30.3.09

| Alma Não Tem Cor

Na aula de Comunicação e Cultura desta segunda-feira (30), os alunos foram instigados a estabelecer relações entre o texto "Raça e História", de Lévi-Strauss, e a canção "Alma Não Tem Cor", do Karnak, gravada também por Chico César e Zeca Baleiro. A primeira gravação é de 1995 e a letra de André Abujamra. Como afirma Zeca, em seu site, essa canção é "um hino à diferença". As análises dos alunos aparecerão nos comentários desse post.

Alma Não Tem Cor

alma não tem cor
porque eu sou branco
alma não tem cor porque eu sou preto

branquinho neguinho branco negão
branquinho neguinho branco negão
branquinho neguinho branco negão
branquinho neguinho branco negão

percebam que a alma não tem cor
ela é colorida ela é multicolor

azul amarelo verde verdinho marrom
azul amarelo verde verdinho marrom
azul amarelo verde verdinho marrom
azul amarelo verde verdinho marrom

você conhece tudo
você conhece o reggae
você conhece tudo
você só não se conhece

14 comentários:

Anônimo disse...

A alma não tem cor. É como se ela fosse composta por fragmentos que absorvemos de tudo aquilo com que entramos em contato. Para mantermos a alma branca ou preta no sentido de "raça", seria necessário total isolamento dentro do nosso ambiente de origem. Mas assim não se pode viver, temos que nos relacionar com os outros de uma maneira ou de outra e essa relação com o outro faz a alma colorida, multicolor. A cultura também se nutre dessa relação entre as pessoas. O contato entre os diversos grupos culturais, faz da cultura de um povo uma cultura multicolor. Num povoado no interior da Alemanha onde a cultura germânica é muito forte, provavelmente encontraremos indícios de culturas estrangeira, um McDonald’s ou a música pop norte americana por exemplo.
Essa é uma relação que podemos fazer entre a letra da música e o texto do Levi Strauss?!
O.o
Pra mim isso fica claro no capítulo 9 A COLABORAÇÃO DAS CULTURAS.

Julia Guedes disse...

Segundo Levi-Strauss,somente a partir do contato com o diferente que cada cultura pode se recriar e até mesmo sobreviver.E é durante esse contato que toda cultura transforma e é transformada.Portanto,nao tem como a sociedade de uma certa cultura ter somente os costumes de brancos,pretos,amarelos ou azuis,pois se existe esse contato entre as culturas,consequentemente existe uma mistura de todas essas cores,e é sobre isso que eu entendi que a musica quer dizer,ideia que fica bem expressa nos versos "percebam que a alma não tem cor/ela é colorida ela é multicor."
Além disso,com os versos "você conhece tudo/você só não se conhece" é possível tirar uma outra conclusão.Se há esse contato entre diferentes culturas,e agora mais ainda com a globalização,o individuo pode conhecer tudo,entretanto,é muito dificil,principalmente atualmente,conhecermos a nos mesmos,já que estamos frequentemente transformando e sendo transformados.Dessa maneira,estamos propícios a cada hora agir de um jeito,gostar de uma coisa.É como se a resposta para quem sou eu,fosse:eu sou uma mistura da cultura da qual pertenço e das transformações e influencias que vem de fora.
Acho que foram essas as relações que achei entre a música e o texto...=)

Érika Xavier disse...

A alma é, certamente, multicolorida para quem está disposto a se doar, à troca.Definir uma cor para cada homem é fechar os olhos e a mente para a riqueza das diversidades, que renova o mundo, dando vida à cultura. Miscigenação, globalização, fluxo: realidade. Não há como fugir disso. Portanto, não há espaço para estereótipos, padronizações e preconceitos. Que o etnocentrismo, sabiamente criticado por Lévi-Strauss, fique de lado e a multiculturalidade pincele a alma de cores, acrescentando-nos sempre e mais.
(Ficou muito poético? rs)

Lonya disse...

As pessoas podem buscar uma identidade, porém não ultrapassam os limites, como diz a música, da "alma"! Mesmo tendo culturas diferentes a essência do ser é a mesma, apenas com interpretações distintas. Ao entrar em contato com as outras interpretações, mudam-se as formas de pensar ou até mesmo de agir, recriando-se movimentos e idéias. Essas transformações constroem um ser disposto a aceitar diferentes pensamentos e que põem o etnocentrismo de lado, mas sem perder o imaginário que ele chama de identidade!

É... acho q é isso! rs

Lonya disse...
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Lonya disse...
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Lonya disse...
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Lonya disse...

desculpa aiii... postei 4 vzs sem querer!! lerdeza total!!!

