já os desafortunados moradores da Ilha das Flores possuem somente a liberdade, mas pela falta de renda, têm de se submeter a condições subumanas, e precisam comer alimentos recusados pelos assalariados, alimentos impróprios até mesmo para porcos. Se recordar é viver, por que não citar Mem de Sá? No seu governo aconteceu o que uns chamam de pacificação dos índios Tamoios, já outros, preferem chamar de aculturação de um povo; portugueses exterminando bela parte da cultura indígena seja pela força ou pela catequese. Já que estudamos o passado para compreendermos o nosso presente, vemos claramente uma das várias contradições expostas no curta: a prova de História, que simboliza o estudo, a erudição, sendo lançada aos porcos, tendo como serventia a alimentação de seres que não possuem nem ao menos um polegar opositor. Eu acho isso um insulto, pois acredito em uma classe trabalhadora intelectualizada (e feliz). Afinal o que separa aqueles que usam seu telencéfalo altamente desenvolvido e seu polegar opositor para contar dinheiro e os que os utilizam para catar lixo? É, meus caros...o capital, sempre o capital. (Gramsci)
Uma característica interessante que observei no documentário "Ilha das Flores" é que o diretor optou em construir suas análises se baseando no pensamento dialético. Ele busca elementos conflitantes sobre o ser humano para tentar mostrar uma nova situação decorrente desse conflito. Posso dizer que o filme transforma em tese o fato do homem ter o encéfalo desenvolvido e o polegar opositor, ou seja, se difere dos demais animais por possuir a capacidade de raciocínio, desenvolvendo assim uma habilidade física e mental única do homem. Ao mesmo tempo me confronto com uma antítese que mostra o ser humano como um animal decadente, pois em momentos da vida se mostra menos valorizado que um porco, quando é sujeitado por falta de recursos a comer restos e a viver abaixo da linha de pobreza. A dialética é considerada como o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação. Sendo assim, o filme me direciona para uma síntese: O homem simultaneamente possui uma capacidade de raciocínio e é vulnerável quando desprovido de renda. O filme anexa essa característica ao fato de sermos livres, nessa falsa liberdade que vivem uns por serem dependentes do capitalismo e de uma liberdade onde sem recursos seria preferível ter um dono que te ampare. (Hegel)
Apesar do tom científico dado à narração do documentário, mantenho minha análise no caminho da interpretação das formas simbólicas apresentadas no curta. A dinâmica que aparece no filme mostra a movimentação aparentemente "natural" de indivíduos e mercadorias dentro de uma sociedade capitalista. Mostra os hábitos e práticas automatizados pelo sistema que acabam sendo aceitas como "inatas". É uma cultura e, como mostra o próprio documentário, fruto de uma construção social. Há os que estão no comando. É nessa hora que o filme nos faz mudar de uma análise cultural para um conflito de amplitude maior, onde o homem é levado à condição subumanas de sobrevivência. Uma questão que ultrapassa as individualidades de qualquer cultura. (Geertz)
Grupo: Bárbara Futuro, Carolina Braga, Fabrício Serejo, Letícia da Costa, Luiza Teixeira e Marília Dias
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O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira)
Grupo: Daiane Ramos, Leandro Silveira, Nayara Matos, Raphael Cancellier, Renato Rodrigues, Thaise Temoteo e Thalita Monnerat
"Este trabalho de análise marxista pautado nas aulas do professor Marildo Nercolini, teve inspiração no curta Ilha das Flores, o qual retrata a desigualdade social como consequência da atual gestão de capital.À partir daí realizamos discursões criativas sobre o tema, trazendo elementos de vanguarda, como o Manifesto Futurista, de Fillipo Tommaso Marinetti e o Modernismo, de Fernando Pessoa em um de seus heterônimos, mesclado com elementos de arte comtemporânea como Daft Punk, Pearl Jam, Radiohead, entre outros.Há também presente um componente audiovisual nos links para filmes de Chaplin e Metrópolis. Tudo isso ajudando na formação de um pensamento crítico sobre a socidade do consumo, passando por diferentes abordagens, exemplificadas por legados de grandes gênios." Esta é a apresentação do blog criado por um dos grupos para nortear os aspectos principais da disciplina e do curta.
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