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

São múltiplas as possibilidades de relações entre a música do Karnak e o texto que lemos do Lévi-Strauss, o meu diálogo texto/música parte do seguinte princípio:

Tomo aqui a palavra ALMA, citada ma música de Karnak, como tendo a seguinte significação:
...”os significados popularmente atribuídos à palavra portuguesa “alma” provêm primariamente, não das Escrituras Hebraicas ou das Gregas Cristãs, mas da antiga filosofia grega, na realidade, do pensamento religioso pagão. Platão, o filósofo grego, por exemplo, cita Sócrates como dizendo: “A alma . . . se ela partir pura, não arrastando consigo nada do corpo, . . . parte para o que é como ela mesma, para o invisível, divino, imortal e sábio, e quando chega ali, ela é feliz, liberta do erro, e da tolice, e do medo . . . e de todos os outros males humanos, e . . . Vive em verdade por todo o porvir com os deuses.” — Phaedo (Fédon), 80, D, E; 81, A. (Origem: Wikipédia)
Torna-se importante esta definição, pois sabemos que os conceitos e significados atribuídos a palavra ALMA são múltiplos, relativos, fruto de convenções sociais, ou seja, varia de acordo com cada Cultura, e mais que isso, esta palavra é algo que povoa o imaginário individual, fazendo com que se tenham, assim, infinitas possibilidades de interpretação.
Na música, a palavra alma está sendo usada pra mostrar que existe algo além do físico, e Karnak usa para desconstruir essa idéia de diferença entre as raças, quando ele diz: “percebam que alma não tem cor” ele quer dizer que independente de sermos pretos, brancos, amarelos... temos algo que não carrega essas diferenças, essas diferenças só existem no plano físico. A alma não carrega essas características, mostrando assim que, na essência, somos todos iguais.
Após ler o texto de Lévi-Strauss, podemos perceber que mais do que tentar achar semelhanças entre nós usando as teorias provenientes dos diferentes campos do saber (filosófico, biológico, teológico...). O erro não está nas diferenças, mas sim na forma com que a humanidade tem encarado essas diferenças. Se houvesse uma aceitação das diferenças, não precisaríamos apelar pra questões filosóficas que nos mostrem como iguais.
Devemos ter em vista que o que é realmente importante é reconhecer que todos nós somos diferentes. Essas diferenças se fazem presente tanto no indivíduo, quanto no coletivo, e que, segundo o texto, essas diferenças são fundamentais para o Progresso Cultural e para a manutenção das Diversidades Culturais e ainda, para a manutenção das próprias Culturas em si.

Aluno Thiago Nascimento dos Santos

Marildo Nercolini disse...

Gostei muito das análises feitas por Fernando, Júlia, Érica, Lonya e Thiago e das relações que estabeleceram entre a canção "Alma não tem cor" com o texto de Lévi-Strauss. O que sempre me fascinou e continua me fascinando é o poder que a canção, a poesia, a literatura têm de sintetizar as grandes questões que povoam nosso imaginário e também de transformar em grandes questões pequenas coisas que não dávamos importância, possibilitando a reflexão, o questionamento articulados com a beleza estética.

Matheus Marins Alvares disse...

A principal relação entre o texto e a música vai de encontro a idéia de que é essencial que haja uma troca entre as diferentes culturas para que elas obtenham uma evolução(Lévy-Strauss) e que não se diferencia a alma de acordo com determinada etnia porque a alma tem a cor que ela absorve (em contato com diferentes culturas) independentemente da etnia do indivíduo (Karnak) relacionando-se novamente a Lévy-Strauss quando enfatiza que existe no planeta muito maior variedade de culturas que de raças.

É por aí?

Matheus Marins Alvares

Ana Carolina F. Martins disse...

A mistura de cores e a definição de multicolor que a música atribui a alma, pode ser comparada com a diversidade de culturas e a mistura inevitável e fundamental para sua sobrevivência. Além de citar as cores que podem ser remetidas as raças(..."alma não tem cor porque eu sou branco
alma não tem cor porque eu sou preto..") e depois apresentar as outras "opções", me faz lembrar a correção aprendida em sala de aula, que há muitas culturas para cada raça.

Júlia Câmara disse...

No decorrer da vida os seres humanos entram em contato com diferentes culturas e delas absorvem o que mais se parece com a forma de pensamento e com o aprendizado que possuem.Estamos cada vez mais propícios a aceitar melhor as outras culturas e a aprender com elas. Então a alma não possui uma só cor, pois ela está em contato com culturas diferentes, assim pode absorver um pouco de cada cultura e se tornar multicolorida, como diz a música. Atualmente estamos mais sujeitos ao processo de globalização que muitas vezes nos influencia em certos tipos de ações e de pensamentos que não estamos acostumados, consequentemente estamos sempre conhecendo coisas novas e assim é mais fácil conhecer tudo, menos nós mesmos. Ao remeter questão das cores a música também cria um paralelo com as diferentes culturas, tendo em vista que existem mais culturas que raças.